III-Melinda

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Não! Ainda não chegamos ao protagonista! Se está tão ansioso pode pular para o próximo capítulo que finalmente retratará nosso jovem herói. Mas fique avisado que aqui esclareceremos muitas das suas dúvidas e contaremos a história da melhor e mais brava guerreira do reino de Castela!

Seus ondulosos cabelos castanhos, olhos escuros e nariz reto indicavam á todos que era de origem pobre, mas por ter iniciado o trabalho desde cedo, aos seus 20 anos ela era a camareira real e serviçal chefe de mais confiança do rei.

Moli era o apelido da criada que servia Arthur IV o pequeno príncipe de Castela.

Apesar e de ser estressante gastar o dia correndo e servindo de cobaia para pegadinhas, ela sentia orgulho de cuidar do que acreditava ser o próximo rei de suas terras.

Ela sabia que Arthur só as fazia por estar se sentindo sozinho e pressionado. Com o passar dos anos, Moli já havia visto todos os lados do garoto e o conhecia como um livro aberto.

Por fora ele tentava parecer um menino forte e nobre, mas sempre acabava por fazer o que seu coração mandava.

Muitas vezes depois de ser repreendido ele fugia para algum canto, e quando ninguém estava olhando, ele caia em prantos.

Quando era ora de estudar ele fingia entender as lições e escrever os trabalhos, mas todos os professores sabiam que nem o alfabeto ele havia decorado direito.

 Moli  confrontava Arthur, e sempre ficava ao seu lado para quando ele precisa-se de sua ajuda. Nas manhãs enquanto ele passava por um rígido treino, ela gritava incentivos e lhe trazia guloseimas. Ela também começou a ajudá-lo nos seus estudos e de tarde quando estava livre ela sacrificava um pouco do próprio tempo para brincar com ele.

No final Moli não era a única a quem ele ouvia e obedecia, mas a única para quem ele sorria.

Dias corriam bem, até que em um dia quente de verão Arthur que ainda estava sonolento de manhã foi severamente reprimido pelo guarda real por estar distraído durante o treino. Em seguida os professores tomaram a decisão de duplicar horas suas de estudo para aumentar a produtividade de seus estudos.

Ele aguentou, ficou firme e tentou recompensar seus erros ajudando os cozinheiros a fazer o jantar. Por pura distrição acabou trocando sal por açúcar enquanto preparava a sopa que seria servida no jantar. Os cozinheiros, pensando que isso era mais uma de suas brincadeiras, tiveram um ataque de fúria e foram reclamar ao rei.

Moli não esperava que isso se torna-se algo tão grande, mas entorno da hora que período de estudos de Arthur teria acabado, Moli achou-o na cozinha, mas desta vez eram os serviçais quem lhe pregavam uma peça. Antes que ela pudesse fazer algo para mudar a situação que obviamente ia por um rumo desastroso, o pequeno príncipe passou correndo em prantos por ela sem olhar para trás.

— Como pode um adulto ter tal comportamento com uma criança! Ainda mais quando essa criança é quem ira governar a odos nós no futuro! — Esbravejou Moli para os criados que ainda riam da reação do pequeno Arthur.

— Não acredita mesmo que o rei fara dele rei, acreditas? Não passa de um pirralho de algum lugar sem linhagem nenhuma, provavelmente teremos uma eleição popular, não acha? — inquiriu um dos cozinheiros.

— se é com seu bolso que se preocupa pode esquecer, não precisa agir toda ajustadita com o pirralho Moli — completou  o outro.

— E isso la é motivo? Ele é somente uma criança e uma das bravas posso dizer, se continuar de baixo de minhas asas podem prometer que sera o melhor rei que essas terras já viram! — Os cozinheiros se encolhiam de vergonha as palavras de Moli.

— E linhagem? Tenho eu com todas minhas conquistas, linhagem? Oque importa é o que se faz não o que seus antepassados fizeram! Ha... seriamente. — Moli respirou fundo e continuou o discurso em um tom mais calmo.

— o que estavam pensando, me desculpem a exaltação, mas você sabe qual sentimental vossa alteza é, isso o afetara por dias. Melhor ira atrás deles continuem com seu trabalho — Ao terminar Moli nem sequer olhou de volta para os serviçais simplesmente se dirigiu para a direção pela qual o príncipe tinha saído.

Logo um dos guaras apareceu na vista de Moli apavorado em quanto gritava.

— O Prince... Ele... fugiu... tentei... ele é rápido demais.

Puco tempo depois a notícia gritada se espalhou para todos os soldados, fazendo todo o castelo entrar em pânico.

Os primeiros a serem culpados foram os professores por colocar pressão demais no garoto, estes, passaram a culpa para os guardas que o haviam repreendido, os guardas em sua defesa, disseram que foram os cozinheiros que decidiram ir reclamar ao rei por algo tão pequeno.

Moli explodiu de raiva ao se ver em tal situação, eram mesmo adultos aqueles que jogavam a culpa uns para os outros? Pela primeira vez Moli usou sua posição de empregada chefe e camareira real para organizar todos os soldados atrapalhados em um grupo de busca.

Moli participou dos primeiros grupos, mas depois de fazer isso por cinco horas, ela voltou ao castelo, forçada pelos guardas preocupados com sua condição física e mental.

Depois que o sol se pôs, o castelo entrou novamente um pânico com a possibilidade de que o herdeiro do trono tivesse morrido.

Moli em desespero partiu junto do último grupo de busca do dia, a floresta estava escura e os guardas cansados para piorar a situação começou a chover, os soldados começaram a cogitar ir embora quando Moli escutou baixinho um som familiar, um choro de tristeza que lamentava a solidão, algo que ela escutava todos os dias, ela correu em direção ao barulho.

Ainda que confusos os guardas a seguiram e quando chegaram a uma clareira com uma grande árvore morta no meio, avistaram o pálido garoto loiro segurando um cogumelo meio comido visivelmente venenoso.

Os guardas entraram em pânico, já pesando em como dar a notícia ao rei.

Mas Moli simplesmente pegou o pequeno garoto em seus braços e começou a correr o caminho de volta ao castelo, os guardas a tentavam impedir, mas mesmo que fosse somente uma empregada, ela era extremamente forte.

Ao chegar no castelo ela imediatamente chamou o curandeiro real, e após deixar o garoto nos braços deste, desmaiou de cansaço e estresse.

Moli acordou no meio da noite em seu quarto, cuidada pelas enfermeiras. Com a notícia que o garoto estava surpreendentemente bem ela imediatamente se dirígio ao quarto de Arthur para checá-lo. De acordo com o médico não estava envenenado e havia desmaiado de febre. Na mesma noite enquanto ela vigiava o garoto adormecido, ouviu a noticia que  um novo comerciante real estava de chegada ao castelo com seu filho, mais velho que o príncipe, comportado e gentil.

Moli sentiu que um peso havia sido tirado de seus ombros, ter mais uma criança no castelo seria bom para Arthur. Ela relaxou adormecendo ao lado do pequeno príncipe.

No dia seguinte Moli fez questão de que Arthur se desculpasse com cada criado envolvido pelo susto e pelas traquinagem e que estes também pedissem desculpas pelo mal-entendido.

Apesar dos contra tempos os dias seguintes foram assim como ela havia imaginado o pequeno príncipe se afeiçoou tanto ao garoto novo que passava todas suas horas livres ao seu lado, por conveniência, Moli foi designada a cuidar do rapaz também. 

Mesmo que agora tivesse trabalho dobrado, aqueles foram dias mais felizes de sua vida.

Ao menos até a chegada daquele dia...

Herdeiros de TheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora