Amigos.

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Aquele dia tinha tudo pra ser um dos mais felizes da semana, do mês. André preparou um café maravilhoso, estávamos eu, ele e Jade na mesa, ele estava muito feliz. Eu estava tentando disfarçar meu nervosismo e minha apreensão, mas não estava conseguindo muito.
André: - Graça, tá tudo bem? Você tá apreensiva, ainda deve estar assustada sobre ontem, né?
Graça: - ah, é claro, eu ainda to um pouco... em choque com tudo o que está acontecendo, sabe.
- André: Eu entendo. Olha, você não precisa ir hoje pra delegacia, eu vou levar a Jade na escola e você pode ficar aqui, à vontade, sem problemas.
Graça: - André, eu agradeço muito, mas eu vou pedir um Uber e vou pra delegacia hoje mesmo.
André: - Olha, você não precisa trabalhar hoje, mas eu vou levar a Jade e de lá vou pra delegacia também, vamos comigo então.
Relutei um pouco, pois sabia que a gente chegando juntos na delegacia daria o que falar, mas eu poderia aproveitar o momento pra conversar sobre o que Edevaldo me falou. E assim o fiz. Deixamos Jade na escola, então André começou a falar quando entramos no carro, claramente nervoso, mas sorridente e sincero em suas palavras: 
- Graça, eu sei que a gente não se conhece há muito tempo e, bem... não conversamos ainda sobre ontem, mas eu queria dizer que eu gosto mesmo de você. Eu não quero te pressionar a nada, mas você aceitaria ir em um encontro comigo?
Meu coração ficou tão feliz e apertado ao mesmo tempo. Tudo que eu queria era dizer sim, beijá-lo, abraçá-lo, mas a realidade é dura.
Graça: - André... antes de te responder, tem uma coisa que eu preciso falar com você. Uma coisa muito ruim... eu nem sei como falar.
Nesse momento meu coração ficou tão apertado que eu não contive o choro. Acho que todas as minhas emoções daquela semana se embolaram.
André perguntou o que estava acontecendo, segurou minha mão e enxugou meu rosto. Esse homem não pode perder o emprego por minha causa...
André: - Graça, quando você estiver pronta, eu estou aqui para te ouvir...
Graça: - Obrigada, André. Bom, o Edevaldo me ligou mais cedo. Ele me disse que sua atitude de ter entregado o suspeito em troca de me libertarem foi muito mal vista após, bem, após o nosso... beijo. Ele me disse que estão dizendo que sua atitude foi pessoal e errada... e a pior parte é que... querem te afastar por isso. Me perdoe, André, eu não queria te causar isso, eu não posso deixar isso acontecer...
André perdeu todo o brilho do olhar que ele tinha naquela manhã. Ele olhou pra frente, ainda perplexo, e depois de um tempo conseguiu esboçar uma frase:
- Me... me afastar? Por liberar uma refém que também é colega deles? Mas isso é um completo absurdo! Eu sei que eu não deveria ter te beijado daquele jeito na frente do pessoal, mas eu tive tanto medo de te perder, que... enfim...
- Disse André, balançando a cabeça negativamente.
Então eu continuei:
- Bom, por conta disso, eu não sei se seria uma boa ideia a gente sair, André. De verdade, eu queria muito que funcionasse entre a gente. Mas eu não posso te ver perdendo o emprego que você tanto ama por minha causa. Eu não quero isso pra você e nem pra Jade...
André: - Graça, a gente vai dar um jeito nisso... eu confesso que eu to um pouco sem chão, mas... obrigado por me falar sobre isso...
Graça: - Não tem de quê... eu causei tudo isso e você salvou a minha vida. Eu sempre serei grata a você por isso...
André: - Graça... quando a poeira baixar, você ainda vai a um encontro comigo?
Graça: - André... claro que vou. Mas, por enquanto acho que é melhor sermos só amigos...
André: - Eu entendo... amigos então.
- Disse André enquanto segurava minha mão e beijava-a. Em seguida, ele ligou o carro e partimos para a delegacia.

Entre a paixão e a razão - André e GraçaOnde histórias criam vida. Descubra agora