capítulo três

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Infelizmente depois da confissão de Mark, os dias não chegaram a serem melhores.

Os treinos a cada dia se tornavam cada vez mais desgastantes para a rotina de Mark, impedindo-o de se encontrar com Jinyoung como antes; a bibliotecária pegava pesado com Jinyoung e Momo, e a chegada de novos livros e tarefas só complicava tudo; a escola estava os sugando, suas vidas íntimas estavam os sugando. Praticamente tudo torcia contra a amizade dos dois garotos, para fazê-los se afastarem cada vez mais.

E Jinyoung entrava no jogo como culpado, de acordo consigo mesmo. Não parava de lembrar da expressão desesperadora de Mark quando contou do casamento do pai, e o desejo de Jinyoung antes de tudo aquilo acontecer — "existe um problema comigo, ando me sentindo sozinho demais e preciso saber o que isso tem haver com você." Consideravelmente muito patético perto da verdadeira bomba.

Jinyoung não entendia a cabeça de Mark, mas imaginava o que poderia se passar dentro dela. Os tipos de pensamentos que o rapaz tinha, as emoções dele, e a vida que carregava.

Apesar de ter nascido privilegiado em um país que recentemente estava em construção e grande diferença salarial, Mark Tuan nascera órfão de mãe e descendente de estrangeiros. Seu pai, um empresário em construção, tinha se casado com sua mãe por acabar engravidando-a antes do tempo certo, e acabou criando o filho sozinho após a morte da esposa. O senhor Tuan, mesmo sabendo das dificuldades que passaria e passava junto da esposa e seu futuro filho, jamais desistira. Amava ela com todo o seu coração, e talvez, nunca tenha chegado a superar a perda.

No início, quem cuidava totalmente de Mark era seu pai, em uma época que sabia do potencial de seu grande coração; mas seu negócio começou a crescer, e ele precisava estar atento. Enriquecendo, contratou empregados, babás, pessoas para cuidar de tudo em sua vida exceto seu emprego — isso acabava incluindo Mark, que quase nunca recebia atenção de seu pai. Foi bom, porque se dependesse do velho, Mark jamais teria a noção da realidade qual fazia parte. Foi tratado com amor e cuidado pela sua babá, apenas até ela ser demitida por problemas pessoais. Antes, era só Mark e sua enorme mansão. Ninguém mais.

O pai, depressivo, procurava se satisfazer às noites assim como o pai de Jinyoung na bebida. Ele ia a festas escondido, mas todo mundo dentro de casa sabia. Ele arranjava amantes na mesma velocidade que dois dedos para estalarem. Era um homem fácil, cheirava a dinheiro, futuro e boa vida. Trazia-as para casa, enchia-as de conforto, só até perceber que nunca encontraria alguém igual sua antiga esposa, e desistia. E enquanto pensava nisso, suas amantes aproveitavam a vida de luxo dos sonhos, deixando os cacos para Mark que, assim como seu pai, era uma presa fácil.

Até Jinyoung surgir, construir um forte com ele, criar fantasias e lembrar que a vida não é somente feita de tristezas. Ela também é feita de memórias boas. Tanto para o Tuan, quanto para o Park.

E isso complicava. Atualmente, eles passavam pela fase de "memórias ruins". A situação estava mediana. Se algo caísse, seria o começo do fim.

Jinyoung pensava nisso, e chegou na conclusão de que não aguentava mais. Ele precisava reverter as coisas, algo tinha se prendido no passado e ficara o incomodando. O que seria mesmo?

Foi até a quadra de futebol. Com certeza ele estará lá.

Atravessou duas escadas, cinco corredores e caminhou diversos passos até sua linha de chegada. Lá, procurou por todos os lugares que podia, e o enxergou. Mas não solitário como imaginava.

Mark estava rindo, se divertindo. O time de futebol ao seu redor. Ele pendurava seu braço ao redor do pescoço de um dos jogadores, e de longe, notava-se que o papo no grupo era envolvente. Jinyoung deu um passo para trás. Não deveria estar ali, ele não queria estar mais ali. Silenciosamente, caminhou para fora, entrando na escola, desejando esquecer o que vira ou que seu cérebro voltasse a velha imaginação; um Mark triste pelo o que acontecia em sua família, se arrumando depois de um treino pesado e com saudades de Jinyoung. Pensando em Jinyoung.

"Ah, por que isso é tão importante?"

Jinyoung encostou as costas na parede e respirou fundo. Coração batendo forte, mãos suando, pensamentos fixos...

Encontrou uma solução. Era isso.

why? ☆ got7Onde histórias criam vida. Descubra agora