O Sumiço da Rainha

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Depois de descobrir que esperava um filho, Bianca temia até mesmo uma brisa mais calorosa que passava pelas janelas de seu castelo frio. Com o tempo, todas as janelas de seu quarto foram cobertas de grossos blocos de gelo, a porta permanecia trancada e apenas sua acompanhante de máxima confiança entrava ali, além de Gottan, é claro. Entretanto, com o desaparecimento de Magno, seu esposo tinha muitos afazeres no País das Maravilhas, pois também auxiliava o castelo de Charlote.
O medo da vingança que poderia sofrer, vinda de Beatriz, não permitia que Bianca descansasse um instante sequer e, estando longe de seu amado Gottan, não era de se admirar que estava um tanto enlouquecida.

- Devo congelar mais, muito mais. - Seus passos frequentes e ágeis pelo quarto deixavam o gelo no chão gasto e embranquecido, sua voz era como um sussurro, como se contasse um segredo. - Não é suficiente, não é. Quero andar pela Vila, devo congelar a vila. Ahg! São as terras dela! Não, ela não merece tanto espaço! Preciso de mais, talvez o País das Maravilhas inteiro. Estou cansada de ficar...

Batidas na porta cortaram o delírio de Bianca, que arregalou os olhos de tom quase branco e se afastou da porta.

- Abra a porta, alteza. - A voz da criada soou do outro lado da imponente porta de gelo maciço. - Estou com a sua refeição e trago a resposta da carta que enviou para a Rainha Charlote.

Suspirando aliviada, Bianca ergueu sua mão sem demora e as portas se abriram rapidamente, como que por magia. A criada de traços felinos entrou no quarto segurando uma bandeja e tremendo dentro de suas roupas de frio. O prato foi deixado na mesa do outro lado do quarto e ela tirou uma carta de dentro de suas vestes brancas.

- Se me permite uma pergunta; como vossa alteza abre as portas sem tocar nelas? Vi que estava bem longe da porta quando eu entrei.

- Este gelo que está ao seu redor é como o meu corpo, é a minha magia viva. - Bianca tomou a carta da mão da criada e abriu depressa. - Não pense que está em um lugar comum, criada. Eu ordeno sobre o chão que você pisa e sem nem mesmo precisar mandar. Agora saia, se for para ter você como única companhia prefiro ficar sozinha.

Aquilo bastou para a criada sair em passos curtos e ágeis dali, e se assustou quando as portas bateram depois que passou. Já Bianca, abriu a carta e sua expressão conseguiu se fechar mais ainda.

Minha filha Bianca, recebi sua carta e admito que estou um pouco surpresa. Depois de dois céus, acreditei que você viria até o meu castelo, como sempre faz, no entanto descobri por aí que agora você está se isolando em seu quarto. E o motivo, agora explicado em sua mais recente carta, não poderia ser mais ridículo!
Por acaso não estamos em mais quantidade do que a Rainha Vermelha?! Pelo brilho das fadas! Deixe de sandices!
Se você não sai de seu castelo, se decide que tomará seu tempo me enviando cartas para estar aí com você quando eu certamente preciso estar cuidando de um mundo inteiro, serei obrigada a ignorá-la por um tempo!
Esta é a minha resposta, Bianca, e me corta o coração tomar esta medida, mas você não compreende o que estou passando.
Meu castelo é seguro e espera por sua visita, mas se não vier, ao menos colabore com o seu reino! Gottan não consegue dar conta de dois castelos!
Atenciosamente, sua querida mãe Charlote.

A carta congelou na mão de Beatriz, que em seguida a partiu em pedaços de gelo. Furiosa com as palavras de sua mãe, ela caminhou até a cama e sentou nela. Sua mão foi para o ventre e as lágrimas caíram no chão.

- Eles me deixaram sozinha. Minha inimiga espera um deslize meu e é isto o que eles fazem, me ignoram. Ah, meu filho, sei que nunca me abandonará, que reconhecerá todo o amor que tenho por você. Você nunca ficará longe de mim, eu vou me assegurar de protegê-lo de todas as coisas.

The Queens (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora