Capítulo 10: Christoffer Schistad

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- Segura isso. - A Sra.Collins me empurrou um copo de café para
viagem e voltou a luta com as portas trancadas da escola. Mal dava para
enxergar na luz fraca da manhã, o que dificultava a missão de encontrar a
chave certa no chaveiro lotado. Pensei em dar uma lição nela sobre sua falta de organização, mas decidi não fazer isso. Era preciso ter muito colhão para estar sozinha com um delinquente como eu. O calor do café me lembrou como estava frio ali fora. Meus braços
expostos estavam arrepiados. Eu só tinha uma camisa de manga comprida, e só usava para encontrar os meus irmãos. Estar sem jaqueta era uma merda. Os olhos dela pararam na tatuagem no meu bíceps e o sorriso
eterno caiu um centímetro.

- Onde esta sua jaqueta, Chris? Está frio.

- Dei pra uma pessoa. Um suspiro de alívio escapou da boca da Sra.Collins quando a terceira chave que ela experimentou destrancou a porta. Ela acenou para que eu entrasse. Em vez disso, segurei a porta e fiz sinal com a cabeça para ela entrar primeiro. Eu teria sorte se um segurança me visse, atirasse e depois fizesse perguntas.

Nossos passos ecoaram no corredor vazio. Graças a nova política verde da escola, as luzes acendiam quando a gente chegava perto. Isso me
deixava nervoso. Além de todo o sistema que seguia cada movimento meu, agora o prédio também me seguia.

- Pra quem você deu sua jaqueta? - A Sra.Collins entrou no escritório principal e abriu a porta da sala dela na primeira tentativa.

- Pra uma garota.- Uma garota que me ignorou a segunda- feira toda e ainda não tinha devolvido a jaqueta.

- Namorada ou amiga?

- Nenhum dos dois. Ela me dirigiu um olhar de pena e mexeu na balsa.

- Você precisa de um casaco? Eu odiava o olhar de pena. Depois que meus pais morreram todo mundo que eu conhecia usava esse olhar. Os olhos ligeiramente arredondados. Os cantos da boca levemente curvados para cima, enquanto os lábios se curvavam para baixo. O tempo todo eles se
esforçavam para parecer normais, mas só conseguiam se mostrar
desconfortáveis.

- Não. Vou pegar de volta hoje.

- Ótimo.- Ela abriu meu arquivo.- Como estão indo as sessões de
monitoria com a Eva?

- Vamos começar hoje.- Só que a Eva ainda não sabia disso.

- Ótimo.- Ela abriu a boca para fazer outra pergunta estúpida, mas
eu tinha uma para fazer.

- O que você sabe sobre os meus irmãos?  Ela pegou uma caneta e ficou batendo na mesa, acompanhando o
segundo ponteiro do relógio.

- Keesha e eu tivemos uma conversa sobre a sua visita neste fim de
semana. O que aconteceu com o Tyler foi um acidente. Oi?

- Você e orientadora escolar.Pra que está conversando com a minha assistente social? E por que esta conversando com ela sobre o
Tyler? - Eu já te disse. Sou uma assistente social clínica, e sou a cobaia
desse programa piloto. Meu trabalho não é cuidar de uma parte de você,
mas de você inteiro. Isso significa que tenho acesso aos seus irmãos. Eu me
comunico com os pais adotivos deles e às vezes converso com o Jacob e o
Tyler também. Quanto a minha posição aqui na Eastwick, a Sra.Branch cuida dos assuntos típicos de orientação educacional, e eu cuido - ela inclinou a cabeça - dos alunos mais brilhantes. A escola enche a cabeça de vocês de conhecimento, mas a nossa tendência é ignorar o emocional. Estou aqui para ver o que acontece se prestarmos atenção a ambos. Que ótimo para mim. Ter a Keesha no meu pé já era ruim o
suficiente. Agora a Poliana também estava na minha cola. Passei a mão no
rosto e me ajeitei na cadeira. A Sra.Collins continuou: - A Keesha também me contou que você esta ameaçando pedir a custódia dos seus irmãos depois da formatura.Se isso for verdade, Chris, você precisa fazer umas mudanças radicais na sua vida. Você está disposto a isso?

- Como é que é?- Ela tinha acabado de me desafiar a ajeitar as minhas merdas pra poder ter minha família de volta?

Ela largou a caneta e se inclinou para trás.- Você esta disposto a fazer as mudanças necessárias para
possivelmente cuidar dos seus irmãos depois da formatura? Claro que
estou, merda. Claro que estou, porra.

- Sim, senhora. A Sra.Collins pegou a caneta de novo e escreveu no meu histórico.

- Então você vai ter que me provar isso. Sei que você não tem motivos para confiar em mim, mas esse processo vai ser mais rápido e
mais tranquilo se você conseguir encontrar um jeito de fazer isso. Você
precisa se concentrar em si mesmo agora e confiar na Keesha e em mim
para cuidarmos do bem- estar dos seus irmãos.A realidade da situação é a seguinte: se você continuar a perturbar a Keesha sobre as visitas e se continuar a pressionar o Jacob para obter informações sobre os pais
adotivos dele, especificamente o sobrenome deles, você vai dar a
impressão de que não quer jogar de acordo com as regras. As visitas que
você tem agora são um privilégio, Chris. Um privilégio que eu gostaria de ver você manter. Estamos entendidos? A cadeira em baixo de mim sacudiu quando eu apontei para ela.

- Eles são meus irmãos. A falta de informação sobre quem estava com os meus irmãos - o sobrenome dos pais adotivos, o endereço, o telefone. O fato de eu não poder ver o Jacob e o Tyler sempre que quisesse. Eu perdi todos esses "privilégios" no dia em que bati no meu primeiro pai adotivo. Minha garganta fechou e meus olhos arderam. A sensação de que eu estava quase chorando me irritou. Fiquei de pé, sem saber o que fazer- ou a quem
culpar.

- Você não tem esse direito.Eles são minha responsabilidade. A Sra.Collins me encarou sem expressão.

- Eles estão seguros. Você precisa acreditar em mim. Você está
transferindo suas experiências para os seus irmãos. Eu entendo sua
necessidade de proteger os dois, mas neste momento não é necessária. Se
quiser ver seus irmãos com regularidade, você precisa aprender a
trabalhar junto comigo, e eu já expliquei como você pode fazer isso.

- Vai pro inferno.- Peguei meus livros e sai da sala.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora