XIII-Arthur IIIV King of Castela

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Os avermelhados primeiros raios de sol do dia finalmente alcançaram o parapeito da janela iluminando os almofadados vermelhos que cobriam quase toda superfície do quarto.

A brisa fresca da manhã vinda da janela refresca minha mente cansada e me aproximando um pouco mais posso ver a vista fria e negra das sólidas muralhas. Lentamente, a paisagem além dos muros é iluminada e revelando a quente e movimentada paisagem da capital de castela, Camelot.

Fumaça sobe das chaminés e o cheiro de pão recém assado chega até mim, renovando minhas energias.

Bem a tempo ouço as familiares batidas na madeira vindas da porta aberta.

Em frente a minha porta espera uma mulher esbelta de cabelos castanhos encaracolados é um olhar penetrante, vestida nas cores da bandeira é segurando uma bandeja de pães recém assados é frutas, ela era alguém no qual eu confiaria a minha alma se pudesse.

— Bom dia Melinda, está é uma maravilhosa manhã a qual ilumina minhas terras, não concorda?

— Realmente uma manhã espetacular vossa majestade. — Ela gentilmente responde enquanto deixa a bandeja sobre minha escrivaninha e contínua. — Mas eu espero que não tenha passado a noite em claro, vossa majestade tem muitos compromissos hoje. Trouxe seu café da manhã para agilizar as coisas, já acordei os meninos e o conselho está quase reunido.

Meu corpo se torna repentinamente mais pesado e minhas costas doem de ficar muito tempo sentado á observar a janela, hoje seria um longo é importante dia. Melinda estava certa, passar a noite em claro remoendo meus pensamentos, não ajudou a torná-los mais leves ou a achar uma solução melhor.

— Bem, não precisava, já estava a me arrepender desde o momento que sol nasceu. Deveras, estava prestes a descer. Agradeço muito que tenha preparado tudo, que suas ações sejam recompensadas algum dia.

— Uma honra. — Com tais educadas palavras ela deixa o exausto eu novamente sozinho no quarto.

Inspiro o ar fresco da madrugada e alongo minhas costas para aliviar o estresse acumulado no meu corpo antes de me sentar há mesa que continha a bandeja.

O pão ainda estava quente e as frutas molhadas pelo orvalho da manhã.

Depois da boa refeição, finalmente me sentia verdadeiramente acordado e meus pensamentos estavam mais claros. Para falar com verdadeiras palavras, claros eles tiveram desde a última tarde que passei com meu filho, eles estiveram somente... Nublados pela dúvida e desconfiança que vem com a velhice, julgo eu.
Meu filho é um garoto extremamente jovem e puro, a iguinorancia por vezes nos torna mais sábios. Era um bela tarde mas meus pensamentos estavam confusos e cansados quando me juntei a ele para o jantar. Normalmente sue semblante cheio de vida me traz paz, mas desta vez ele chegou com os olhos vermelhos e uma careta. Tentei lhe perguntar o que tanto incomodava alguém tão alegre como ele mas ao invés de uma resposta concreta ele me recitou uma velha canção com sua doce voz embriagada na melancólia.

"Na ilha onde os nobres não olham para baixo, um novo herói de cabelos amarelos como raios de sol nascera para trazer uma revolução a essa era. Para a era seguinte surgira na mesma ilha um gênio de olhos vermelhos sem origem com o potencial de mudar o mundo, este deve escolher o verdadeiro proprietário das terras. Gênios não tem donos, ele deve sair em uma expedição para encontrar seu verdadeiro propósito e não pode tomar nenhum partido, se o fizer, haverá caos." A última parte da profecia era somente conhecida pelos mais seletos estudiosos, sendo que poderia significar a chegada de um desastre descomunal pelas mãos de um suposto salvador.

Agora, a escolha que determinara a salvação ou a destruição pesava sobre meus ombros.
O som daquelas palavras havia me clareado a resposta para tão grande eniguima, tão jovem e já devo muito a meu garoto.

Vestido e reanimado, passo dos corredores do dormitório para subir as escadas que levam à grande torre. Minha chegada já é esperada por muitos que me cumprimentam ao longo do caminho. Ao final das escadas vejo o quarto dos tesouros de Camelot. Não eram grandes quantias de ouro ou joias, mas sim armaduras de bons reis e generais, espadas forjadas por mestres artesões e o mais importante, a primeira versão do livro do código dos cavaleiros de Castela, um código que formou todos os ideais de nossa nação. Ao lado há a grande porta da biblioteca real, decorada de histórias desde a entrada, infelizmente eu me dirigia no momento para a rústica porta de pedra ao lado, a sala do conselho.

O ruído da pesada porta de pedra silencia o salão murmurante. A atmosfera muda, adquire uma consistência pesada e fria como as pedras que formavam o salão. Mais que isso, as pessoas presentes dos quais os nomes eu conheço há muito tempo, me lançam olhares estranhos. Estranhos, pois não o fariam em nenhuma outra circunstância a não ser dentro daquela sala, estranhos, pois são diversos, mas com algo em comum, são olhares carregados de emoção que apesar do silêncio preenchem o quarto de vida. Dúvida, receio, esperança, mas o que mais podia ser visto era respeito, apreciação e admiração. 

Conforme eu andava pelo meio da sala, a batida de meus pés contra o chão, ecoavam por toda a sala, como se cada passo fosse de extrema importância. Naquela sala eu não era Arthur o sábio, o mais forte dos claveiros ou simplesmente um pai, mas somente Arthur IV o rei de Castela. Esta era um batalha política, não emocional ou física. E ao me sentar na cadeira mais alta, eu estava em um nível politico maior do que qualquer outra pessoa na sala, isso não me dava poder sobre todos os outros, somente a responsabilidade sobre o viria a seguir. Eu carregava o fardo da palavra final que decidiria o futuro não só das pessoas naquela pequena sala como também o futuro de todos os que caminhavam sobre minhas terras.

A vista daqueles olhares em minha direção me lembrou da minha verdadeira responsabilidade e do risco que aquela situação trazia. No fundo, eu sempre soube a resposta para este dilema.

— Caros senhores, senhoras, lordes e cavaleiros. Temos discutido o tema por dias e eu acredito já ter ouvido o argumento de todos presentes nessa sala e recordo-me de passar as últimas noites pensando somente nisto. A mesa esta dividida, entre o conselho não há nenhum argumento definitivamente formado sobre como proceder. De acordo com nossas tradições e códigos, cabe a mim, decidir o próximo passo. Como Rei de castela escolherei o caminho que mais me parece correto, seguro e confiável a todo meu povo. — O silêncio continua sendo somente quebrado pela minha única voz. Os olhares mudam, de dúvida para aprovação de receio para aceitação. O escriba molha a pena na tinta, minhas próximas palavras irão ficar gravadas na história das futuras gerações como a salvação ou o começo da destruição.

— Escolho rejeitar a proposta de Zadkiel Alamex de Kreg e usarei a autoridade concebida a mim para desconectá-lo de qualquer laço anterior com Kreg e recusarei qualquer futuro laço com Castela. Para afirmar minha decisão, ao final do dia abrirei ao público a última parte da profecia que me levou a tomar tal decisão, tenho certeza que o povo entendera meu julgamento se presentarmos a causa. Darei a ele a livre escolha para ser o que quiser, exceto se envolver com questões políticas, militares ou econômicas de Kreg ou Castela até que seja provado a extrema necessidade de tal em que a vida e segurança do próprio ou de qualquer outro, seja comprometida por seus atos. Assim termino meu discurso e declaro esta reunião encerrada para podermos partir para os próximos assuntos.

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