All star azul

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Naquele finalzinho de manhã uma brisa gostosa percorria a cidade e como um bobo, Adrien aguardava ansioso na frente do shopping.

Afinal, ainda faltavam alguns minutos para o meio dia, porém ele resolveu que seria melhor chegar mais cedo, porque poderia acontecer alguma coisa do tipo: seu carro quebrar no meio do caminhou ou até mesmo cair uma chuva que inundasse tudo ao redor, ainda que fosse improvável já que um sol lindo e forte brilhava no céu.

Não importava, na realidade. O fato era que estava nervoso, parecia mesmo um idiota e volta e meia se olhava no vidro fumê da porta de entrada apenas para verificar se seu visual encontrava-se no mínimo, "aceitável".

Que droga! Tinha que ser tão confuso assim?

E o pior é que além de se sentir um verdadeiro adolescente, estava vestido como um, usando uma camisa simples na cor cinza claro, calça jeans e all star preto de cano alto.

Depois de dar uma checada no relógio, ele coçou a cabeça olhando para os lados.

Gostaria de encontrar uma forma que o fizesse mais seguro de si, mas só de pensar em Marinette seu coração disparava no peito. Batendo forte e cheio de vontade em encontra-la de novo, não via a hora de isso acontecer.

Por Deus, aguardava cada minuto como se já soubesse que aquela tarde seria muito boa para os dois. Porque iriam ter um momento a sós onde poderiam conversar a vontade, comer uma deliciosa refeição e depois ver um filme.

E mesmo que não rolasse nada, Adrien se sentia feliz por saber que a partir dali, poderia ser considera até mesmo como um amigo para Marinette, o que já era um passo muito grande.

Só que talvez, não seria tão fácil assim, se contentar em ser apenas um amigo.

Pois quando ele a viu caminhar em sua direção, teve certeza que seria impossível e estranho demais não se apaixonar por ela.

Linda toda vida, ela caminhava com um sorriso no rosto pouco maquiado. Usava uma camiseta de meia manga larga com a estampa de um gatinho preto na frente, saia jeans um pouco a cima do joelho, cabelos soltos e nos pés, um all star azul - tão azul - quanto dos seus olhos.

Aproximou-se dele um pouco encabulada segurando a alcinha da bolsa tira colo com as duas mãos. – Oi, tudo bem?

Adrien sorriu sem piscar os olhos. Será que ela percebia o quanto roubava a sua atenção? – Tudo sim, melhor agora, e com você...? Digo...

Marinette riu pondo uma das mãos na boca e balançou a cabeça. – Eu to bem sim.

- Que bom... err... então, vamos entrar?? – ele perguntou apontando para a porta.

- Sim, vamos.

Um pouco sem jeito, deu passagem para que ela passasse na sua frente, logo em seguida coçou pela milésima vez a cabeça e caminhou até chegar ao seu lado.

Toda aquela situação seria engraçada demais, se não fosse trágica. Perto de Marinette virava uma criança, um menino, porque ela era uma mulher tão bonita, tão encantadora, que inibia sua maturidade. O tornava um tolo, um boboca.

Ainda mais quando a via tão perto de si fazendo coisas simples como falar, olhar, se sentar e comer. O tom da sua voz, do seu vocabulário, era o som que gostava de ouvir e a companhia dela era o que desejava ter, todos os dias.

Nunca esteve tão apaixonado dessa maneira. Era inédito, único. E aos poucos adquiria mais a certeza que era ela, a mulher que estava esperando encontrar. Ao mesmo tempo em que se sentia inseguro, sentia-se realizado, satisfeito por estar ao seu lado, ainda como um acompanhante, somente com um amigo.

Poderia se considerar um?

Marinette parecia responder que sim. Pelo seu jeito, pelas coisas que lhe dizia e a maneira que o tratava. Talvez aquilo tudo não passasse de uma ilusão da sua cabeça o forçando acreditar que ela lhe daria essa brecha... Talvez. Mas ainda sim, era bom acreditar. Seu coração se aquecia por ela, totalmente.

Do mesmo jeito, ainda que fosse mais sublime e com sentimentos diferentes, Marinette se sentia bem ao lado dele.

Adrien era agradável, doce, gentil e um tanto engraçado com aquele jeitinho meio confuso e até mesmo "inocente" de se atrapalhar um pouco com as palavras. O que mais chamava atenção era que de vez em quando, suas bochechas clarinhas ganhavam um tom corado, como se ele estivesse encabulado ou aflito com alguma coisa. Mas o que haveria de ser?

Ela não fazia ideia. E permanecia alheia aos sentimentos do pobre rapaz, apenas recebendo dele as coisas boas que poderia lhe dar.

Não da forma que ele gostaria que ela recebesse, ou da maneira que desejava que se concretizasse. Em um amor cheio de beijos, carícias, calor e até mesmo sexo entre os dois.

Porque afinal de contas, ele era um homem e ela era uma mulher na qual se sentia muito atraído, era mais do que certo, querer fazer amor com ela. Isso o deixava sem ar.

Ainda mais quando sentia seu doce perfume ao redor, quando estudava seus movimentos delicados imaginando, sedento de vontade, em saber como ela faria na cama.

Ele apostava que seria tão delicada quanto, provavelmente muito tímida e muito sensual, com aquele corpo nu em cima do seu, beijando tudo, todos os pedaços dela...

Ele respirava fundo, tentando não pensar nessas coisas por tornar ainda mais a permanência ao seu lado dela angustiante do que já sentia normalmente.

Mas era impossível... Marinette o atiçava, o desafiava o tempo inteiro.

Era como se ela, com aqueles olhos azuis e charme de boneca, o dissesse entrelinhas – Venha me conquistar, eu estou esperando pra ver.

Porém, Adrien não fazia ideia do que se passava realmente no coração da mestiça.

Um coração cheio de buracos, quebrado, ressentido em confuso, que se camuflava em um rosto sorridente e semblante suave. Ocultando suas próprias dores em si mesmo, para que ninguém soubesse o que de fato sentia.

Encontrava-se presa em seus temores e receios, todos relacionados ao passado, e por isso havia uma espécie de parede que inibia seus olhos de ver o que a cercava.

Até mesmo de enxergar com clareza a intensidade dos sentimentos que Adrien sentia por ela.

Os dois estavam lado a lado, mas em mundos completamente diferentes.

Entretanto, algumas vezes, dentre esses mundos abriam-se algumas brechas das quais faziam Adrien acreditar que poderia ter uma chance.

Enquanto assistiam ao filme, Marinette recostou-se em seu ombro. Ele de primeiro momento ficou sem reação, mas quando abaixou a cabeça a viu dormindo. Até chegou a pensar que o filme deveria estar chato para ela, mas do que isso importava? Porque cuidadosamente a fez ficar confortável enquanto descansava tranquila.

Perdida nos seus sonhos Marinette buscava paz, pensando em Luka mas aos poucos foi sentindo seu corpo aquecer e um cheio agradável subir aos seus sentidos. Era um perfume bom, que a fazia querer descansar ali para sempre, e que de fato, acalmava seu coração.

Assim como Adrien se sentia completamente em paz, tendo a "menina dos seus olhos" bem ao seu lado, da maneira que ela deveria estar.

Por um breve momento, ele olhou para seus pés um ao lado do outro e percebeu o quanto o seu all star preto de cano alto, combinava com o all star azul dela. Sorriu, recostando a cabeça sobre a de Marinette e voltou a assistir ao filme que passava na tela gigante do cinema. 

Love Days  ~ AdrinetteOnde histórias criam vida. Descubra agora