23. Reencontro e desabafo

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Letícia

Depois da sugestão do Gonçalo para que a sua mãe viesse connosco, a Sophia correu para fora do quarto deixando-nos sozinhos.

Mas em vez de me sentir envergonhada, como na maioria das vezes me sentia na presença dele, ganhei atitude. Ele estava consideravelmente perto de mim e eu precisei apenas de dar um passo para que os nossos peitos se tocassem.

Eu olhei bem fundo nos olhos deles e agarrei ambas as suas faces e estiquei-me já que ele era muito mais alto do que eu. Toquei levemente os seus lábios com os meus e o olhar dele foi de surpresa. Ele não esperava isso e eu nunca me tinha sentido tão atrevida. Por isso, aproveitei esse meu sentimento e alonguei o beijo.

A conversa antes do almoço tinha sido reconfortante e tinha resolvido a nossa "zanga", mas faltava falar do que realmente significava aquele beijo dado à porta de minha casa.

Tudo parou à nossa volta, ouvia - se a voz da Sophia no andar de baixo, mas isso não nos incomodou. O Bonitão agarrou - me pelas nádegas e eu prendi as pernas à volta da sua cintura. E assim ele carregou - me até à cama onde se sentou comigo enrolada nele.

Uma das suas mãos segurava - me pela nuca enquanto a outra apertava firmemente a minha cintura e os nossos lábios ainda se tocavam desesperadamente.

Eu realmente estava com uma vontade de ser uma mulher de atitude naquele dia, então, quando ouvi os passos apressados da Sophia, levantei - me de rompante do seu colo e ele levantou - se também para me impedir de sair. Tudo o que lhe disse antes de o deixar a reflectir no quarto foi:

- Quando me souberes dizer o que sentes voltamos a repetir. - Eu esperava que ele percebesse rapidamente o que sente, porque eu devia ser a que mais queria repetir aquilo.

Foi uma sensação nova: o beijo calmo que se torna selvagem, os toques onde não era tocada há muito tempo e o nosso olhar. O seu olhar carregado de prazer e desejo e o meu não estaria muito diferente. Tanto eu como ele mantivemos os olhos fechados durante o beijo, para absorver aquele sensação boa, mas ambos nos olhamos de vez em quando para perceber o que o outro estava a sentir.

Elas passavam naquela hora pelo quarto do irmão/filho. Acompanhei a Sophia e a sua mãe até ao quarto da loira, e pelo olhar da mais nova sabia que teria satisfações a dar.

Seria um pouco estranho contar coisas íntimas com o seu irmão a uma adolescente de 15 anos, mas ela tinha uma maturidade enorme, apesar da pouca idade. Além disso, a sua inteligência e compreensão do mundo mais velho era surreal.

Depois de prontas partimos para o Shopping. Não sei onde se meteu a minha atitude, mas se a encontrarem avisem!! Quando entrei dentro do carro, uma vergonha subiu pelo meu corpo demonstrando as minhas agora habituais bochechas rosadas e a minha cara de quem iria evitar o Gonçalo toda a viagem.

Assim foi, a música preenchia o ambiente, mas nenhum dos dois se pronunciou sobre o que quer que fosse. As risadas da Sophia estavam a irritar - me, porque elas estavam literalmente a rir - se da vergonha alheia, sendo que elas ainda me obrigaram a ocupar o lugar do passageiro para que ficasse perto dele.

No momento em que o carro parou em frente à grande fachada do Shopping, eu corri para fora e só parei na porta à espera que elas chegassem até mim.

A Sophia anunciou que iríamos comprar roupa para o baile e eu agradeci por não ter feito nenhum comentário sobre o ocorrido, mas eu sabia que não tardava a chegar.

Já tínhamos estado em três lojas. A dona Eduarda decidiu - se logo na primeira loja. O vestido era comprido e a sua cor era um vermelho berrante com mangas também compridas e largas e um laço para complementar. Apesar da extravagância, aquilo era a cara da dona Eduarda.

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