Em vão, Danielly e o Dr. James tentavam convencer Bruno quanto ao quadro crítico de Sophia. Ele, no entanto, permanecia irredutível. Por nada abriria mão da cirurgia de sua filha.
— Sr. Ferrero, o senhor não compreendeu a gravidade do problema: Não há mais nada que possamos fazer por sua filha. — Danielly falou reforçando as palavras do neurologista. — Sinto muito. — Acrescentou com pesar.
— A senhora sente muito! — Bruno disse sarcástico. — A senhora não está nem aí para a minha filha. Pensa que eu não percebi a cara de nojo que a senhora faz, toda vez que é obrigada a examinar Sophia! — Desabafou frustrado. — Não precisa se preocupar Dra. Danielly: pobreza é uma doença social. Não é contagiosa. — Bruno Acrescentou revoltado com o descaso da equipe médica.
Depois de ela ouvir, consternada, o desabafo de Bruno, Danielly o repreendeu furiosa.— Quem o senhor pensa que é para falar comigo nestes termos? ... Eu não tenho culpa de sua filha ser pobre... Eu não tenho culpa de sua filha está morrendo: Portanto, meça as palavras quando se dirigir a mim! — Completou resignada.
— Eu não trouxe minha filha do Brasil para morrer aqui. — Bruno disse desnorteado. — Eu vou dizer-lhe uma coisa: Eu não vou assistir de braços cruzados minha filha morrer; enquanto você se recusa a fazer a cirurgia nela. — Acrescentou transtornado.
Diante da ousadia do Sr. Ferrero, Danielly o repreendeu mais uma vez.
— Eu não lhe dei intimidades para falar comigo desse jeito... Dra. Radcliff: é assim que você deve dirigir-se a mim.
— Calma meu amor. — Logan pediu tenso, diante da explosão de sua esposa.
— Seja sensato, Sr. Ferrero.
O Dr. James pediu na tentativa de acalmar os ânimos. No entanto, o que ele conseguiu foi atrair ainda mais a fúria de Bruno.— Sensato! ... É muito simples pedir isso quando não se está na pele do outro: Eu só queria ver se fosse sua filha que estivesse no lugar da minha; se o doutor estaria com toda essa frieza. — Bruno acrescentou revoltado diante de tanto desamor.
Sem mais argumentos, o neurologista calou-se e, segundos depois, ele deixou a sala para atender uma emergência, deixando para Danielly a árdua tarefa de acalmar os ânimos de Bruno.— Sr. Ferrero queira retirar-se, por favor. — Danielly pediu mais controlada.
— Eu vou sair, porque não estou a fim de brigar com ninguém, mas, não pense que eu vou desistir. — Bruno disse. Porém, antes de ele sair, acrescentou. — Sophia precisa da senhora... Pense nisso.
— Que cara insistente. — Logan disse preocupado após Bruno retirar-se do consultório.
Como ele previra o Sr. Ferrero era um pobretão e sabe-se Deus, como ele conseguira dinheiro para trazer a filha para o Canadá. Aparentemente, Bruno não era um homem confiável e o quanto antes Danielly desse conta desse detalhe, melhor.
— Insistente e insuportável! — Danielly acrescentou aborrecida. — Esse homem me causa repulsa, Logan... O mais desagradável de toda essa situação é que ele pretende causar-me problemas. — Completou apreensiva.
Depois de um minuto de silêncio, ela prosseguiu. — Logan, esse homem pensa que tenho em minhas mãos a chave da vida e da morte! Eu não posso salvar a vida da filha dele!
— Eu sei minha querida. — Logan falou compreensivo. — O mais difícil pelo jeito será convencê-lo do contrário. — Acrescentou extremamente preocupado.
— Droga! O que farei agora? — Danielly falou sentindo-se entre a cruz e a espada.
— Já que ele insiste tanto na cirurgia: faça a cirurgia.
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Ciranda de Ilusões
General FictionHá uma velha ciranda cantada aos quatro ventos que ressoa o caminho do bem e do mal, como indicativo do caráter humano. Não importa exatamente a sua história, seus dramas e o contexto em que se insere, pois a dualidade entre o certo e o errado sempr...