Capítulo 22: Eva Mohn

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Quando eu me formasse no colégio, planejava pintar uma placa para a sra. Collins: Terapia é um saco. Rosa e branca com bolinhas, para combinar com as cortinas nas janelas.
- Desculpe por ter de reagendar sua sessão e tirar você da aula de informática. A conferência em Cincinnati foi fabulosa! Você está pronta para o Baile dos Namorados amanhã? Quando eu era adolescente, nossos bailes eram às sextas, e não aos sábados, como os de vocês. - A sra. Collins caçava meu arquivo entre as crescentes pilhas de papéis e pastas sobre sua mesa. Como ela podia ter perdido essa coisa? Graças a sua fértil capacidade de anotar, meu arquivo de sete centímetros de espessura agora tinha dez.

Ela deixou um arquivo de lado e o nome chamou minha atenção:
Chris Schistad. Fazia uma semana e meia que não nos falávamos. OK, não era totalmente verdade. Na última semana, tínhamos passado trinta segundos antes da aula de cálculo montando nosso último plano de ataque. Ele planejava interromper minha sessão de terapia para pedir algum tipo de formulário à sra. Collins. Esperava que ela saísse da sala para que eu tivesse acesso aos nossos arquivos. Mas isso não aconteceu. O Chris saiu correndo do escritório dela dez minutos antes do fim da sessão dele e não voltou.

Eu queria ter conversado com ele na segunda-feira, quando ele, a Sana e o Yousef vieram para a segunda sessão de monitoria/conserto do carro, mas ele manteve nossa conversa restrita exclusivamente a cálculo. Quando terminou de estudar, ele se juntou aos amigos, me deixando fora da trelinha deles de propósito.

Não que eu culpasse o Chris por me evitar. Eu disse umas coisas bem horríveis para ele na minha garagem. Coisas que eu não tinha ideia de como voltar atrás. Além disso, como eu poderia começar a explicar por que eu estava com um humor tão péssimo?

Mais cedo naquele dia, descobri que a Ashley carregava um menino em sua preciosa barriga. Ela deitou na maca, encarando a tela barulhenta em preto e branco, e disse:

- Ah, Eva. Você vai ter um irmão de novo. - De novo. Como se eu perdido um cachorrinho e ela estivesse criando um novo para mim. Eu não estava interessada em uma substituição.

Então o Chris foi até a minha casa naquela tarde e me deixou muito feliz com os conhecimentos automobilísticos do Yousef. Ele não precisava ter levado o cara nem compartilhado memórias de sua família. Mais uma vez, ele me mostrou como é um cara incrível, e o que eu fiz? Joguei na cara dele que ele dormia com qualquer garota que se oferecesse. Eu falei que ele não sabia amar porque ele não me disse o que eu queria muito ouvir. Que ele queria mais do que o meu corpo - que ele me queria.

- Sim, estou pronta para o baile - eu disse à sra. Collins, voltando à realidade.

- Fantástico. Ah, aqui está. - Ela abriu meu arquivo e se recompensou com um gole do seu novo vício: Diet Coke. - Eu gostaria de falar sobre a sua mãe hoje.

- O quê? - Ninguém falava sobre a minha mãe.

- Sua mãe. Eu gostaria de falar sobre a sua mãe. Na verdade, tem um exercício que eu gostaria de tentar. Você consegue descrever a sua mãe em cinco palavras ou menos?

Bipolar. Linda. Instável. Talentosa. Irresponsável. Escolhi a resposta segura.

- Ela adorava mitologia grega.
A sra. Collins se encostou na cadeira, revelando calças jeans e uma camisa social azul.

- Eu penso em biscoitos de chocolate quando penso na minha mãe.

- Tenho certeza que você sabe que a minha mãe não e do tipo que assa biscoitos. - Nem do tipo mãe.
Ela deu uma risadinha. Eu não pretendia que a frase fosse engraçada.

- Ela te ensinou os mitos?

- Ensinou, mas ela se concentrou nas constelações.

- Você está sorrindo. Eu não vejo você fazer isso com muita frequência na minha sala.

No limite da atração || Eva&Chris (Skam)Onde histórias criam vida. Descubra agora