Capítulo 16: Eva Mohn

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"Na figura abaixo, o raio AB foi construído a partir dos raios AC e AD. Usando um compasso, C e D foram marcados equidistantes de A nos raios AC e AD. O compasso foi então usado para localizar um Ponto Q, distinto de A, de modo que Q seja equidistante de C e de D. Considerando todas as construções definidas nas etapas citadas, encontre as medidas de BAC e BAD."

Se o Aires estivesse aqui, ele saberia o que fazer.

Quer dizer, caramba - tinha uma pergunta ali? Se tivesse, o idioma comum exigia um ponto de interrogação. O desenho abaixo, parecido com um triângulo, tinha a intenção de ajudar? Eu precisava de um compasso? E por que as respostas tinham números? Não tinha números na porcaria do problema.

"Respira, Eva", Aires me diria. "Você está surtando. Respira e volta ao problema mais tarde."

E ele estava certo. Aires sempre estava certo. Meu Deus, como eu sentia saudade dele.

Joguei o livro de estudos no chão e apoiei a cabeça no sofá. Eu odiava esse quarto. Um papel de parede rosa surrado para combinar com as cortinas e os estofados entediantes. No instante em que chutou minha mãe porta afora, Ashley traumatizou todos os decoradores do mundo com a reforma. Ela pode ter colado papel na parede para apagar a influência da minha mãe, mas eu sabia o que estava por baixo - o mural da Grécia que minha mãe tinha pintado.

Eu normalmente estudava no carro do Aires, mas Ashley me encheu até eu levar os livros de volta para dentro de casa. Eu devo ter matado muitas vacas em uma vida passada para o carma me odiar tanto. Talvez eu tivesse morrido dois anos atrás e, sem saber, estava no inferno. Condenada a passar a eternidade vivendo com meu pai e minha madrasta e refazendo as provas várias vezes.

- Como foi o treino da equipe de dança hoje? - perguntou Ashley. A Bruxa Má e meu pai entraram na sala de estar de mãos dadas. Meu bom Deus, eu devo ter morrido, porque nenhum inferno podia ser pior do que isso aqui.

- Bom. - Eu pisquei várias vezes. Droga. Eu sempre piscava quando mentia. Temendo que eles pudessem perceber, abaixei a cabeça. Espera. O meu pai tinha problemas de atenção, e a Sra. Cérebro de Espantalho não perceberia um macaco voador nem se ele batesse na cara dela.

Meu pai relaxou na cadeira reclinável e Ashley sentou no colo dele.
Meu Deus, sinto muito pelo que quer que eu tenha feito, mas, sinceramente, meu pecado foi tão ruim assim? Meu pai beijou a mão dela.
Engolindo bile, voltei a atenção para a lareira.

- Você está preparada para fazer o exame nacional no sábado? - perguntou meu pai.

As galinhas gostavam de ser colocadas em caminhões do KFC?

- Claro.

- Você estudou listas de palavras mais cedo. Então se concentre apenas na matemática. É ai que você tem problemas.

Problemas? Minhas notas de matemática eram muito acima da média, mas é claro que isso não era bom o suficiente.

Ele continuou:
- A Sra. Collins te liberou de algumas aulas pra você poder se preparar?

- Sim.

- Eu notei alguns folhetos do baile do Dia dos Namorados no escritório. Você e o Luke vão? – Quando Ashley tentava pescar informações, sua voz irritante assumia um tom ainda mais alto de chatice.

Os cachorros no Oklahoma estremeciam.

- O Luke me convidou hoje. Não se preocupe. A preciosa reputação da nossa família vai permanecer intacta. A Sra. Collins jamais saberá que você mentiu para parecer melhor.

- Eva!

Droga. Eu me contraí ao perceber a decepção na voz do meu pai. A desculpa automática saiu da minha boca.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora