The doubt

821 66 11
                                    

Era tudo o que costumávamos precisar
Calados como se não nos conhecêssemos
Contando aquelas histórias que já contamos
Porque não dizemos o que realmente queremos dizer - Harry Styles (Two Ghosts)






Amberly pov's

Apesar de tudo, eu sentia meu corpo muito, muito mais leve depois de falar com Shawn. Além da minha barriga estar finalmente cheia por comer muito, muito mesmo no almoço, tinha sido até feio, confesso, comi o famoso "pratão de pedreiro", mas apesar de tudo, eu me sentia aliviada. Bem, em partes, a Interpol e a polícia canadense ainda estavam atrás de mim, eu seria investigada por um crime que não cometi, poderia até ser presa, mas eu sabia que tinha alguém para me apoiar.

Sei que deveria contar para minha tia, provavelmente facilitaria muito as coisas, principalmente em não ter que incluir Shawn nessa jogada. Uma jogada baixa, como ele mesmo diria, mas minha tia já tinha passado por tantas coisas na vida e ver sua única sobrinha presa, depois de tudo que passamos até hoje, não parecia justo com ela. Acho que não parecia justo com ninguém, para falar a verdade. Mas eu sabia que não conseguiria sozinha e pedir ajuda a Shawn era um primeiro passo, com toda a certeza do mundo não a melhor opção, isso eu posso afirmar .

Depois do almoço, Shawn conversou com o pessoal do time e eu pude esperá-lo lá dentro e não lá fora, no meu carro. Bem, eu já estava até acostumada, apesar das frequentes dores nas costas e no pescoço, mas ficar sentada naquela arquibancada por mais quatro horas foi muito mais prazeroso, principalmente porque pude ter alguns momentos nostálgicos ao ver Shawn treinando.

O treino acabou pouco depois das seis horas, Shawn pediu para que eu o esperasse e seguiu com os demais jogadores para dentro do vestiário. Estávamos quase em abril, então anoitecia por volta das oito horas, mas quando o sol começava a baixar, o vento ficava mais forte e as pessoas começavam a se esconder dentro de suas casas novamente.

— Amberly - me desviei, quando Shawn me chamou depois de uns 20 minutos e voltei para dentro do CT com ele.

Ele estava cheiroso, arrumado e com o cabelo penteado(coisa rara), mas sempre tinha aquele cacho rebelde que caia. Usava um moletom, a bendita calça preta e carregava sua mochila nas costas. Ele cumprimentou alguns de seus colegas de time ao sair e notei que ele continuava a mesma pessoa animada, grata e humilde de sempre.

— Então, você disse que ainda tem seu carro? - ele perguntou quando passamos pelo estacionamento dos jogadores.

— Sim, está lá fora - falei, tirando a chave do bolso.

— Como está de gasolina? - olhei pra ele fazendo uma careta.

— Então, está no vermelho, mas talvez dê para chegar até sua casa - falei.

— Eu moro em Yorkville, é uma viagem de 32 quilômetros - soltei uma risada fraca.

— Por que não me surpreendo por viver no bairro dos famosos em Toronto? - ele riu fracamente, coçando a cabeça.

— Me mudei pra cá agora, depois que voltei de New York, nem sempre foi assim - disse tentando se explicar.

— Estou brincando, Shawn - falei e ele sorriu. – Você é rico, famoso, pode morar onde bem entender - rimos juntos .

— Eu vou sair com o carro e te encontro lá fora, ok?

— Ok - falei, me afastando de costas e segui para fora do CT, encontrando meu carro solitário do lado de fora.

Entrei no carro, ligando-o e vendo o hodômetro ficar vermelho, finalmente tinha chegado à reserva. Só esperava que ele chegasse em Yorkville bem, provavelmente Shawn pela estrada, era mais rápido e com muito menos trânsito. Ouvi uma buzina e virei o rosto para trás, encontrando Shawn.

The stylist Onde histórias criam vida. Descubra agora