Sobre finais e começos.

119 5 3
                                    

Por: Marcos

Entrei no carro, coloquei o cinto e em seguida as mãos sobre o volante. Parei por um instante.
- Tá tudo bem, senhor Marcos?
- Alana... Eu já te falei que você pode me chamar de Marcos apenas, vamos deixar as formalidades de lado, tudo bem?
- tudo bem, Se-quer dizer, Marcos. - Disse Alana enquanto olhava pra baixo, tímida.
- Alana... -suspirei enquanto virava pro lado e fitava seus olhos - Você aceita sair comigo? Ir a um café, ou a algum lugar legal?
- Marcos... Isso é um convite pra sair?- Alana perguntou com um sorriso tímido e malicioso ao mesmo tempo. - Bem, é que... - Não precisa se explicar... Eu... Eu quero sair com você sim. - e me olhou com aqueles olhos negros lindos e profundos. Não consegui disfarçar minha felicidade e gritei um enorme "ufa!". Rimos.
Decidimos que iríamos comer algo, procurei algum lugar perto da praia e fomos. Assim como todas as vezes que eu conversava com o Alana, a conversa fluía e o tempo corria e eu me sentia muito bem como em muito tempo eu não me sentia.
- Alana... Posso te contar uma história?
- Claro, sou toda ouvidos!
- existia um certo cara que tinha o sonho de ter uma família, casar, viajar... Esse homem conheceu uma mulher e imediatamente se apaixonou. As coisas foram acontecendo e com um ano de namoro ele a pediu em casamento, ela aceitou.  As coisas foram ficando mais sérias e eles começaram a agilizar tudo do casamento, até que, quando faltava uma semana pra festa, este rapaz acordou e encontrou a aliança de noivado em cima da cama com um bilhete escrito "me desculpe". Foi dilacerador aquele dia... Foram necessários três anos até ele conseguir superar isso tudo...
- Marcos... Essa história... É você, não é?
- sim, mas eu ainda não terminei...
Após três anos de apatia e de não conseguir gostar de mais ninguém, esse rapaz foi cotado para um trabalho de escolta. Neste trabalho ele conheceu uma pessoa, e, desde então, não consegue esquecer seu sorriso. - Alana olhou pra baixo sorrindo timidamente. Segurei a sua mão sobre a mesa.
- Alana... Proteger você deixou de ser apenas meu trabalho, mas se tornou um desejo meu. Eu... Eu... Gosto de você.
- Marcos... Eu acho que... Que eu também gosto de você. - e sorriu.
Continuamos nossa conversa e ao final da refeição decidimos ir até a orla da Praia andar.
Há quanto tempo eu não me sentia tão feliz...
Decidimos sentar na areia e olhar o mar. Ficamos um minuto em silêncio.
- Havia uma certa menina... - Alana começou - que muito nova teve que descobrir o que era a vida... - seus olhos começaram a marejar - muito nova descobriu o que era ser tocada por um homem... - segurei na sua mão, ela estava visivelmente abalada. - esta menina não teve nem como denunciar o que houve, pois a pessoa que cometeu morreu de acidente em seguida, era um primo distante que veio visitar a família. Todos estavam ocupados em chorar sua morte na viagem de volta, não parecia certo contar o que ele havia feito... E desde então, ela não confiou em homem nenhum... Até hoje. - Alana sorriu e olhou pra mim, mesmo com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Eu senti naquele momento que protegê-la não era mais meu trabalho, ou um desejo, mas minha missão de vida. Dei um beijo em sua testa e a abracei, ficamos assim por alguns momentos. Em seguida, levei-a pra casa.

Entre a paixão e a razão - André e GraçaOnde histórias criam vida. Descubra agora