-Por que está chorando? -Escuto sua voz, com um tom de preocupação e ela retira o coberto de cima de minha cabeça. Viro meu rosto em direção ao travesseiro e continuo a chorar, mas tentando, em vão, diminuir. -Demi, está me preocupando. Me conta, por que está assim.
Ela se aproxima ainda mais e segura meus ombros, tentando me virar e eu soluço e tiro sua mão de meu ombro.
-Não quero falar com você agora. -Digo, com dificuldade por causa do choro e me viro em direção a parede e abraço meu corpo e sinto ela subir na cama e ficar ali, sem fazer nada, apenas me olhando. Seu olhar queimava. Era tão intenso, cheio de preocupação, que eu conseguia sentir ele. Como, quase se pudesse ver meu interior.
-Eu vou ficar aqui até você conversar comigo. -Sinto ela se sentar de forma mais confortante na cama e hora nenhuma seu olhar me deixou.
-Por que não vai esperar a Vic conversar com você? Aproveita e me deixa em paz.
-Espera, Demi. Ela é apenas minha amiga. E veio saber como eu estava. -Ela diz e toca meu braço. Me sento na cama e abraço os joelhos contra meu peito.
-Tão amiga que estava em cima de você lá no sofá. -Eu não queria começar a chorar, mas foi inevitável.
-Ela é apenas minha amiga. Não tenho e nunca tive nada com ela. -S/N diz e tenta me abraçar. Empurro ela e a mesma me olha com os olhos arregalados. -Olha, eu amo é você, não tenho motivos para querer trocar você. Na verdade eu nunca pensei nisso. Vic é uma amiga. Ela foi a enfermeira que sua assessora contratou para me ajudar depois do acidente. Vinha aqui em casa todo dia para me ajudar e ia embora depois do almoço para poder ver o namorado. Não tem porque você sentir ciúmes.
-Claro que tem. Ela estava em cima de você, se oferecendo. Mas como você é lerda, não percebeu as intensões dela. Mas eu percebi. E não gostei nem um pouco. -Já não escondia o quanto estava magoada e chorava. Minhas frases estavam estavam sendo curtas e eram interrompidas pela crise de choro que vinha e pelos meus pulmões que precisavam de ar. Eu soluçava sem parar. -Além dela ser bonita.
-Eu não me importo se ela é ou não bonita. Entenda uma coisa. Eu não quero ninguém além de você. -Ela se aproxima, mas não me encosta. Fica olhando para mim e logo desvia o olhar para a sua mão que estava perto de meus pés. -Durante a minha vida inteira, eu fiquei pensando o quanto as pessoas poderiam gostar uma da outra, e em como isso afetava a vida delas. Qual era o critério de escolha e tudo mais. Então, enquanto eu crescia, percebi que eu não me encaixava nesses critérios e que era tão diferente quanto poderia imaginar, mesmo que minha mãe dissesse que eu era linda. O que mais me machucou, foi saber que ela não aceitava quem eu era. Isso até ela me colocar para fora de casa. Meu pai me recebeu de braços abertos e disse que eu poderia ser quem eu quisesse perto dele e da família. Mas isso sempre me incomodou, tanto que olha onde eu estou. -Ela se levantou e foi até a janela do quarto e olhou para fora. Estava chovendo. Uma chuva fina e fraca. -Olha para mim, Demi. Olha para mim. Você acha mesmo que alguém como ela daria bola para mim? Ela é hétero. Eu ainda penso em como estou com você. Fico pisando em ovos todas as vezes que vou falar com você. Meu modo de agir é assim. Eu sou cautelosa, mas sou assim porque tenho medo de me afastar das pessoas. Eu amo você, entenda isso. E se você não consegue ver, eu também não gosto de mim, do meu corpo, da minha aparência, do meu modo de falar, da minha voz, do que eu falo ou penso. Eu sou uma pessoa quebrada, tão quebrada que me dá pena de mim mesma.
Ela se sentou na ponta da cama e colocou as mãos na cabeça e suspirou.
-Ouvi tantas vezes a frase que gostaria de poder falar com cada rosto inimigo e mudar a opinião dele sobre você. Mas do que adianta modificar o que as outras pessoas pensão se você mesmo não está satisfeita com você? É o que eu penso todo dia. Eu não gosto de quem eu sou. -Ela se vira para mim e eu vejo que ela está chorando. -Eu não quero criar expectativas, porque todo olá termina com um adeus, mas eu não posso deixar de tentar ser feliz. E eu sou feliz com você. Pelo primeira vez em muitos anos. Não pense que u vá trocar o que me faz feliz de verdade por algo que eu sei que seria errado. Eu não traio as pessoas que eu amo, não abandono meus amigos.
Assim que terminou de dizer isso, o silêncio que se instalou no quarto foi incomodo. Eu não sabia o que falar depois de ouvir tudo aquilo. Ela também não sabia o que falar, então apenas se levantou e saiu do quarto.
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Sei que vocês queriam esse capítulo o quanto antes. E aqui está.
Mas não sei se ficou bom.
Eu reescrevi ele pelo menos umas três vezes para tentar ver se saia algo bom, mas deu na mesma.
Espero que gostem.
Votem e comentem enquanto eu vejo a aula de revisão do sistema respiratório. Volto para responder vocês assim que acabar.
Beijos bb's.
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Amor por acidente.
FanfictionUma chuva forte caia sobre Nova York. S/N estava atrasada e a chuva só iria piorar isso. com toda certeza o professor não a deixaria entrar para poder assistir a aula, mas não custava tentar. Enquanto ela corria para poder atravessar a rua, que es...