12. O mar salgado

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   Letícia

   O Gonçalo foi mais rápido ao chegar ao quarto e pegou no Noah que ainda chorava. De repente, a sua expressão ficou desesperada.

   - O que se passa? - perguntei também já ficando nervosa.

   Ele não respondeu e entregou me o filho enquanto pegava na mala azul e colocava algumas coisas essenciais de bebé.

   E foi só quando abracei o Noah, que percebi o que se passava. Ele estava quente, com uma febre fora do normal e que me fez sentir responsável por não ter cuidado dele como deveria.

   Descemos até à garagem e seguimos no Mercedes do meu chefe até ao hospital mais próximo. Sinto que a viagem demorou uns 10 minutos, mas quando se tem um bebé a arder de febre na cadeira ao lado, parece que demorou uma eternidade.

   O Gonçalo aparentava estar muito nervoso e foi mais que rápido ao dar as informações do Noah à recepcionista que nos mandou aguardar na sala de espera.

   - Desculpa! Eu devia estar a fazer o meu dever de babá e não ter deixado isto acontecer.

   - Não é culpa tua. É mais normal do que parece ainda para mais sendo um bebé.

   A conversa não se estendeu muito mais, porque a médica chamou pelo nome do Noah quase logo. Fiquei sem saber se devia entrar também ou esperar cá fora. O Bonitão pegou na minha mão e arrastou me até ao consultório.

   - Boa tarde! O que se passa com o pequeno Noah? - perguntou bem simpática a médica.

   - Ele estava bem até quando à uns minutos atrás, ele começou a chorar e eu reparei que ele estava a arder em febre.

   - Vamos lá examinar o menino. Mamã, tire a roupa por favor. - Eu fiquei bem surpresa, não queria que o Gonçalo levasse a mal, mas como ele não disse nada e não tínhamos tempo a perder, cheguei perto do meu bebezinho e tirei a roupa dele. A muito custo, devo dizer, já que ele chorava e o meu coração partia.

   Depois de fazer o que a médica pediu, ela examinou o e mandou vesti-lo novamente.

   - É normal os bebés ficarem congestionados neste tempo. Os bebés, como devem saber, têm um sistema imune ainda em desenvolvimento, e o Noah apenas apanhou uma pequena gripe. Aconselho vapores e a água salgada do mar também lhe faria bem, mas não se esqueçam de o agasalhar bem.

   - Obrigada doutora. - agradeceu o Gonçalo levantando se e apertando apenas mão da médica.

   - As melhoras para o pequeno.

   Deixamos o hospital e reparei que não seguimos no caminho para casa. Como aproximadamente minha curiosidade falou mais alto, perguntei:

   - Desculpa o inconveniente, mas onde vamos?

   Ele olhou para nós através do espelho e respondeu:

   - Eu vou seguir o conselho da doutora, babá! Vamos à praia! Que dizes? - indagou num tom divertido.

   - O chefe manda! -respondi também alegre porque para más coisas já bastava o Noah estar doentinho.

   A viagem foi bem mais tranquila que o esperado, o bebé adormeceu na cadeirinha e eu fui a conversar o pai dele como se tratasse de algo normal. Percebi que também o Gonçalo estava mais relaxado e isso fez me feliz,já que eu não pretendia que a nossa conversa fosse deixar um mau clima.

   - Chegamos! - avisou e eu acordei de um cochilo. Nem me tinha apercebido de ter adormecido. Sentia a cara dolorida devido a estar a dormir escontada à cadeira do pequeno.

   Peguei no Noah nos braços e este mexeu - se, mas voltou a aconchegar se para voltar a dormir.

   Saímos do carro com a mochila do Noah e o Gonçalo montava o carrinho para que o passeio fosse mais confortável.

   Seguimos em direcção à praia e caminhamos à beira mar, não fomos para a areia porque o carrinho não o permitia. A nossa conversa continuou:

   - E a tua família? Vives agora muito longe deles?

   - Não, foi das condições que impus a mim mesma. São a única família que eu tenho e preciso deles perto de mim.

   - Não convives com a tua família além dos teus pais? E irmãos, tens?

   Seria injusto da minha parte se não me abrisse com ele depois de tudo o que ele me contou. Então decidi desabafar um pouco.

   - A minha mãe foi abandonada depois de engravidar muito nova de mim. A família dela não aceitou bem isso e mandou a embora. - suspirei - E o meu pai vem da Alemanha sem contacto algum com a família.

   - Sentes que serias mais feliz com mais gente a teu lado? - perguntou com cuidado talvez achando que eu não gostaria.

   - Por vezes eu penso que seria bom festejar com mais do que duas pessoas certos momentos importantes da nossa vida, mas depois percebo que os meus pais sempre fizeram de tudo para que eu fosse Feliz e tornaram cada momento especial. - recordei me de uma das suas perguntas à qual não tinha respondido e continuei- Quanto a irmãos, a minha mãe perdeu um filho quando eu era ainda pequena. Foi muito difícil para eles, mas como sempre, eles escondiam a sua tristeza para que isso não me afectasse.

   - Eu lamento. - Disse enquanto me abraçava. Tínhamos nos sentado num banco onde a vista para o mar era incrível, e o por do sol tornava aquela paisagem um desenho bem bonito.

   Ficamos um bom bocado em silêncio com a minha cabeça encostada no seu ombro e tudo parecia estar a entrar nos eixos. Um choro fininho atravessou os nossos ouvidos e os dois sorrimos enquanto eu me inclinava para pegar no pequeno.

   Enquanto o ajeitava no colo, verifiquei novamente se a febre tinha baixado e o pequeno esticou se para colocar as mãos na cara do pai e assim lhe dar um beijo molhado. A imagem de família feliz passou me na cabeça e naquele momento, não me pareceu errado.

   Como sempre, uma nova dúvida surgiu na minha mente. O Gonçalo tinha dito que o Noah tinha 2 anos, mas este não aparentava devido ao pequeno tamanho e também não andava e só balbuciava alguns sons típicos de bebé.

   - O que aconteceu para o Noah não se ter desenvolvido como um bebé normal?

   Mais um capítulo para vocês,  desta vez mais pequeno porque quis deixar o suspense😉😈
   Beijos da autora mazinha😀

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