Quando se pensa sobre uma noção do que é a eternidade, não imaginamos o quão grande ela possa ser. Podemos pensar em um número, mas acabará sendo infinitamente maior do que esperado. E aguardar pelo seu fim é algo em vão, porque a eternidade nunca acaba, e se acaba, não era ela. Apenas um gostinho do que é o buraco negro do tempo, onde ninguém procura se arriscar. Os loucos não tem noção de tempo, por isso arriscam suas vidas como se esperassem uma outra pela frente.
Isso me faz repensar se a ideia de "louco" se enquadra realmente em mim, pois, agora, estou experimentando um gosto das areias do tempo, lentas e com gosto de ansiedade.
Jihyo se levanta da cadeira, indo para perto da escrivaninha. Pega o jornal, lê a manchete, olha para mim, volta a ler a manchete. Desiste e começa a pensar. Um pouco, mais um pouco, e para sempre. Eu poderia dormir aqui, esperar pelo meu fim verdadeiro, antes de ouvir sua decisão.
Mas o tempo brinca comigo, me fazendo aguardar e não ter a mínima ideia de quando ele irá acabar.
E então...
— Isso não faz sentido.
Antes de abrir a boca, Jihyo continua:
— Jinyoung, você precisa investigar isso.
Finalmente quando tenho lugar de fala, explico-a:
— Jihyo, os policiais já fizeram isso. Mark estava fugindo de um assalto dentro de sua casa e acabou tendo sua cabeça perfurada covardemente por um dos ladrões em uma tentativa de fuga. — Repeti exatamente as palavras que havia lido no jornal há tantos anos, que marcaram em minha memória a resposta qual me escondia da culpa, e com que pude me agarrar durante os anos.
— Mas continua não fazendo sentido ter sido você. — Jihyo afirma. — Como poderia ter sido você? Pode ter sido um dos ladrões, alguém que estava na mata fugindo da polícia, poderia até ter sido... — Jihyo fica quieta, e fito ela curioso. O que quer que fosse que ela iria dizer, era algo extremamente perigoso. — Deixa pra lá...
— Isso, deixa pra lá. — Concordei com ela.
— ... Mas ainda não me convenci. — Terminou.
Balancei a cabeça.
— Jihyo...
— Você deveria ir procurar mais sobre. — A psicóloga sugeriu, indo se sentar em sua poltrona de frente à mim. O olhar de Jihyo não era tão diferente com o de uma mãe para mim. Ela estava preocupada, queria respostas, e minha melhora. — Talvez se achar as respostas certas ao invés de se agarrar ao passado, consiga melhorar a sua vida.
Desviei o olhar da mulher, mesmo ela retribuindo com toda a ternura e carinho do mundo. Nunca havia recebido um conselho de Jihyo, mesmo já tendo imaginado que receberia vários ao longo das consultas. Eu estava preparado para ouvir um "procure se animar mais", "você é importante para o mundo", "o mundo sempre terá um recomeço"; mas não para algo assim.
"Procure as respostas e assim melhorará a sua vida."
Ao invés do efeito esperado, aquilo me sufocou.
— Eu preciso ir. — Anunciei, me levantando do assento e caminhando em direção à porta.
Surpreendentemente, Jihyo não dissera absolutamente nada.
Até no último segundo, quando me virei para a psicóloga, e pedi — por questões de segurança:
— Por favor, não conte a ninguém que eu sou o culpado.
Jihyo assentiu.
— Não se preocupe, eu nunca conto uma mentira.
─━⊱❉⊰━─
Yugyeom já tinha ido embora quando cheguei em casa. Acabou me deixando um apartamento bagunçado e fedendo a bebida — aquilo me deixou com raiva. Ele tinha chegado em casa em um estado completamente debilitado, para depois acordar de um desmaio e ir beber ainda mais?! Não tinha deixado um bilhete sequer, e um sentimento de preocupação se instalou dentro de mim. "Eu não quero que ele se torne assim como eu..." Engoli a seco. "Assim como o meu pai."
Afastei algumas folhas de jornal de minha poltrona, e fiquei encarando a paisagem da cidade na janela. Os prédios cinzas que logo estarão brilhando. Uma perfeita alegoria.
Pego uma das folhas, a que eu tinha lido a reportagem, e releio novamente.
"Indícios descobertos levantam novas questões sobre o mistério da morte de jovem bilionário."
"Talvez se achar as respostas certas ao invés de se agarrar ao passado, consiga melhorar a sua vida."
Respostas certas... Será que existiam? Poderei ter me enganado e me condenado a vida toda sem motivos? Mark morreu por minha causa, ou foi por outra?
Meu coração explode, assim como as luzes dos prédios quando a noite chega. E tomando um caminho diferente pela primeira vez, eu sigo em frente.
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why? ☆ got7
Fanfiction❝park jinyoung viveu por grande parte de sua vida se culpando, até descobrir que havia uma falha em seu passado, e a morte que o carregava tinha motivos para ser questionada.❞ ⇢ jinyoung!centric. ⇢ happy birthday, isa ♡