why? ☆ got7

capítulo nove

De todas as pesquisas que eu tinha feito até agora, a história de vida de Jackson chegou a ser ainda mais perturbadora.

Minha lembrança dele é de um rapaz calmo, animado e bonito. Que gostava de sair com os amigos e ir aos treinos da escola. De tão popular e querido que Jackson era, era impossível ninguém saber ao menos um pouco sobre sua vida pessoal. Assim como Jaeboum amava falar sobre suas avós, ele amava falar sobre sua vida "irada" sendo filho de um patrão de uma fábrica de colchões chinesa.

Pelo o que eu sabia, Jackson morava com a mãe e os empregados na mesma rua da casa de Mark. Sua mãe ocupava-se em ficar cuidando da casa ou relaxando no seu estilo "mulher rica". Quando estava fora de casa, Jackson normalmente ia treinar, estudar na biblioteca com os amigos do time, ou ir para a escola. Raramente alguém o pegava fazendo algo além dessas atividades, e se era visto, eram atividades comuns para adolescentes da sua idade — como ir tomar sorvete, passear de bicicleta, etc.

Por isso, quando fui me ingressar mais na história de vida do rapaz — agora um homem de trinta e seis anos —, fiquei extremamente abalado. Jackson nos contava apenas o primeiro ponto da sua vida. Havia muito a mais ao fundo.

A mãe de Jackson se suicidara em Julho de 2000, por uma crise de pânico que a tomara de repente. Constatou que a mulher sofria disso há quase oito anos, mas não se sabe o porquê não procurara ajuda antes se tinha condições financeiras para pagar um médico e conseguir cobrir toda a fofoca. O pai de Jackson passava mais tempo na China trabalhando do que indo visitar o filho único — que no final, acabou não sendo o único. Alguns meses após a morte da mãe de Jackson, seu pai se casara com uma importante advogada e formou uma nova família em Pequim. Jackson ficou na cidade por todo aquele tempo, bem mais do que esperado, pois consideravam que ele iria fazer uma faculdade assim como todos os seus outros colegas. Mas Jackson enganou a todos, incluindo a si mesmo.

Pego minha mochila e fecho a porta de meu quarto com força. Meu coração palpita rápido e diversas vezes. Uma parte de meu cérebro relembra todo o protocolo decidido para a entrevista, e outra parte concentra-se em chamar um táxi e dizer as instruções à ele. "Senhor, por favor, me leve a esta rua." Se Jackson estiver morando nesta cidade, Daejeon, alguns quilômetros perto da onde ocorreu o crime, a resposta cairá na palma da minha mão. Basta eu ter capacidade o suficiente de conseguir segurá-la com força, e resistir a sua verdadeira natureza.

Condomínio Pradarias, um lugar onde a maioria da população é constituída por idosos ricassos que não pretendem passar seus últimos anos presos em mansões. Rua Onze. Número 34. Uma casinha pequena, arrumada e com aspecto de ser cara, idêntica as outras. Um jardim inexistente, onde apenas há grama aparada. As janelas estão fechadas pela cortina. Desço do táxi, e sou surpreendido por um sol escaldante acima de mim. Não existem pessoas ao redor da rua. Respiro profundamente e aperto a campainha.

Uma mulher abre a porta. Seu sorriso é gentil e verdadeiro. Mas muda ao me ver, e de uma forma brusca, ela bate a porta na minha cara.

— Não queremos nos envolver em nenhuma dívida de cobradores. — Alega irritada atrás da porta.

— Não sou cobrador. — Respondo, com a sobrancelha arqueada.

— Também não nos interessamos em ouvir a palavra de Deus. Somos ateus aqui. — Adicionou, e dou uma leve risada com sua desculpa.

— Não vim cobrar nem espalhar a palavra de Deus. Sou apenas um mero tipo de detetive, e preciso falar com o senhor Jackson Wang.

Delicadamente, a porta abre um pouco para mim. A mulher me observa desconfiada, apoiando-se pela lateral.

— Sobre o que gostaria de falar com o senhor Wang?

"Então, ele vive aqui mesmo." Concluí mentalmente, e um certo pânico me atinge. Respiro fundo, e prossigo: