Capítulo 18: Eva Mohn

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- Desculpa - eu disse pela terceira vez. - Não sabia que você estava com tanta pressa.

O Luke segurava minha mão e me arrastava pelo shopping lotado em direção ao cinema.

Quando a multidão se dissolveu, ele me puxou para perto.

- Estou com seu pai nessa. E só um carro. Quer dizer, aquele carro é um animal e tudo, mas é só um carro. Seria melhor você vender e ganhar uma boa grana do que gastar mais dinheiro e mais tempo com ele.

O filme começava às oito, e não às quinze para as nove, como ele tinha me dito no início. Eu tinha marcado às seis com um mecânico que estava disposto a ir até a minha casa para olhar o carro do Aires. Eu fiz o exame nacional de novo hoje de manhã, fui para casa, acidentalmente caí no sono (tive um terror diurno - se é assim que se chama um terror noturno que ocorre durante o dia) e acordei menos de vinte minutos antes de o mecânico chegar. O Luke esperou dez minutos com paciência de dizer ao mecânico para ir embora porque nós tínhamos planos. O mecânico foi embora me dizendo que enviaria o orçamento por e- mail.

- É tudo que eu tenho do Aires. - Entramos na área acarpetada do cinema. Arranquei a minha mão da dele. - Achei que você ia entender.

Sair com o Luke era exatamente como eu me lembrava – pelo menos nos últimos dois meses do nosso relacionamento -, só que sem as carícias. Na nossa saída em turma no último fim de semana, perguntaram se a gente podia ir devagar e ele concordou - mas só nas primeiras saídas.

Eu tinha a sensação de que hoje seria o fim da promessa do Luke de não me tocar. Até agora, namorá- lo pela segunda vez estava sendo uma droga.

O Luke colocou as mãos na cintura.

- Foi bom o Will e a Noora chegarem aqui a tempo de comprar ingressos. Está esgotado.

Idiota egocêntrico e narcisista...

- Isso não vai dar certo - eu disse.
Ele fechou os punhos e depois se obrigou a relaxar as mãos.

- Olha, eu quero que dê certo. Você só está chateada porque eu estou do lado do seu pai nessa história besta do carro. A Noora está saindo com o William. A Ingrid está com o Chad. Você e eu fazemos muito sentido. - Ele acariciou o meu rosto. Esse toque costumava me fazer derreter e virar uma poça. Tudo que eu sentia agora eram calos, uma protuberância e a pele seca. - Eu sei que e difícil pensar em nós dois de novo. Acho que o seu problema é que estamos indo devagar demais. Eu mereço uma recompensa por manter as minhas mãos longe de você até agora.

Ele deu um passo na minha direção, deslizou uma das mãos pelas minhas costas e me puxou para perto. Todos os meus músculos se contraíram. Isso não parecia nem um pouco natural.

- Vamos ver o filme e depois a gente vai pra minha casa. Acho que você vai se sentir bem melhor depois que se lembrar daquilo que a gente fazia tão bem. - O hálito dele soprou o meu rosto e, eu juro, algumas partículas de cuspe também. Por que mesmo eu estava fazendo isso?

- Eva! Vocês vieram! O cinema está quase lotado. - A Noora quicava do meu lado. Aliviada com a interrupção, eu me afastei do Luke.

O Will e o Luke trocaram um tipo esquisito de aperto de mãos.

O Will apontou para a sala três.

- Vamos, já vai começar. Não conseguimos seis cadeiras juntas, mas guardamos duas para vocês no fundo. - O Will cumprimentou o Luke com um high five. Caramba, o Luke ia ficar desapontado quando descobrisse que nada ia acontecer lá no fundo.

Os caras andaram na frente enquanto Noora e eu ficamos para trás.
Ela perguntou:

- Tudo bem?

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora