— Você pretende viajar de volta quando? — Perguntou Yugyeom através da chamada, sua voz demonstrando toda a saudade que sentira de mim. Não queria que tivesse sido minha culpa deixá-lo tão preocupado, mas os acontecimentos acabaram me fazendo acidentalmente esquecê-lo. E para compensar minha falta de juízo e afeto, escolhi ligar para ele exatamente naquele café barulhento, só para me concentrar em sua voz de criança birrenta.
Larguei meu café. Decididamente, não era o meu forte afogar minhas mágoas e decepções na cafeína, mas aquele momento pedia por experimentar algo fora da minha zona de conforto. Estar no meio das pessoas era como um novo desafio, tentar me aproximar delas, compreender suas vidas mesmo nem tendo o esforço de conhecê-las. E o barulho ajudava a tirar a cabeça das últimas memórias, todas desgastantes e inúteis.
Nos últimos três dias, eu tentara ir novamente na casa do senhor Jackson para terminar minha entrevista. E nas três vezes, eu falhei. Parecia que Jackson nem existia mais. Toda a casa estava trancada, não tinha sinal de nenhum barulho dentro dela, e os jornais matinais estavam jogados na entrada da porta. O jardim começava a perder seu brilho, e por mais que eu insistisse em tocar a campainha, seria praticamente em vão. Estava mais do que óbvio que não tinha ninguém naquela casa, e que depois do escândalo do desmaio de Jackson ao saber minha identidade, eu não era mais bem-vindo ali.
— Hoje a noite. Amanhã de manhã já estarei na capital.
— E você conseguiu achar algum final para o caso do seu amigo? — Yugyeom perguntou calmamente. Mal sabia ele que o final para o mistério da morte de Mark era o que menos me preocupava agora. Lembrar da crítica de Jackson quanto a mim por se envolver demais ao passado era mais dolorido. Ver aqueles olhos opacos, sem expressão ou emoção, dizendo como uma mensagem para eu ficar longe disso. Longe do que já tinha acontecido. "Estas são as consequências, não tente fugir delas. Você faz parte disso." Falei mentalmente, e suspirei.
— Infelizmente, o único suspeito qual eu tinha certeza absoluta não quis colaborar comigo. Então, deixei passar. — Dei um risinho triste. — Vou ter que ficar segurando essa culpa pelo resto da vida, pelo jeito.
Yugyeom ficou quieto por uns segundos, até me confortar:
— Ei, não fique assim. Pelo menos você não tem mais tanta certeza que foi você. Muitas coisas podem ter acontecido naquela noite. E veja só: você parece estar progredindo.
— É verdade, Yug. Eu estou progredindo. — Concordei. — Só não garanto que eu possa atingir o ápice da saúde. Não dizem que cada um possui a sua cruz para carregar? Me sinto indo em direção ao paraíso enquanto carrego ela. — Tomo mais um gole de café. Torço o nariz de leve. Não sei o que tinha na cabeça para ter pegado o extra-forte. — E é uma longa estrada.
— Já falei que adoro o jeito que você compara os seus sentimentos? Gostaria de ser poético desse jeito como você, às vezes...
— Yug, seja sincero, como anda a sua vida? Conseguiu parar de beber?
Yugyeom suspirou através da ligação, e meu coração se apertou no peito.
— Jihyo me pegou bêbado uma vez. Ela cuidou de mim, mas no dia seguinte, disse que começaria a me ajudar. Ela me levou em um especialista e tal, e me ajuda diariamente com uma consulta grátis dentro de casa e vive me visitando, para saber se estou bem. Ela é um anjo, Jinyoung. — Mentalmente, imaginei Yugyeom sorrindo enquanto segura o celular. — Agora sei porque você gosta tanto dela.
— E agora eu sei porque vocês dois são amigos. — Retribui. Um barulho alto me chamou a atenção, e quando fui verificar, apareceu a mulher que cuidava de Jackson, perguntando algo a um dos garçons da cafeteria. Ela olhou para onde o garçom apontava, e nos encaramos. — Yug, depois eu te ligo, quando eu estiver indo viajar, tudo bem? Tchau.
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why? ☆ got7
Fanfiction❝park jinyoung viveu por grande parte de sua vida se culpando, até descobrir que havia uma falha em seu passado, e a morte que o carregava tinha motivos para ser questionada.❞ ⇢ jinyoung!centric. ⇢ happy birthday, isa ♡