Capítulo 3

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— Sophia Ferrero.

— Papai, é a vez de Sophia. — Michael Ferrero disse.

Tenso, Bruno entrou na sala de exames com sua filha adormecida em seus braços. Seguido sempre por Michael, que servia de intérprete para ele, já que o inglês do senhor Ferrero era péssimo.

Após Bruno, através de Michael, responder todas as perguntas, Sophia foi submetida ao exame.

O resultado daquele exame significava muito para Bruno. No fundo de seu coração, ele mantinha acesa a chama da esperança de que o tumor que Sophia tinha no cérebro pudesse ser removido por meio de uma intervenção cirúrgica. No Brasil, os médicos não lhe deram nenhuma esperança, porém, Bruno não esmoreceu com o diagnóstico que recebera. Ao invés de se entregar ao desespero, fez o impossível para conseguir dinheiro para trazer sua filha ao Canadá. Como Bruno era pobre, ele utilizou um método não muito digno, para um homem que sempre foi correto e honesto.
Em nome do grande amor que sentia por sua filha, Bruno abriu mãos de sua dignidade e se igualou a um nada. A vida de Sophia dependia daquela cirurgia e ele do dinheiro sujo para pagá-la.

— A paciente já pode ser levada para o quarto.
A enfermeira que auxiliava o médico no exame comunicou dirigindo-se a Michael.

Minutos depois, Bruno deixou a sala de exames com Sophia em seu colo e voltou para o quarto 302, cabisbaixo.

O semblante entristecido de Bruno não passou despercebido
por Michael, que o questionou.

— O que foi? O senhor está com medo da cirurgia não dar certo?

— Cheguei aqui tão esperançoso, mas as circunstâncias não me parecem favoráveis.

— Se não der certo, pelo menos o senhor tentou. — Michael falou diante do desânimo de seu pai, acrescentou. — Veja pelo lado positivo: pelo menos as dores de Sophia passaram.

— As dores estão apenas anestesiadas. — Bruno disse abatido. — Sua irmã só voltará a viver realmente quando o tumor for retirado. — Acrescentou munindo-se de novas esperanças.


Em seu consultório, Danielly conversa com Logan a respeito do quadro clinico de Sophia quando foi interrompida pela enfermeira que acompanhou a paciente do quarto 302 na realização da ressonância. 

— Dra. Radcliff, os exames da paciente do quarto 302 já foram liberados. O Dr. James a aguarda em seu consultório. — Acrescentou polidamente.

— Obrigada Srta. Lille. – Danielly disse apreensiva e em seguida se dirigiu a seu esposo. — Você me acompanha Logan?

— Vamos! — Logan falou estendendo-lhe a mão.

De mãos dadas, Danielly e Logan saíram em direção à sala do neurologista. Com passadas largas, a médica mantinha uma postura altiva, quase inatingível, mas por dentro ela estava uma pilha de nervos.

— Que casal lindo!

Uma paciente que transitava pelos corredores do hospital falou admirada com a beleza do jovem casal.

Danielly e Logan apenas sorriram em retribuição ao delicado comentário da paciente e continuou seu trajeto rumo ao consultório do Dr. James.

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