❤ O café que eu entornei ❤

42. O cruzeiro

Letícia

Finalmente íamos desfrutar da viagem no cruzeiro que me foi dado de presente. Despedi-me de todos e fomos a caminho do paraíso.

O Gonçalo segurava a minha mão e o Noah dormia no seu ombro. Apesar da nossa briga de manhã, ele fingia agora que nada se passava ao agir normalmente.

Eu tinha dormido em minha casa, algo que também tem sido motivo de briga, e quando me foi buscar, viu-me pegar em dinheiro para algumas das despesas da viagem. E ele passou - se e começou a dizer que ele iria pagar tudo e que eu não devia gastar dinheiro... Ou seja, uma razão estúpida para discutir, mas que pelos vistos o zangou bastante.

Chegamos ao cais onde estavam três grandes cruzeiros. Todos eles bastante luxuosos e com uma estrutura parecida. Varandas que deviam pertencer aos quartos, o primeiro piso parecia ser o restaurante, pelo que era visível através das janelas. Todos eles tinham piscinas no andar superior e até mesmo um pequeno jardim no andar de baixo.

Eu estava boquiaberta e com toda a certeza iria aproveitar cada momento naquele luxo!

- Parece que só um cruzeiro para nos juntar! - o agente e melhor amigo do Gonçalo caminhava até nós junto da namorada de quem eu me tinha tornado muito amiga.

O meu namorado abraçou o amigo e logo de seguida a Claire. Estes cumprimentaram - me a mim e ao Noah de seguida.

Entramos todos juntos no cruzeiro que me pareceu ser o que tinha mais andares. Logo à entrada eram visíveis umas escadas em caracol que ligavam aos andares superiores. Do lado esquerdo, via se todas as mesas que constituíam o restaurante. Tudo era encantador.

- Ai, Letícia! Vão ser os melhores dias da nossa vida!! - a Claire estava tão ou mais feliz que eu.

Visitamos cada pedaço daquele gigantesco lugar e só no fim rumamos aos quartos. Descobrimos que o Daniel tinha tirado os bilhetes ao mesmo tempo que os meus sogros, logo ficaríamos lado a lado nos quartos.

Eles entraram no 407, que ficava quase no fim do corredor do quarto andar e o nosso era o 408, o último do corredor. Ainda não tinha trocado uma palavra com o Gonçalo e assim se manteve enquanto ele abria a porta com o cartão automático.

Pousamos as malas na entrada e ele colocou o Noah adormecido num berço improvisado que tinha perto da grande cama coberta por lençóis brancos.

- Vais continuar sem falar comigo até quando? - quebrei o silêncio. - É que eu planeava aproveitar esta viagem contigo e não sozinha com o meu bebé. - tentei não alterar muito a voz para não acordar o pequeno.

- Porque não aceitas apenas que eu te pague as coisas? - virou - se para mim com a sua cara de amuado que apenas o deixava mais fofo ainda, mas tinha de manter a minha pose séria, até porque esta conversa era necessária.

- Eu quero ser uma mulher independente! Alguém que pode gerir o seu próprio dinheiro e pagar as suas despesas! Não preciso de um homem para isso! - Ele mostrou-se ofendido pela última frase, mas porque não a entendeu correctamente.

- Isso significa que não precisas de mim?? - alterou o seu tom de voz. - Que eu já não sirvo para mais nada na tua vida? Então para que me chamaste sequer nesta viagem? - ele não parava de rondar o quarto e já nem dizia coisas com nexo.

- GONÇALO! - berrei para que ele parasse de dizer barbaridades. - Eu apenas quis dizer que eu tomo conta do meu dinheiro. Eu pago as minhas coisas e não me importo que me pagues algo de vez em quando, mas não tudo! És meu namorado, não meu pai ou meu cuidador. - Ele cruzou os braços e fez um bico que só o deixava irresistível e dava vontade de o morder. - Eu preciso de ti! E muito! - Aproximei-me dele a passos lentos conforme ia falando. - Mas para me amares. Para cuidarmos um do outro. Para partilharmos momentos. E para sermos felizes juntos. E para tudo isso não preciso que me pagues nada. Não tenhas esses pensamentos idiotas. - Ele pegou - me pelas nádegas e sentou-se na cama comigo no seu colo.

- Desculpa. Fiquei possesso com a ideia de não me quereres. Eu Amo-te. - meteu uma mecha do meu cabelo por trás da orelha enquanto me olhava profundamente. - Eu percebo que queiras gerir a tua independência à tua maneira, mas agora podemos compartilhar várias coisas, pelo simples facto de sermos um casal. - Não estava a entender onde ele queria chegar. - E isso podia incluir partilhar a cama todas as noites. - Lá íamos nós novamente nessa conversa.

- Já disse que ainda é cedo. - Ele levantou - se e seguiu até uma porta branca do outro lado do quarto, que percebi ser a casa de banho, batendo os pés furioso. - Se quiseres, podes vir connosco à piscina.

Troquei - me no quarto mesmo e fiquei a olhar o meu bebé enquanto esperava o pai dele. Porque é que às vezes relacionamentos têm de ser tão complicados? Bem dizia a minha mãe que "nem tudo é um mar de rosas." Agora eu percebia.

Quando saiu depois de longos minutos, pegou no filho e saiu sem nem me esperar. Ia ser um longo dia...

《♡♡♡♡♡》

Estava sentada na berma da piscina com a Claire e o Noah estava no meu colo a molhar os pezinhos divertidamente na água quente. Os nossos homens foram até ao bar.

- Que clima é esse entre ti e o Gonçalo? - Até a Claire já tinha percebido que algo estava errado. Ele não também não fazia nem questão de disfarçar. Eu precisava de desabafar e a Claire era minha amiga, portanto eu contei sobre a briga idiota sobre dinheiro que já estava resolvida e comecei a contar sobre o outro problema.

- Ele simplesmente decidiu que quer que eu more com ele e tem insistido bastante nisso. - falei e suspirei cansada daquele assunto.

- E qual o problema em se mudarem juntos? - Ah não! Ela não podia estar do lado dele!

- Eu só acho que ainda é um pouco cedo para isso! - tinha sido essa a minha desculpa por todo esse tempo, até porque não tinha outros argumentos.

- Ouve, minha loira linda. - pegou o meu rosto nas suas mãos. - Eu mudei - me para a casa do Daniel 1 mês depois de nos conhecermos. Ainda nem namorávamos direito! E olha como somos felizes! E aliás, estamos à espera de um filho. - sussurrou a última parte para que ninguém ouvisse.

- A SÉRIO? - ela mandou - me baixar o tom. - E como é que ele reagiu?

- Ele ainda não sabe. Quero contar - lhe nesta viagem. - estava muito feliz por a minha amiga estar feliz e a construir família. - Mas vou aproveitar que ele ainda não sabe e vamos as duas jantar sozinhas mais logo! Vais beber, esquecer os problemas e depois decides se está ou não na hora de viver com o amor da tua vida.

Por instinto, olhei para ele. Ele conversava com o Daniel, mas pressenti o seu olhar distante. Queria que todos os nossos desacordos se resolvessem e que eu ultrapassasse as minhas inseguranças para poder ser feliz ao lado do meu homem.

E assim o faria, mas realmente talvez precisasse desta noite só de mulheres para espairecer a mente.

Então, meus pinguins?🐧 Gostaram do capítulo?  Comentem o que acharam e votem! Beijos da vossa autora🐇