Capítulo 07: Eva Mohn

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Ver um jogo de pingue- pongue com cerveja costumava me entediar, mas não quando a Noora arrasava com todo mundo. A garota estava impossível! Além do mais, toda vez que alguém da equipe adversária acertava o copo dela, ela mandava um cara aleatório beber. Os caras sempre faziam fila para atender as ordens dela.

- Você vai jogar? - perguntou Luke.
Perdida em pensamentos, eu não tinha percebido a aproximação
dele.

- Não. O jogo é todo da Noora.- E eu não faço nada que chame atenção para mim.

- A noite de hoje devia ser toda sua . É seu aniversário. - Ele parou. - Feliz aniversário, Eva.

- Obrigada.

- Então, você vai ficar vendo a Noora jogar a noite toda?- Luke avaliava o jogo com os dedões enfiados nos bolsos. Se eu não soubesse de
nada, diria que ele estava aprontando alguma coisa.

- Código de amigas. Eu cuido da Noora, e a Noora cuida de mim. A
Vilde e a Ingrid estão por aí em algum lugar. - Dei uma olhada na cozinha, meio que esperando que elas aparecessem espontaneamente.

- Inteligente, mas desagradável.- Luke apoiou a palma da mão na parede perto da minha cabeça, mas manteve o corpo a uma distância segura de mim. Quando ele fazia isso antes, me apertava com seu corpo, fazia borboletas, saltarem com varas. Depois ele se inclinava e me beijava. Esses dias tinham passado há muito tempo, o amasso, as borboletas, o salto com vara e, especialmente, o beijo. - Eu ia te chamar pra dançar.
Olhei em volta.

- Quem você esta querendo deixar com ciúmes, Luke? Ele afastou a mão e riu - riu de verdade. Não o riso falso que ele usava no refeitório com a garota da semana.

- Vem me encontrar quando a Noora se cansar do joguinho.

Noora lançou as mãos para o alto e gritou ao exterminar, mais uma
vez, outra equipe. A essa altura, eu tinha certeza de que a estavam
deixando ganhar só para ela continuar jogando. Luke desapareceu.
Ela pegou um dos copos de cerveja restantes e se afastou da mesa, para a tristeza dos caras que estavam seguindo cada movimento dela. Noora
bebeu metade e me deu o resto.

- Toma. A Vill ainda é a motorista da vez, né?

- Eu peguei o copo dela e bebi tudo. Eu não curtia muito o gosto, mas não importa.

Eu gostava da sensação quente e confusa que a bebida acabava provocando. A minha vida não parecia tão ruim com ela. A segunda semana do segundo semestre teve minha primeira terapia particular com a Sra.Collins, nada de emprego e o medo de que Chris Schistad mudasse de ideia e contasse a todo mundo sobre as minhas cicatrizes. Nós dois tínhamos voltado a ignorar um ao outro.

- Esta semana a Sra.Collins me perguntou se eu bebia. Estou
cansada de mentir pra ela.
Michael Blair, anfitrião da festa, passou com uma bandeja cheia de
cervejas para outra rodada de pingue- pongue. Noora roubou duas e me
passou uma.

- Os adultos querem que a gente minta. Eles esperam que a gente
minta. Eles querem viver em um mundinho perfeito e fingir que não
fazemos nada além de comer biscoito e assistir a reality shows na TV. Dei um golinho na cerveja.

- Mas a gente come biscoito e assiste a reality shows na TV. Noora tropeçou antes de estreitar os olhos na minha direção.

- Exatamente. A gente faz isso para pegar os adultos de surpresa.

A sensação quente e confusa que ajudava a relaxar também desacelerava o processo de pensamento. Pensei duas vezes no que ela disse.

- Isso não faz o menor sentido. Ela acenou com a mão, como se fosse explicar. A mão dela continuava se mexendo, mas a boca estava fechada. Finalmente ela abaixou a mão e deu mais um gole.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora