Marinette suspirou fechando e abrindo os olhos lentamente. Havia chegado o momento de abrir seu coração e expor o que estava guardado nele a tanto tempo.
Segurou uma das mãos de Adrien que estava envolvida sobre a linha do seu ombro esquerdo, e suspirou, tomando fôlego para começar a dizer, através de sussurros audíveis somente a ele, tudo o que precisava lhe contar.
- É um pouco difícil pra mim, falar sobre essas coisas e tudo o que aconteceu comigo no passado...
Adrien a ouvia atentamente com o corpo rodeado ao dela. Não a deixaria vacilar e nem cair, estava segura e protegida em seus braços.
- Eu tive alguns poucos relacionamentos ao longo da minha vida. Alguns destes mais duradouros que os outros, mas nada muito importante ou relevante... entende?
- Uhum.
- É que as pessoas simplesmente saiam e entravam como se eu fosse uma rua, onde todos pudessem transitar sem o menor efeito ou a menor culpa... mas era só pra eles. Porque pra mim, eu ficava marcada. Todos eles me marcaram... de um maneira ruim, mas infelizmente teve um deles que foi... foi o pior.
Adrien começava a entender o comportamento de Marinette sem que ela concluísse seu desabafo. Ela havia sofrido uma série de desilusões amorosas no qual a ultima, deve ter sido o "xeque-mate" para o seu coração se fechar. E conforme ela ia explicando, dizendo o que ocorrera consigo e com o seu ex, ele a compreendia mais ainda.
Pois não era fácil, longe disso. Superar um amor não correspondido, um amor magoado, um amor USADO por outra pessoa na qual você dedicou tempo e sonhos da sua vida, não era simples e nem de um dia para o outro. Talvez levaria uma vida inteira, isso se fosse viável de acontecer.
- Eu fui me fechando Adrien, trancando os meus sentimentos dentro de mim mesma e acreditei mesmo, que eu era substituível. Porque ele não me traiu com uma pessoa, ele me traiu com várias, a ponto de ser uma conhecida minha. E todo mundo sabia, as pessoas ao meu redor comentavam sobre o quanto eu era uma pobre coitada por estar sendo enganada...
- Você nunca foi uma pobre coitada por acreditar em uma pessoa que você amava Marinette.
Ela se silenciou abraçando-se ainda mais à ele.
- Sabe o que eu acho? Que o problema das pessoas hoje em dia é querer transferir a culpa para quem é a vitima. Como no seu caso, você não estava errada em confiar nesse cara, Ele que foi o errado, o babaca por ter te traído.
Ela sorriu. – Eu entendo o quer dizer, mas eu também tive culpa Adrien. Eu tenho que admitir que eu tenho um problema sim com as pessoas das quais eu me relaciono. É que eu me apego muito fácil, eu sou uma pessoa que se apaixona por qualquer gesto bonito que você tiver comigo...! Eu era mais antes, porque hoje em dia eu tenho muito medo, mas no passado, as coisas eram assim e por causa disso-
- E isso é ruim?
- O que?
- Se apaixonar, amar alguém é ruim?
- Não deveria ser...
- Então porque esta se repreendendo? – Ele riu. – Não é errado amar. O problema é quando a pessoa que a gente ama não sabe lidar com isso. Ou receber esse sentimento... mas aí, eu penso que a sinceridade é a melhor coisa nesse ponto. Porque se você não pode retribuir, não iluda, não minta. Não faça a pessoa acreditar que pode ser feliz ao seu lado, quando você não esta disposto a fazer isso por ela... eu sempre pensei assim Mari.
Ela se virou para encará-lo. – Você já passou por algo do tipo?
- Mais ou menos. Na verdade eu vou ser bem franco com você. Eu tenho muitos problemas pra me entrosar com as pessoas... Eu não tenho muitos amigos, nunca tive. E com relação a relacionamentos, pior ainda! – Ele riu fazendo com que Marinette risse também, o achando adorável quando coçou a cabeça como sempre fazia quando se sentia encabulado.
- É que eu não sou muito seguro e não sei lidar bem com o que eu sinto. Posso até dizer que tenho um pouco de medo, ou é pura insegurança mesmo, na realidade eu não sei. – A fitou em seus olhos, segurando uma lateral do seu rosto. – Tudo o que eu sei agora é que, desde quando te conheci, esses medos e essas inseguranças voltaram com tudo no meu coração, porque eu nunca tinha me sentido assim por ninguém...
Marinette sussurrou quase perdendo a fala por estar tão envolvida com aqueles olhos que admiravam os seus. – Assim como...?
Ele sorriu, fazendo um carinho em seu rosto, onde respondeu simplesmente. – Apaixonado.
Marinette quase sentiu seu coração sair do peito. Ela franziu a testa, segurando a mesma mão que acarinhava sua face. - Eu não fazia ideia sabia? Que você poderia se quer gostar de mim... eu sempre pensei que você só me tratava bem porque eu era amiga do Nino e porque a gente acabou se entrosando lá na cafeteria já que eu ia todos os dias...
- Também Mari, também. Mas não foi só por causa disso. Eu me apaixonei por vocês desde que nossos olhos se encontraram. Desde que eu fiquei sabendo da sua existência, do seu nome... e a cada dia que se passava, eu ia me apaixonando mais ainda. Querendo te ver sempre entrando por aquela porta, pra que eu pudesse preparar seu café e ainda que fosse um pouco, eu pudesse trocar algumas palavras contigo.
- Adrien, que lindo...
- Mas você parecia tão distante. Eu te via sentada ali, perto de mim fisicamente, mas parecia que eu não podia me aproximar de você, do seu coração... que existia uma barreira que me impedia, sem contar a mim mesmo porque você sabe o quanto eu sou desastrado. Você chegou a perceber, não é?
Ela riu. – Ahh... é que eu sempre achei esse seu jeito fofo...
- Mas não é porque eu queria ser não. É porque tava difícil me controlar perto de você aí 'cê sabe...
Os dois trocaram uma breve risada até que Marinette se levantasse o trazendo consigo.
- Agora eu entendo o porque de você parecia tão distante assim... havia e ainda existe muitas coisas no eu coração que te fazem sentir medo de se aproximar das pessoas... de amar, não é isso?
- Sim. É exatamente isso. Eu até... busquei outras alternativas de fugir dessa realidade, comecei – Pausando sua fala, ela pensou um pouco. Talvez não fosse bom contar à Adrien sobre seu habito de jogar com Luka. Ela poderia não entender e até achar esquisito. Não, não era o momento.
E vendo que ela refletia consigo mesma, Adrien a puxou pela cintura, aproximando ainda mais os dois. – Tudo bem. Deixa isso pra lá. Mas eu só quero te perguntar uma coisa, como você se sente com relação a gente?
Marinette mordeu os lábios o segurando pela cintura também. – Não sei exatamente como me sinto Adrien, pra ser sincera. Porém, eu posso te afirmar que estar ao seu lado faz muito bem ao meu coração e todas as vezes que ficamos juntos e sozinhos, eu me sento feliz... com vontade de ficar assim com você, te conhecendo melhor, te trazendo pra perto de mim, pra minha vida.
Ele sorriu dando-lhe um beijo suave onde os dois permaneceram somente encostando a ponta dos lábios um no outro.
- Eu ainda estou muito insegura...
- Eu sei.
- Só que eu quero vencer esses medos Adrien, e eu sinto, que tenho que vencê-los... com você...
- Você ta mais do que certa em pensar assim. – ele arfou, acariciando os lábios aos dela. – Eu quero ficar com você... eu quero ser seu namorado e te ajudar no que você precisar.
Foi o bastante para que Marinette acabasse com qualquer distancia dentre os dois e tomasse os lábios de Adrien para mais um beijo.
Como ela já bem sabia, havia sim muitas coisas pendentes em seu coração, mas ela poderia sentir que desde aquele beijo que trocavam... os pedaços quebrados... a bagunça... a tristeza.. iam se esvaindo... Minimamente, aos poucos. Mas era para ser assim mesmo.
Pois nenhuma história é reescrita de um dia para o outro, Leva-se tempo, dedicação, construção. E acima de tudo, amor, por ambos as partes.
Amor esse que ela podia sentir em cada toque dele sobre sua boca, sobre sua pele.
Adrien havia se tornado seu ponto e sua virgula para o próximo parágrafo que estava prestes a escrever.
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Love Days ~ Adrinette
RomanceMarinette é uma assistente administrativa já com seus quase 25 anos. De personalidade fácil e maleável, sempre fora muito reservada e tímida, principalmente quando o assunto era "relacionamentos amorosos", apesar de se manter sonhando com o príncipe...