11. O que eu não esperava descobrir

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   Gonçalo

   - Um dia mais tarde, já junta com o teu pai, a nossa empresa recebeu um contrato que nos ia valer milhões. Como qualquer bom patrão, achamos que seria um bom negócio e assinamos. Tudo corria lindamente até ao dia em que as contas da empresa não batiam certo e o dinheiro do contrato assinado não estava  a aparecer.

   - Foi a minha mãe que queria vingança. - concluiu a Helena.

   Eu estava mais que confuso e chateado por me ter apaixonado por uma mulher que não teve confiança em mim para me contar sequer que era minha prima. Sabe - se lá se algum dia gostou de mim mesmo...

   - O meu irmão morreu e os meus pais induziram à mãe da Helena, minha irmã, que tudo era culpa minha. O que não faz sentido porque eu nem sequer participei da vida deles. Assim, a Pietra, resolveu vingar se e o contrato foi a maneira mais fácil, visto que o plano dela arruinaria a empresa.

   - Mas porque não falam e tentam resolver as coisas? - perguntei e a Helena acenou concordando comigo.

   - Podia ser uma solução eficiente se ela me quisesse ouvir... - a minha mãe respondeu e notei tristeza na sua voz.

   O meu pai continuava calado e apenas segurava a mão da minha mãe. Também ele tinha sido vítima numa situação em que nada lhe dizia respeito. Mas ele continuou lá, junto da minha mãe, e juntos reergueram a empresa. São um orgulho para mim e um casal que me inspira.

   - Acho que já entendi toda a história. Eu só tenho uma última pergunta para ti! - virei me para a mulher que eu pretendia casar e formar família e esta olhou surpresa e com medo do que estaria por vir. - Porque entraste na minha vida?

   Ela evitou o meu olhar por estar envergonhada e falou:

   - Eu apenas conhecia a versão da minha mãe. Eu queria justiça, então pensei que afectar novamente a empresa Campbell seria arriscado. Por isso, envolver - me com o filho mais velho foi o que eu pensei que daria certo.

   - Alguma vez nutriste algum sentimento sequer por mim? - Eu já pressentia a resposta mas eu precisava de ouvir isso da boca dela.

   - Não! Eu até estava a desistir desta ideia de vingança, não porque me apaixonei, mas porque o meu namorado me pediu por isso.

   - Como tens o descaramento de dizer que nunca amaste o meu filho e ainda o traíste? - A minha mãe levantou se enervada e apontou - lhe o dedo. - Fora desta casa e nunca mais te aproximes da  minha família! E dá o recado à tua mãe também, já que ela não quer resolver as coisas, que não nos estrague a vida.

   Flashback off

   Os dois ficamos em silêncio por um tempo, ela sentiu que eu necessitava de respirar e a Letícia parecia absorver tudo o que eu disse.

   - Mas como é que ela se tornou mãe do teu filho?

   - Talvez essa seja a pior parte. - Ela arregalou os olhos como se não imaginasse que algo fosse pior que aquilo. - Uns tempos depois ela voltou e fingiu se de arrependida, disse que tinha acabado com o namorado porque descobriu estar apaixonada por mim e eu, como um homem ainda um pouco imaturo e ainda apaixonado, caí nas graças dela.

   - O que é que ela queria de ti desta vez? - indagou mostrando se zangada.

   - A verdade  é que nessa mesma semana, as nossas mães tinham se entendido, mas eu não sabia. A Helena continuou a querer vingança de mim, porque eu deveria ter casado com ela para depois esta fugir com o namorado dela e com todo o meu dinheiro. A mãe dela descobriu todo o plano e deixou de a sustentar, então ela reatou comigo, pediu me um lugar na empresa e assim conseguiu tirar - nos uma grande quantia do banco.

   - O que fizeste quando descobriste?

   - Eu nao queria acreditar que tinha sido ela, até ao dia em que as malas dela estavam à porta quando cheguei a casa e o namorado estava com ela. Os dois iam fugir e, sem eu perceber, o plano dela tinha dado certo. Só falhou uma coisa...

   - O Noah?!

   - Sim, no mês seguinte ela apareceu a dizer que estava grávida e eu já não acreditava em nada que saísse da boca dela. Ainda para mais, o filho podia ser do namorado. Ela disse que ia abortar e que era impossível ser do namorado porque eles preveniam-se. Esperei até ao Noah nascer e fizemos um teste de ADN. Ele era realmente meu filho e eu fiquei com a guarda dele, o que não foi difícil já que o casal maravilha não queria " bebés nojentos e chorões" - palavras deles.

   - Então ela não pode chegar aqui e ficar com a guarda do vosso filho, pois não? - perguntou com um tom desesperado.

   - Não, ela assinou um papel que dizia exatamente isso. - ela Suspirou de alívio e eu acompanhei - a.

   Letícia

   Ao história era bem mais complexa do que eu pensava e nenhuma daquelas famílias merecia passar por tudo aquilo. O roubo, vinganças, mentiras, uma insinuação de aborto,... Tudo era evitado se os avós do Gonçalo não tivessem mentido.

   Confesso que saber que o Noah não pode ser tirado da família que o ama, me relaxou um pouco. E toda esta história, que mais parecia filme de terror, me fez ter um sentimento do qual eu tive medo. Eu senti que precisava de ficar ao lado daqueles dois homens, cuidar deles e ajudá- los caso algo de mal lhes aconteça.

   O Gonçalo mantinha uma expressão neutra e eu queria tirar dele toda aquela tristeza e angústia.

   - Não te sintas culpado de nada. Tal como os teus pais, tu foste também  uma vítima. - Disse lhe depois de também ver culpa nos seus olhos.

   - Se eu não tivesse sido tão burro, os meus pais não teriam perdido tanto dinheiro que tanto lhes custou a ganhar.

   - A culpa é inteiramente dela - evitei o nome dela quem não merece ser mencionado. - E eu tenho tenho a certeza que tu te sentiste na obrigação de ajudar a tornar a Campbell's novamente grande.

   - Essa é uma das razões por eu não querer presidir a empresa. Além de eu adorar ser modelo, não sinto que seria um bom chefe.

   - Tu serias bom em qualquer lugar. - Ele sorriu no meio de tanta tristeza e eu só quis abraçá - lo.

   O Noah começou a chorar e ambos nos levantamos. E antes que saíssemos, eu fiz o que achei que ele precisava: abracei - o. 

   Ele pareceu surpreso com o meu gesto, mas rapidamente me envolveu com os seus grandes e fortes braços. A minha cabeça estava encostada ao seu peito devido à diferença de alturas e eu conseguia ouvir o seu coração bater descompassado. 

   Levantei os olhos depois de algum tempo e agradeci:

   - Obrigada por me contares algo que é tão difícil para ti.

   Ele apenas sorriu e abriu a porta dando me passagem. Seguimos lado a lado até ao quarto do Noah e lá, junto de dois homens maravilhosos eu percebi: Aqui é o meu lugar❤

   Deixem o voto, comentem e desculpem se a história do Gonçalo e da mãe dele ficou um pouco confusa😕

Dedico este capítulo a algumas das minhas fiéis leitoras soficoelho25 SaraFerreira446 CarlosCorreia986 ❤❤❤
   

  

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