Love Days ~ Adrinette

Medo de te amar

Inevitável.

Marinette já sabia que assim que encontrasse com Adrien, seu coração voltaria a bater forte no peito como na noite passada, como em todas as vezes que ele aparecia em seus pensamentos...

Quando ela entrou na cafeteria, seus olhos se tranquilizaram ao vê-lo mais adiante, mas seu corpo inteiro estremeceu.

A garganta secou, as mãos suavam frio e teve que se apressar para sentar-se.

Por um momento desejou que ele não viesse falar com ela. Não queria ouvir sua voz de novo, porque se ouvisse, aahh se ouvisse...

- Oi Mari, bom dia!

Tarde demais.

Fechou os olhos franzindo a testa sem que ele percebesse até tomar coragem em virar o rosto com um sorriso bonito nos lábios.

- Bom dia!!

Adrien logo sentiu seu próprio corpo sendo tomado por aquela sensação gostosa quando a via sorrindo. E cada vez mais, ele desejava muito além de um sorriso. Queria beijá-la. Queria tocar cada lateral da sua face delicada com as suas duas mãos e preenchê-la de carinho e beijos suaves, espalhar seu amor por ela inteira.

Mas o que ele não sabia é que para Marinette, um beijo seu seria sua sentença.

Se o beijasse, poderia comprovar todas as incertezas do seu coração com relação àquele homem.

Que estava se apaixonado por ele e que não poderia mais correr desse sentimento...

Era tão estranho...! Porque de uma hora para outra, era como se ele não existisse, e de repente, ele estava em todas as partes.

Foi a mesma coisa que aconteceu quando começou a jogar "Love Days". Pensava, queria ver Luka todos os dias e contava os segundos para estar com ele.

Mas com Adrien as coisas eram diferentes pois a seu respeito, ela poderia tocá-lo de verdade, ela poderia sentir sua presença... e se tivesse uma chance, poderia abraçá-lo e poderia...

Poderia...

... Fazer amor com ele.

Céus... só de pensar nessas coisas, sentia toda a sua estrutura vacilar de medo e angústia.

Há quanto tempo não tinha esse tipo de intimidade com alguém, com outro homem? Essa inclusive era a ponta do Iceberg, porque na verdade, seu maior problema ultrapassava qualquer barreira física.

Se fosse só o desejo carnal, ou apenas a vontade isolada de fazer sexo, poderia resolver sozinha.

Mas a questão ali era outra. Ela queria fazer amor, ela queria sentir amor... e uma parte do seu coração a que sobrou, ainda que frágil e debilitada, estava novamente se iludindo, se apegando à outra pessoa.

Novamente queria se entregar para outro alguém, o que ela não poderia simplesmente permitir mesmo que fosse difícil.

Pois Adrien não fazia ideia que por conta do seu sorriso, da sua gentileza, através do tom da sua voz e da sua maneira de ser, estava cativando algo que machucava Marinette.

O que era para ser bom era terrível e lhe afligia dor. Todas as vezes que ele se demonstrava mais atencioso e mais querido acabava aos poucos com ela.

Seu coração estava destruído, era terra que ninguém pisava, havia se fechado para o mundo, mas porque ELA o queria assim. Não por escolha dos seus próprios sentimentos, pois já não bastava relutar ou brigar consigo mesma.

Adrien era lindo, e quando ele se aproximava, ainda que sutilmente, ela podia sentir suas boas vibrações. A energia positiva que emanava da sua alma indo de encontro com a dela, como se de maneira invisível, estivessem formando uma ponte. Infelizmente, de uma "mão" única.

Porque tudo o que o coração de Adrien queria construir, Marinette desejava derrubar.

Ela não queria, ela não podia, ela tinha medo, ela sofria... ela perdia o ar só de pensar que estava...Apaixonada.

- Espero que goste hoje eu caprichei. – ele lhe serviu o café junto com o pão e o muffin que sempre comia, mas daquela vez, havia algo diferente. Quando Marinette olhou para xícara, um coração estava desenhado no creme e havia um papelzinho dobrado perto do píres. Ela engoliu seco e abriu o bilhete aos poucos para ver o que estava escrito.

"Desculpe se não ficou bom o desenho, eu ainda tenho que treinar mais.".

Olhou em direção à Adrien que estava de costas dentro do balcão e logo em seguida abaixou a cabeça tendo dificuldades em conter sua felicidade mas ao mesmo tempo aquela maldita dor, aquele maldito incomodo.

Resolveu tomar o café mais rápido do que o costume. Precisava sair dali o quanto antes, correr para longe, para a empresa!

Assim que terminou pagou a conta à Nino, porém, quando que fez menção de ir embora – sem mesmo falar com o Adrien que havia ido ao banheiro – ela não resistiu, e pegou uma caneta onde escreveu uma mensagem no mesmo papel que tinha recebido dele.

Quando Adrien saiu do banheiro, Nino o entregou o pequeno bilhete com um sorriso de canto.

- Que foi, agora tão de recadinho um pro outro?

O loiro azedou a cara pegando o pequeno papel com uma das mãos e se afastou para ler o conteúdo.

Assim que o abriu, teve uma agradável surpresa.

"Eu adorei, ficou lindo! Posso até dizer que deixou o café muito mais gostoso do que ele já é. Obrigada pelo carinho."

Adrien sorriu relendo a mensagem mais uma vez. Ele mordeu os lábios e dobrou o papel guardando-o no bolso da calça.

Já havia decido que a chamaria para sair novamente, estava na hora de demonstrar de verdade seus reais sentimentos.

Entretanto, o que para ele era motivo de sorrir, mais adiante, assim que chegou à empresa, Marinette correu para se trancar no banheiro sozinha.

Já não podia mais sustentar aquela mentira, aquela mascara de pura falsidade.

Seus olhos embargaram, seu corpo vacilou e ela desmoronou na tampa do vaso sanitário onde segurou o lado esquerdo do peito com uma mão e deixou todas as lágrimas acumuladas dentro de si, se espalharem uma após a outra em seu rosto.

E com um murmúrio, perguntou-se mais uma vez, o questionamento que não saía da sua cabeça.

- Meu Deus... o que eu vou fazer agora...?