capítulo um

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Esse dia será diferente. Era a frase que Jinyoung se repetia o tempo todo desde o momento que acordara, tomara café, e pegara sua velha bicicleta pedalando até a escola. Era a sua motivação para seguir em frente, forçando suas pernas nos pedais pelos morros e alcançando velocidades absurdas nas quedas destes, sentindo o velho gosto do vento bagunçando sua cabeça e trazendo-o à realidade, a amarga e inacreditável realidade.

Uma realidade onde ele continuava desejando ser uma pessoa evolutiva, mesmo com os problemas o puxando frequentemente para baixo, com a cabeça perdida entre passado e futuro, alternando no presente, e felizmente, onde ele tinha um porto-seguro para se agarrar.

Desde crianças, ele e Mark permaneceram construindo fortes gigantes de lego e desejando serem nuvens. Constantemente mantiveram uma rotina de encontraram-se ao máximo, seja para brincar, estudar ou apenas passar um tempo em silêncio observando o céu. Era seu passatempo favorito. Às vezes, um soltava uma pergunta ou outra sobre os mistérios do azul celeste e seu infinito, e ignorando tudo o que ambos aprendiam na escola, inventavam soluções que nem eles sabiam como conseguiam explicar. Se sentiam loucos, cientistas e inteligentes. Aquilo bastava para calar a sanidade.

Até um dia, um parque de diversões se instalou na cidade onde viviam, e a região virar ponto de parada para estação turística. Vinham pessoas de diversos lugares do país para passear na cidade, e os próprios moradores colaboravam para seu crescimento, onde uma grande parcelha dos jovens e famílias de classe média costumava se divertir naquele lugar encantado. Com seus brinquedos com prêmios hipnotizantes, uma montanha russa de dar medo e uma roda-gigante de vista encantadora, mesmo sendo uma cidade pequena, aquela tinha sido a salvação para tudo.

Por privilégios naturais, Mark tinha o superpoder de sempre ter um maço de grana cheio no bolso da calça. Era tanto dinheiro que Jinyoung se perguntava como conseguia caber em apenas um mísero bolso de calça, mas conseguia. E Mark resolvera utilizá-lo a seu favor; todo fim de semana, ele e Mark arranjavam um jeito de se divertirem no parque.

Fosse frio ou fosse calor, o parque continuava ali, cheio de visitas e cheio de cores. Os dois amigos desfrutavam de cada atração, e seguindo a tradição, deixavam a roda-gigante e sua bela paisagem para o final, onde devoravam alguma guloseima da tenda de lanches ao mesmo tempo. Os dois sentiam estar mais próximos do céu qual tanto admiravam, e sorriam, sonhando com a vista do infinito bem de pertinho, e as luzes da cidadezinha abaixo, completando tudo.

Jinyoung agradecia imensavelmente pela existência do amigo, e somente agora, ele era a chave para sua melhora. Pedalava até a escola por sua causa, que se dane a matéria — e isso somente na primeira semana de aulas, imagina-se como poderia ser ao longo do ano.

Chegando lá, Jinyoung procurou pelo amigo. Daqui a pouco as aulas começariam, e ele precisava ser rápido. Foi procurando-o de corredor em corredor, até desagradavelmente o encontrar junto dos alunos esportistas da escola, mantendo o que poderia ser um papo animado. Animado demais para uma manhã de semana dentro da escola.

— Bom dia, Jinyoung. — Cumprimentou um dos atletas, Jackson.

— Bom dia, Jack. — Jinyoung chegou próximo deles, respirando fundo. "Esse dia será diferente", repetiu novamente, desejando ser um feiticeiro, apenas para conseguir enganar a si mesmo e acreditar realmente nas próprias palavras.

— Bom dia! O que houve? — Mark falou, olhando profundamente para Jinyoung. O Park deu um passo para trás. Mark o conhecia tão bem que sabia quando alguma coisa estava errada. E ele parecia tão feliz conversando com os atletas que...

Jinyoung balançou a cabeça, acenando para todos do grupinho.

— Nada, só queria saber se você estará livre hoje de tarde para uma pedalada. — Mentiu.

Mark assentiu, mas sem sorrir.

— Logo depois do treino, sim.

Ah, é. O maldito treino.

Quando Jinyoung e Mark começaram as aulas na nova escola, naquela primeira semana, Mark confessara que descobriria um jeito de usar seus conhecimentos em esportes a seu favor. Coincidentemente, o time de futebol escolar estava fazendo audições para novos jogadores. Com todo o apoio do melhor amigo, Mark fez a inscrição, e passou. Agora, ele teria treinos três vezes na semana, oficialmente fazendo parte de um time, e mostrando-se o que ele não pensava que fosse: um excelente jogador.

No começo, Jinyoung estava ao lado do amigo o tempo todo, para só o segundo treino chegar, que ele se cansara daquela história rapidamente. Ele sentia algo quando via Mark correndo, interagindo com outras pessoas. Tinha sido só os dois durante anos, onde apenas imaginavam os seus sonhos correndo pelos seus dedos e sua imaginação. Agora, estavam conquistando algo. Isso era o incômodo. Porque enquanto Mark fazia algo — seguia em frente —, Jinyoung apenas observava, e não fazia nada.

Por isso, ele evitava ao máximo pensar que nisso. Mesmo sabendo que era importante para Mark. Ele o apoiaria, mas ignoraria ao mesmo tempo.

O sinal tocou, e Jinyoung anunciou que precisava ir. Despediu-se de todos, seguindo para a aula do dia, desejando não ter levantado da cama, a mesma frase se repetindo a fim de animá-lo.

No corredor, Mark gritou para ele, e o Park se virou. Mark caminhou até ele, e lhe entregou um papelzinho, dando seu clássico sorriso, e indo embora.

Jinyoung observou o amigo partir, e quando ele dobrou de corredor, Jinyoung abriu o papelzinho, curioso.

"Na árvore perto de casa, hoje de tardezinha. Eu trago refrigerante."

Jinyoung suspirou, as mãos suando, o coração pulsando, mas sem saber o que aquilo significava. Pelo menos, tendo esquecido disso.

why? ☆ got7Onde histórias criam vida. Descubra agora