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Eu e Anelise passamos a tarde inteira rodando o shopping atrás de roupas, pois segunda ela, meu guarda-roupa era muito ultrapassado e rústico para uma jovem de 24 anos.

Acreditei nela, afinal, ela é modelo. Nós nos divertimos muito hoje no salão, fiz uma escova e um penteado, uma extensão de cílios, as unhas e tive direito a um spa de pés. Estou amando cada minuto ao lado de uma amiga de anos.

— A gente devia fazer uma Tattoo!— Anelise propôs apontando para um Studio de tatuagem em que passamos em frente.

— Oi? Tá brincando né? Eu não entro aí nem morta!— respondo.

— Por favor Isa, não te custa tentar!— insisti a mais velha.

— Não, mas que droga! Você não sabe mesmo ouvir um não!— saio feito bala para a praça de alimentação, sem olhar para trás. Fui até o balcão de uma pizzaria e fiz o pedido de uma pizza grande. Pude ver Ane sentada em uma das mesas, cabisbaixa, mexendo em seu celular. Me senti completamente culpada pela minha atitude infantil.

— Fez o pedido?— perguntou seca.

— Me desculpa?— A abracei e a mais velha parecia não esperar tal ato, mas em seguida, retribuiu.— Eu fui uma completa idiota por gritar com você.

— Concordo.

— Ei!— gargalhamos — tá bom, vou te explicar o porquê esse meu medo de fazer uma tatuagem. Eu nunca te contei isso antes, eu e Rick queríamos esquecer esse acontecimento, mas parece impossível...— ela prestava bastante atenção.— Minha mãe, Alba García Jackson, faleceu quando eu e Rickey tínhamos 5 anos. Um acidente horrível, em que duas mulheres incríveis perderam a vida. Certa noite meu tio e meu pai decidiram sair para jantar, e como éramos pequenos e minha prima Rebecca, mesmo que dois anos mais velha que nós, não tinha maturidade para tomar conta de duas crianças, tampouco dela mesma. Então, nossos pais decidiram chamar uma babá e seguiram em direção ao restaurante— um filme passava em minha cabeça, eu não presenciei o acidente, mas imaginar o sofrimento da minha família naquele momento, dói muito mais— Mas eles nunca chegaram.

— Isa, eu... eu sinto muito. Não fazia idéia!— seus olhos estavam marejados, estava prestes a chorar.— Não precisa terminar, eu sei o quanto dói.

— Obrigada, amiga, mas sinto que te devo explicações!— Acariciei suas mãos— Depois desse acontecimento, o  meu relacionamento com Rebecca virou um inferno! Ela fazia de tudo para me prejudicar. Dizia que a culpa era minha de minha mãe e tia terem morrido, só porquê antes deles saírem eu fiz manha, como toda criança. Na cabeça dela, se eu tivesse deixado eles saírem às 20h em ponto, o cervo não teria passado e elas estariam vivas. Ela já me empurrou da escada, da janela e eu quebrei minha clavícula quando ela uma vez pisou em meu peito. Por isso meu medo de agulha, ou qualquer coisa ponteaguda que possa me causar dor.

— Meu Deus, essa menina é piscopata! Eu sinto muito por você ter passado por tudo isso, Bella.— ela estava assustada, afinal, não esperava um drama familiar nesse patamar.

— Foi doloroso, até hoje ela me odeia. Tudo por inveja, ciúmes e inseguranças dela. E o pior é: ela está namorando o cara que eu sou completamente apaixonada.— o nosso pedido já havia chegado, agradeci ao garçom e bebi um gole do refrigerante que chegou junto a pizza.

—Jura? Quem é o corajoso?— debochou, enquanto devorava seu pedaço de pizza.

— Harry Styles.— Anelise começou a tossir e quase se engasgou com a calabresa da pizza.

— Não acredito que você gosta do Harry! Me conta isso...— Perguntou curiosa— como se conheceram?

— Ele foi até a minha farmácia e acabou batendo a cabeça em um armário, desmaiando por 3 horas. Aí ele disse que teve um sonho comigo e acordou me chamando de namorada e me beijou!— Ane começou a rir descontroladamente e todos da praça nos olhavam estranhos.— Enfim, passei dois anos gostando dele em segredo e ficando com outras pessoas, pra tentar esquecer ele. Mas eu falhei. Infelizmente, percebi tarde demais.

— Nossa, que loucura. Sua história parece muito com a dos meus pais.— bebeu seu refrigerante e eu a encarei esperando que ela continue — meu pai sonhou antes de conhecer minha mãe que eles se casavam. Mas no sonho ele a traia e maltratava, então ela se suicidou e ele não aguentou viver se culpando pela morte dela. Quando acordou, esbarrou com ela no mercado e se apaixonaram. Infelizmente, ele cometeu os mesmos erros na vida real, mas assim que ele adoeceu, minha mãe cuidou dele como nunca cuidara de ninguém, fazendo assim ele perceber que era ela a mulher que ele precisava proteger, e não machucar.

— Que história linda, Lise. Se parece mesmo com a minha, mas sei lá, Harry está com a Rebecca agora, ele disse coisas horríveis pra mim, eu disse coisas horríveis para minha família.— Suspiro — só sei que eu sou um monstro.—  eu brincava com os dedos na borda do vestido.

— Jamais diga isso novamente! Você não é um monstro. O ser humano erra, e muito, não somos perfeitos. Nossa tendência é sempre errar. Não se culpe pelo passado e nem acredite no que pessoas ruins dizem a seu respeito. A vida é uma só, não deixe de viver por medo ou culpa. Seja livre, viva o momento.— ela estava certa. Eu já vivi muita coisa ruim, acho que meus dias de glória estão chegando.

— Vem!— puxei sua mão e saímos correndo da praça de alimentação. Literalmente correndo.

— Para onde estamos indo?— perguntou aos berros, já que corríamos em meio a pessoas nos corredores do shopping.

— Viver o momento!

[...]

— Tem certeza que essa roupa está boa?— Perguntei mais uma vez para Lise, que olhava atentamente para o espelho em sua frente.

— Tenho. E antes que pergunte de novo, o Uber já está aqui na frente.— pegou sua bolsa e me arrastou até o lado de fora. Entramos no carro e seguimos nosso caminho.

Eu e Anelise estamos indo ao Club up. No estilo underground clandestino, é uma das baladas mais novas da cidade. No quesito estrutura, a casa possui duas pistas e dois bares, que tocam estilos musicais distintos. É o ambiente perfeito para esquecer meus problemas e, viver o momento!

Ao chegar no estabelecimento, um rapaz alto e forte estava na porta, assim que viu Ane, puxou uma corda de veludo vermelha e sorriu para nós.

Entramos na boate e wow, que lugar incrível! Melhor do que nas fotos!

Falando em fotos — Precisamos de uma foto!— Ane gritou em meu ouvido, devido a música alta.

— Sim! A quem pedimos para tirar?— grito de volta. Antes que eu pudesse falar mais algo, Lise puxou um rapaz da pista de dança e o pediu uma foto. Fizemos uma pose para que nossas tatuagens fossem o destaque. Afinal, tomei muita coragem para marcar minha pele para sempre, nada mais justo do que o destaque nas fotos.

...

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Medicine || hesOnde histórias criam vida. Descubra agora