27. Um pai preocupado 🙊👀

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Letícia

Dália Fernandes, com os seus recentes 40 anos, balançava o Noah e cantava baixinho, tal como eu fazia depois de assim ter aprendido com  ela. Desde que a olhava sentia  cada vez mais a sua avó interna a surgir.

Eu sabia o quanto ela queria ser avó, mas ela sempre me disse para levar as coisas com calma, e assim o fazia. Anthony Müller, meu pai também pouco mais de 40 tinha e entrava neste momento pela porta de minha casa. Ao ver a esposa com uma criança ao colo e outra no berço adaptado, arregalou os olhos cor de avelã e passou reto por mim.

Sentou - se do lado da minha mãe e acariciou os cabelos loiros do Noah. Os dois olharam - se e sorriram afetuosamente. 

- Ela tem jeito para cuidar de crianças, Anthony. A nossa filha encontrou algo que gosta e fá-lo tão bem como a fisioterapia. - falou antes de mim e orgulhosa. Era o que me dava mais prazer: ver os meus pais orgulhosos de mim e do que gosto.

- Tudo tem um propósito, minha filha. E agora ganhamos dois netos emprestados. - entoou com exaltação a sua vaidade.

Eu ia responder, mas nesse momento bateram novamente à porta. Deviam ser os pais da Eleanor. Eles costumam vir buscá - la a esta hora. 

- Boa tarde, Letícia. Viemos buscar a nossa menina. - deixei que os dois entrassem e os meus pais logo os receberam.

- Estou a ver que dispensam apresentações. - ironizei depois de todos já estarem a cumprimentar - se. - Ela está a dormir, mas fiquem aqui com os meus pais que eu vou buscar a mala dela.

Subi até ao meu quarto no qual estavam várias malas amontoadas. Estas continham brinquedos, roupas, malas minhas que ainda não tinham desfeitas... Eu confesso que as crianças me têm deixado exausta e dá um pouco de preguiça de arrumar tudo. Além disso, quase ninguém vem cá, por falar nisso, espero que a minha mãe não se lembre de vir, porque senão vai - me dar um raspanete!

Desci com uma mala cor de rosa no ombro e uma lancheira branca na mão e pousei em cima da mesa de centro.

- Ficamos felizes por saber que tens bons vizinhos por aqui. - cortou a conversa que estavam a ter.

- Mas sei de outros vizinhos que também são muito próximos da sua filha, Anthony. - o meu pai não percebeu logo a maliciosidade na fala do John, mas eu sabia que este se referia ao Gonçalo.

- O pai desse bebé é bem íntimo da sua filha. E ela até já encantou a família dele. Só falta ambos assumirem que há algo entre eles! - Segurem - me que eu vou matar a Monique! Ela pisou a bola!

A nossa aproximação tinha levado a conversas em que eu tinha confessado sentimentos e muito mais... Os dois sabiam da minha história com o Gonçalo, mas não era a melhor hora para a revelarem. Podia contar as coisas dessa forma à minha mãe, mas acreditam que a reação de Anthony Müller é muito imprevisível. Tudo pode acontecer: Desde levar uma sova a ser abraçada com carinho.

A reação dele ficou pelo intermediário quando ele atingiu tudo o que estava a acontecer. A minha mãe também esperava a reação exata do meu pai, mas acreditem que eu espero o pior!

- Tu tens namorado, Letícia Müller? Como assim eu não sei de nada disso? - a sua voz ficou alterada, mas não apresentava agressividade e eu agradeci mentalmente por isso.

- Pai... - comecei calmamente e segurei as suas mãos. - Eles não se expressaram correctamente. - lancei um olhar matador para os dois. - Eu não namoro. Conhecemo - nos de uma maneira um pouco diferente... e depois descobrimos que éramos vizinhos e ele ofereceu-me trabalho. A família dele também foi muito agradável e já me recebeu em vários momentos. Só isso, não é preciso fazer uma tempestade num copo de água. - respirei fundo depois do meu discurso nervoso.

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