Capítulo 29: Eva Mohn

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- Eles estão escondendo alguma coisa. - Dei uma espiada pela janela do meu quarto, buscando qualquer sinal do Chris enquanto segurava o telefone sem fio com força na orelha. Nada de serviço de celular há vinte e quatro horas. Viver antes dos anos 90 deve ter sido um saco.

- Porque o Chris é o sonho de qualquer pai – disse a Noora, com claro desdém. - E eu andei pesquisando. Não tem festa nenhuma. Aposto que essa festa consiste em drogas e o banco traseiro do carro dele.

- Você disse que ia me apoiar.

- Eu disse que você sempre ia será minha melhor amiga. E pra falar a verdade, eu meio que achei que você ia dar uns amassos no cara e seguir em frente. Não achei que ia ficar toda séria com ele. - A Noora suspirou. - Vem comigo e com o William ao cinema. Leva o Chris, se quiser.
Imagens do Chris ao lado de um irritado William tomaram minha mente. O Chris tinha concordado em ficar comigo, não em se tornar melhor amigo da galera popular.

- Talvez na semana que vem.- Ou nunca. Um motor barulhento ficou mais alto conforme se aproximava da casa. - Tenho que ir. O Chris chegou.
Pulei escada abaixo, esperando abrir a porta antes da Ashley ou do meu pai.

- Eva. - Tarde demais. A desmiolada surgiu no hall. - Você conhece as regras do seu pai. Ele atende a porta enquanto você espera na sala. Nós precisamos saber com quem você vai sair.

"Nós" significava a Ashley, que criou essa regra quando descobriu que eu tinha largado o Luke.

A poltrona reclinável do meu pai fez barulho na sala e ele entrou no hall. As rugas típicas estavam mais profundas que o normal, e olheiras de exaustão se penduravam sob os olhos. A posição irritada do maxilar dizia que ele estava tão empolgado quanto eu com a regra "dele".

A Ashley se ajeitou no espelho do corredor. Eu provavelmente devia ficar de olho aberto, já que ela tinha uma queda pelos homens de outras mulheres. Até agora, eu tinha conseguido mantê-la afastada do Chris, já que a gente estudava na hora do programa de entrevistas preferido dela.

Meu pai se encostou no canto da parede, esperando a campainha tocar. Ele fechou os olhos e deixou a cabeça cair para trás. Meu pai sempre estava estressado e preocupado, mas hoje parecia pior do que o normal. Isso me lembrou dos dias antes de ele e a minha mãe se divorciarem, ou quando eu voltei para a escola depois do incidente.

- Você esta bem, pai?

Os olhos dele se abriram de repente.

- Estou. O trabalho anda muito cansativo.

Ficamos nos olhando por um segundo, os dois buscando um assunto para conversar ou, que droga, uma frase coerente. O que o Chris estava fazendo lá fora? O motor parou e ele teve que empurrar o carro pela entrada da casa?

Meu pai pigarreou.

- Alguma coisa estranha aconteceu com a sua conta de celular, e você vai ganhar um número novo na segunda. Me faça o favor de só dar o número para pessoas que realmente precisem dele. - Porque a minha popularidade significava enormes contas de telefone.

- E o meu carro? - Ele devia estar parecendo um Porsche a essa altura.
A campainha tocou, salvando meu pai de ter que responder. Ele colocou a mão na maçaneta e me deu aquele olhar de "você-pode- mudar-de-ideia".

- Eu gostava muito do Luke. Você devia dar mais uma chance a ele.
Enfiei as mãos nos bolsos, fazendo uma anotação mental para pegar as luvas antes de sair.

- Eu gosto do Chris, pai. Então você podia tentar não ser... - dominador, controlador, malvado - ...você?

Meu pai sorriu de verdade, a ponto de o movimento chegar aos olhos.
Tão rápido quanto apareceu, o sorriso desapareceu, e ele abriu a porta.
Meu pai e o Chris trocaram um cumprimento abafado. Segundos depois, Christoffer Schistad estava no hall da minha casa, gostoso como sempre e sem se desculpar por ser tão sexy. Quando meu pai se virou para fechar a porta, ele me deu um sorriso e piscou.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora