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Demi

Já estávamos no hospital a pelo menos duas horas. A garota tinha dado entrada no centro cirúrgico por ter fratura na perna esquerda. Sei que deve ser difícil a cirurgia, mas eu estava ansiosa. 

Lógico que a gravação com o Fallon tinha sido cancelada, e ainda bem que ele entendeu o motivo e desejou melhoras a garota. Sinto minha assessora me cutucar e apontar para o corredor. Quando virei para olhar, percebi o médico vindo em minha direção. Me levanto de imediato e o cumprimento.

-Desculpe a demora. É que ouve algumas complicações durante a cirurgia, mas já está tudo bem. -Respiro aliviada e o médico, baixinho até para mim, continua a falar. -Não tivemos nenhum problema quanto a perna dela, porém ela desenvolveu um coagulo cerebral, no qual quase a levou, mas intervimos a tempo. Ela logo será levada ao quarto e deverá acordar da anestesia dentro de uma hora. E, bem, como não sabemos nada sobre a paciente, seria bom que você ficasse aqui até que ela acordasse. 

-Claro que fico, não tem problema. -Ele sorri e se vira, saindo pela porta que tinha entrado. Me viro para minha assistente e ela já sabia o que eu falaria, mesmo sem que eu tenha me pronunciado. Mas mesmo assim falei. -Cancele tudo que eu tiver pelo resto da noite e pela manhã. Será capaz de ter de cancelar a parte da tarde de amanhã também, então eu agradeço se fizer isso por mim. E por favor, sem fazer alarde, só diz que foi algo pessoal e que eu darei detalhes depois que tudo estiver resolvido. 

Ela assente e se levanta, indo para fora do hospital e eu me sento na cadeira novamente para poder esperar a enfermeira vir me chamar. Não demorou muito, então logo eu me vi dentro daquele quarto chato e branco. Era padrão ser chato?

A enfermeira me deixou ali sozinha e eu me vi sem ter nada para fazer. Me sentei em uma poltrona que tinha do lado oposto da cama e ali fiquei. Acho que só me dei conta do tempo por causa que minha bateria tinha acabado. Dentro desse tempo que passei aqui, fiquei nas redes sociais, e me arrependi. Já tinha notícias de que eu estava no hospital. Algumas até especulando que eu tinha tido outra overdose.

-Por que não podem me deixar em paz? -Pergunto mais para mim mesma, enquanto jogo o celular no sofá ao lado, passo as mãos por meus cabelos, que agora estavam curtos e com as pontas pintadas de verde.

-Talvez porque você seja Demetria Devonne Lovato. -Ouço uma voz e rapidamente levanto a cabeça para identificar a dona da voz. -Oi.

-Olá. Você está bem? -Pergunto enquanto me levanto e ando para perto da cama. -Que pergunta besta, é claro que não está. Você está no hospital por minha causa. 

-Ei, eu vou ficar bem. Só me deixe sentar para tentar respirar e conversar um pouco com você. E acredito que a culpa não seja sua. -Procuro o controle da cama e entrego a mesma que não perde tempo em apertar o botão para que a cabeceira seja elevada e ela ficasse sentada. -Agora sim eu vou ficar bem. 

-Me desculpe pelo acidente. -Me sento na cadeira ao lado da cama. -Estava chovendo e meu motorista não conseguiu frear a tempo quando percebeu o sinal fechado. 

-Se acalme Lovato, já disse. Vou ficar bem, prometo. -Ela me olha com aqueles olhos que brilhavam. -Só me conta o que me aconteceu.

Com um pouco de receio, comecei a contar tudo que eu sabia, desde a hora que percebi o que havia acontecido, até a hora que o médico veio me dizer sobre a cirurgia. Ela me ouvia com atenção e hora alguma me interrompeu. Tenho de confessar que me peguei diversas vezes olhando para seus olhos e de vez em quando descia o olhar para sua boca, a qual ela ficava mordendo de uma forma não sensual, mas que me fazia prestar atenção.

-E então você acordou da anestesia e agora eu estou aqui te contando tudo. -Finalizo e vejo um sorriso se formar em seus lábios. -Por que está sorrindo?

-Bom, esse acidente me livrou de ter uma aula chata, na qual eu já passei, mas o professor insiste em que eu ainda vá para a aula. Ele afirma que eu irei reprovar se não for, e eu estou quase reprovando, mas não por falta e sim por querer dar na cara daquele gordo. -Ela diz e encosta a cabeça no travesseiro e me olha de lado com a cabeça tombada, chegou a ser bem fofo. -Pelo menos eu tenho atestado para esfregar na cara dele na semana que vem. 

-Parece que alguém tem ódio do professor. -Comento de forma divertida e ela fecha os olhos e sorri ainda mais. 

-Se fosse apenas ódio ainda ia, mas eu simplesmente não quero olhar para ele nunca mais. -Ela diz e abre os olhos e encara a TV que estava ligada em qualquer canal, mas nenhuma de nós duas tinha prestado atenção até então. -Ele roubou meu projeto, meu e de umas amigas. A vontade que deu foi de ir na casa dele e atear fogo em tudo, e ainda sim não iriamos nos sentir vingadas. Isso foi no início do ano, e hoje o gordo do meu professor está recebendo dinheiro por esse projeto. 

-Que cara babaca. -Ela olha para mim e concorda. -Ele pode fazer isso?

-Bom, pelas regras não pode, mas um aluno puxa saco dele ouviu minha conversa com as meninas e contou para ele, que foi lá e apresentou antes mesmo que eu pudesse apresentar o meu, na mesma feira. Minha cara foi ao chão quando ouvi ele falar todo empolgado sobre o projeto que eu virei noites planejando. -Ela colocou a mão na cabeça e fez uma careta de dor. 

-Por que não descansa? Vou continuar aqui, só que você precisa dormir um pouco. 

Ela concorda e fecha os olhos. Eu me levanto e apago as luzes, porém o quarto ainda era iluminado pela TV. Ouço o zumbido da cama indicando que ela estava tentando se acomodar. Me sentei na poltrona novamente e acabei cochilando. 

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Eu vim aqui, rapidinho, deixar esse capítulo para vocês.

Espero que gostem e que tenham aproveitado a leitura.

Ainda estou vendo os dias que irei postar, mas fiquem tranquilos.

Votem e comentem muito.

Beijos bb's.

Amor por acidente.Onde histórias criam vida. Descubra agora