Capítulo 26: Christoffer Schistad

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Eu devia ter jogado a Eva nos ombros e a arrastado para fora do ginásio.

Em vez disso, como um idiota, eu tinha dado a ela uma opção. A opção de arrancar meu coração e me entregá-lo de bandeja. Por que eu não ouvi a Sana? Por que eu ouvi o Yousef? A Sana tinha experiência nesse assunto, e o Yousef me deu um conselho que se recusava a aceitar para si mesmo. Eu devia ter algum problema na minha porcaria de cabeça.

Quinze minutos. Foda-se. Ela não vinha, e eu ia continuar aqui parado no frio congelante como um imbecil. Eu tinha uma festa para ir.

Uma festa cheia de garotas dispostas a se entregarem para mim, muita merda para fumar e álcool suficiente para me ajudar a esquecer. Eu me afastei da parede de tijolos do ginásio, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans em busca das chaves. A porta se abriu de repente, quase me acertando na cara. Abri a boca para gritar com o babaca que estava saindo, mas parei no instante em que fiquei cara a cara com a minha sereia, a minha ninfa. Eva. Dessa vez, ela não ia fugir.

Passando os braços ao redor dela, pressionei-a em direção aos tijolos.

- Diz que me escolheu, Eva.

Ela lambeu os lábios. Os olhos verdes ardiam e me chamavam para ela.

- Eu escolhi você.

Pela primeira vez em três anos, o nó apertado no meu estomago relaxou.

- Você nunca vai se arrepender. Eu prometo. - Deixando as mãos deslizarem pela curva da cintura dela, eu me apoiei em seu corpo macio.

Eu a queria. Toda ela, mas a Eva merecia mais do que uma emoção rápida e um cara melhor do que eu. Tudo precisava ser lento e calculado.

Eu queria deixar a garota impressionada com cada toque e cada beijo, para que seus pensamentos sempre se voltassem para mim. Eu nunca mais tocaria em ninguém sem pensar nela.

Eu prometi que ela seria mais e precisava manter essa promessa.

Afastando-me, peguei a mão dela e fui em direção ao meu carro.
- Vem.

- Aonde nós vamos?

Abri a porta do passageiro e me virei para olhar para ela. Os olhos inocentes da Eva estavam arregalados de confusão. Ela não devia estar comigo. Nós dois tínhamos passado pelo inferno, mas a Eva merecia coisa melhor. Ainda assim, eu não era totalmente ruim. Eu já tinha sido bom, como ela. Ela precisava saber disso.

- Para um lugar especial.

...

- Vou comprar um casaco pra você. - E eu estava falando sério. Abri a porta do carro e pendurei a jaqueta de couro nos ombros dela. - É fevereiro. Por que você nunca esta usando uma porcaria de casaco?

A Eva deslizou os braços pelo meu casaco, fechando os olhos enquanto inalava. Quando finalmente os abriu, ela piscou várias vezes e me lançou um olhar de pura sedução.

- Talvez eu prefira usar o seu.

Engoli em seco. Eu tinha planos, e eles não envolviam beijar a Eva encostada no meu carro. Droga, ela ia acabar me matando.

- Parabéns, ele agora é seu.

A risada dela me aqueceu de um jeito que nenhum casaco conseguiria

- Você agora vai ficar facinho?

Parecia que sim. Entrelacei os dedos aos dela e atravessamos a rua vazia em direção à fonte. Luzes vermelhas e rosa iluminavam a água, que escorria de três patamares floridos.

- Que lindo. - A Eva encarou a fonte, com os olhos passeando entre as diferentes flores entalhadas no metal. Não, ela era linda.

- Eu ajudei a construir isso.

- O que?

Fiz um gesto em direção as casas que rodeavam a fonte.

- As casas. Eu ajudei a construir essas casas. Meus pais eram envolvidos com a organização Habitat para a Humanidade. Foi assim que se conheceram. Em vez de ir a festas em Cancun na primavera, eles iam para o leste do Kentucky e construíam casas. Depois eles se casaram e continuaram a fazer isso.

A Eva largou minha mão e encarou as pequenas casas com varanda e balanço. Meu pai se certificara de que todas as casas tivessem um balanço. Quando se virou completamente, ela viu a placa na lateral da fonte:
Em memória de David e Sarah Schistad.

- Seus pais?

Minha garganta ficou apertada, me tornando incapaz de responder.
Acenei com a cabeça - Toda vez que eu acho que te entendi, Christoffer, você vem e me surpreende.

E foi por isso que eu a trouxe aqui.

- A gente não terminou aquela dança O olhar ansioso dela escapou para as janelas do pequeno bairro.
Todas as persianas estavam fechadas. Algumas tinham luzes acesas, outras não, mas ninguém estava olhando.

- Aqui?

- Por que não?

O salto alto da Eva batucou na calçada, o sinal revelador de que ela estava nervosa. Dei um passo deliberado à frente e abracei sua cintura antes que ela conseguisse se afastar de mim. Minha sereia tinha cantado para mim por tempo demais, capturando meu coração, me tentando com seu corpo, me levando lentamente a loucura. Agora, eu esperava que ela pagasse por isso.

- Você esta ouvindo? - perguntei.
A Eva ergueu uma sobrancelha quando não ouviu nada alem do som da água escorrendo na fonte.

- Ouvindo o que?

Deslizei a mão direita pelo braço dela, aninhei sua mão contra o peito e balancei com ela de um lado para o outro.

- A musica.

Seus olhos dançavam.

- Talvez você devesse me dizer o que eu deveria estar ouvindo.

- Batida lenta de bateria. - Com um dedo, batuquei o ritmo nas costas dela. - Guitarra acústica. - Eu me inclinei e cantarolei minha musica preferida no ouvido dela. O cheiro doce de canela me intoxicava.

Ela relaxou e se encaixou perfeitamente no meu corpo. No ar frio e revigorante de fevereiro, balançamos juntos, ao som do nosso próprio ritmo. Por um instante, escapamos do inferno. Nada de professores, nada de terapeuta, nada de amigos com boas intenções, nada de pesadelos só nós dois, dançando. Minha musica terminou, meu dedo parou de batucar o ritmo e nós paramos de balançar de um lado para o outro. Ela ficou perfeitamente parada, mantendo a mão na minha, a cabeça pousada no meu ombro. Acariciei com o nariz o calor do seus cabelos macios, apertando- a ainda mais. A Eva estava se tomando essencial, como o ar.

Levei a mão ate o queixo dela, levantando seu rosto na minha direção. Meu dedo acariciava seu rosto quente e macio. Meu coração bateu mais rápido. Um fantasma daquele sorriso de sereia surgiu nos lábios da Eva quando ela inclinou a cabeça para mais perto da minha, criando o impulso inegável do marinheiro perdido no mar em direção à linda deusa que o chama de volta para casa.

Beijei os lábios dela. Macios, carnudos, quentes tudo que eu tinha fantasiado que seria e mais, muito mais. A Eva pressionou de volta, hesitante, uma pergunta curiosa para a qual eu tinha a resposta. Abri um pouco a boca e provoquei o lábio inferior dela, implorando, rezando para ter permissão. Suas mãos suaves subiram devagar pelo meu pescoço e puxaram minha cabeça, me levando para perto. Ela abriu a boca, a língua tocando sedutoramente a minha, quase me deixando de joelhos. Chamas me tomaram enquanto nosso beijo se aprofundava. Suas mãos massageavam minha cabeça e minha nuca, alimentando o calor do fogo.
Esquecendo todas as regras que eu tinha criado para este momento, minhas mãos passeavam pelas costas dela, enroscando seus cabelos, trazendo a toda para perto de mim. Eu queria a Eva. Eu precisava da Eva. Uma porta de carro bateu e ela se assustou. Rapidamente se afastou e virou a cabeça em direção ao som do motor. Ficamos observando enquanto as luzes traseiras vermelhas brilharam na nossa direção, depois se afastaram quando o carro acelerou pela rua.

Os olhos dela encontraram os meus.

- O que isso significa para nós?

Abaixei a testa até a dela.

- Significa que você é minha.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora