Capítulo 12: Christoffer Schistad

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Depois da aula, vi a Eva costurando a multidão no corredor. Ela entrou no escritório principal segundos antes de eu alcançá- la. Terça era minha única noite de folga, e eu tinha planejado treinar cestas de basquete com Yousef. Soquei o armário ao meu lado. Agora eu precisava esperar uma lunática arrogante terminar sua terapia. Andei pelos corredores antes de parar em frente ao armário da
Eva. Ela não estava com a mochila nem com o casaco, então imaginei
que ia buscar essas coisas antes de ir embora. Quarenta monótonos
minutos depois, eu estava questionando a minha decisão. Eva tinha problemas com casacos. Esperar perto do carro dela teria sido mais
inteligente. Saltos batendo no piso de linóleo indicaram que ela se aproximava, seus cabelos vermelhos ondulados em espiral balançavam a cada passo. Abraçada nos livros, ela mantinha a cabeça abaixada. Todos os músculos do meu corpo se contraíram quando ela passou direto. Eu tinha tolerado que ela me ignorasse durante as aulas, mas me desprezar totalmente em um corredor vazio era demais. Com as costas viradas para mim, ela tentou a
combinação do armário. O armário de metal se abriu de repente.

- Você é a pessoa mais grossa que eu já conheci nessa merda de vida.- Eu me
levantei do chão. Foda- se ela, a Sra.Collins e a monitoria. Eu daria um
jeito de conseguir recuperar o tempo perdido.- Me dá minha porcaria de
jaqueta.

- Eva se virou. Por um segundo, uma dor pura atingiu seu rosto, mas depois outra tempestade se formou em seus olhos. Uma tempestade que exigia alertas de furacão e evacuações.

- Não é a toa que você precisa de monitoria. Você tem o pior vocabulário entre todas as pessoas que eu conheço. Já pensou em
aprender alguma coisa além de palavrões?

- Tenho outro palavrão pra você: foda- se. Você voltou com seu namorado e não teve coragem de devolver as minhas coisas na frente das outras pessoas.

- Você não sabe de nada.

- Sei reconhecer quando vejo uma doida. - No instante em que as
palavras saíram da minha boca, eu me arrependi. Às vezes, quando a
gente vê a fronteira, acha que e uma boa ideia ultrapassar, até que
ultrapassa.

Pela segunda vez desde que eu a conhecera, Eva parecia que tinha
levado um tapa de mim. As lágrimas se acumularam no canto dos olhos,
as bochechas ficaram vermelhas e ela piscava rapidamente.Ela conseguiu
fazer eu me sentir um babaca, de novo. Ela esticou a mão para dentro do armário e jogou minha jaqueta em
mim.- Você é um idiota! - Então bateu a porta do armário e saiu
andando. Merda. Que merda.

- Eva! - Eu corri atrás dela.- Eva, espera.

Mas ela não esperou. Consegui alcança- la, agarrei seu braço e a
virei para mim. Cacete, as lágrimas escorriam pelo rosto dela. O que eu
deveria fazer agora?

Ela fungou. - Eu não sabia que você estava me esperando. Eu não te vi.- Ela secou as lágrimas com as costas da mão. - Eu devia ter te dado a jaqueta
ontem, mas. - O pescoço branco e fino se moveu quando ela engoliu. - Mas eu queria ser normal e, por alguns minutos, eu fui. Como dois anos atrás. Como antes.- E ela parou de falar.

Se eu tivesse a mínima chance de ser normal de novo, teria queimado a porcaria da jaqueta. Eu tinha certeza de que ela queria o irmão de volta tanto quanto eu queria os meus. Ter uma casa de novo, pais. Tudo normal. Tomei um fôlego profundo para engolir meu orgulho. Nas palavras sábias do Yousef - puf. Meus músculos relaxaram e minha raiva desapareceu. Abaixando a cabeça, Eva sumiu atrás do cabelo. Eu nunca ia entender por que essa garota tinha me feito criar uma consciência.

- Desculpa, não devia ter gritado com você. Ela revelou o rosto pálido e fungou de novo. Um cacho vermelho
ficou colado na bochecha molhada de lágrimas. Estiquei a mão para soltar
mas hesitei a apenas um milímetro da pele dela. Juro por Deus que ela parou de respirar e até de piscar e, por um segundo, eu também. Em Um
movimento deliberado, soltei um cacho. Ela exalou uma respiração trêmula e lambeu os lábios quando
abaixei a mão.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora