Capitulo 05: Eva Mohn

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- Nada - disse Noora.- Nenhuma palavra, nenhum pio, nenhum som. - A Vilde, a Ingrid e eu até investigamos alguns alunos do terceiro ano, mas não tem absolutamente nenhuma fofoca rolando sobre você. Bem,
pelo menos nada que envolva o Chris Schistad. Noora estava sentada no banco do carona e eu estava no banco do motorista do Corvette 1965 do Aires. Ela tinha vindo para casa comigo para ser meu escudo na Sexta em Família - ou, como eu gostava de
chamar, Jantar dos Amaldiçoados.

Na garagem, o rádio tocava no meu Dodge Neon 1998 verde-floresta. O Corvette do Aires ainda tinha o rádio original. Tradução: uma porcaria, mas o resto do carro era totalmente maneiro.Vermelho- sangue
brilhante com faixas pretas horizontais - Aires normalmente perdia minha atenção nesse ponto, mas continuava falando, apesar de os meus olhos ficarem vidrados -, três entradas de ventilação verticais funcionais nos para- lamas frontais, grade do radiador com barras horizontais escurecidas e moldura diferenciada nas calhas laterais.

Eu não tinha ideia do que isso significava, mas Aires disse isso tantas
vezes que acabei decorando. O carro tinha uma aparência fantástica, mas
não andava. Graças a Chris Schtistad, minhas chances de fazê- lo andar
diminuíam a cada dia. Apertei as mãos no volante e me lembrei da
promessa que o Aires me fez. Dias antes de partir, ele se debruçou no capô aberto enquanto eu estava sentada na bancada.

- Vai ficar tudo bem,  Eva. - Os olhos do Aires tinham batido nos
meus pés balançando. - É uma missão de só seis meses.

- Estou bem - eu disse enquanto piscava três vezes. Eu não queria
que  partisse. Aires era a única pessoa no mundo que entendia a maluquice da nossa família, além de ser o único capaz de manter a paz entre mim, Ashley e o nosso pai. Ele não era muito fã da Ashley, mas,
independente de seus sentimentos, sempre me incentivava a dar um
desconto para ela.

Ele deu um risinho.
- Da próxima vez, pelo menos tente esconder esse sinal revelador de
mentiras. Qualquer dia o papai vai perceber.

- Você vai escrever pra mim?- perguntei, mudando de assunto.Ele
tinha falado muito sobre o nosso pai antes de partir.

- E mandar e- mail e falar pelo Skype.- Ele limpou as mãos em um trapo já sujo de graxa e se esticou até o alto de seu um metro e oitenta e dois. - Vou te falar uma coisa. Quando eu voltar e terminar o carro, você vai ser a primeira a dirigir. Depois de mim, é claro.

Meus pés pararam de balançar, e fui tomada pela primeira sensação
real de esperança desde que o Aires tinha me contado sobre a missão.
Ele ia voltar para casa enquanto o carro esperasse por ele. Ele tinha
me dado um sonho, e eu me agarrei a ele depois que meu irmão partiu.
Meus sonhos morreram com ele em uma estrada isolada do Afeganistão.

- Tá pensando em que? - perguntou Noora agora.

- No Chris Schiatad - menti. - Ele teve a semana toda pra contar pra escola inteira sobre as minhas cicatrizes. O que você acha que ele está
esperando?

- Talvez o Chris não tenha pra quem contar. Ele é um garoto adotado e viciado que precisa de monitoria.

- É, talvez - respondi.

Ou talvez ele esteja esperando o momento certo para transformar minha vida num inferno.

Noora brincava com os anéis em seus dedos, indicando nervosismo.
- O que foi? - perguntei. Tive que me esforçar para ouvir a resposta murmurada.

- A gente contou pro Luke. Todos os músculos do meu pescoço se retraíram e eu soltei o volante, com medo de rasgar e destruir o plástico.

- Vocês o que? Noora se virou no assento, retorcendo as mãos sobre o colo.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora