❤ O café que eu entornei ❤

52. Family Trip

Letícia

A viagem de avião tinha sido incrível. Eu parecia uma criança de tão fascinada que estava quando vi as nuvens. De lá de cima pareciam tão fofas, quase como um algodão doce. O Noah foi o caminho todo bastante quietinho e até adormeceu no colo do pai enquanto víamos Merida, o nosso filme preferido da Disney. Depois eu e o Gonçalo começamos um debate onde ambos concordamos que a igualdade de género ainda não atingiu o equilíbrio necessário em pleno século XXI ao qual se juntou a minha sogra bastante defensora dos direitos femininos.

Apesar de assistirmos a um considerável progresso relativamente aos direitos das mulheres nas últimas décadas, ainda se verifica muita desigualdade em coisas como a disparidade de salários num mesmo emprego, a ausência da figura feminina em cargos em que elas também poderiam atuar, e a mulher ainda é vista como uma "empregada" de casa e o posto de chefe de casa é do homem. Esperemos que esta geração e as próximas sejam capazes de mudar este pensamento onde a mulher é um género ridicularizado e quase qualificado como objeto.

Agora estamos a degustar queijos franceses como entradas na Canada Nacional Tower.

- Vai ser Emma!

- Já disse que não! É Maya! - O Adam e a Sophia discutiam os nomes para o bebé. Já tinham chegado a um acordo caso fosse rapaz. Seria Dylan. Mas a menina estava a suscitar desacordos.

- Porque não dar um nome mais básico? Algum que ambos irão gostar? - o meu sogro, como sempre calmo e racional, tentava apaziguar os ânimos. Não estávamos em nenhuma discussão, mas as hormonas da Sophia faziam com que uma simples conversa se tornasse num grande barraco.

A vista dali de cima era algo de outro mundo. Comentei em como a vista da Times Square seria bonita e os Campbell ficaram surpreendidos por ainda não conhecermos esse tão reconhecido monumento da nossa bela cidade e ficaram de nos levar lá mal voltassemos. Toronto era uma cidade bonita, daquela altitude via-se os prédios altos, o imenso mar, as pessoas atarefadas a caminhar ligeiramente pela rua e outras que caminhavam calmamente em família, sozinhas ou com o amor das suas vidas. A minha mente logo devaneou para o que estariam a pensar cada um deles, cada pessoa que passa por nós todos os dias e que simplesmente é alguém passageiro com quem nunca teremos qualquer tipo de vínculo...

O jantar pedido tinha finalmente chegado e tanto o aspeto como o cheiro eram ótimos. Olhei para o meu prato com umas batatas tostadinhas como eu amo e um grande pedaço de carne que eu usualmente comeria com a mão. Mas eu não queria parecer mal, então fui dando a sopa ao Noah que já se tinha sujado todo por estar tão animado. A minha mãe parecia estar no mesmo dilema que eu em como se deveria comportar na refeição, então estava a distrair o "neto" para que ele comesse tudo. O meu pai estava sem problema algum a comer tranquilamente, mantendo a elegância ao levar o copo de vinho à boca e de seguida limpar a boca de forma chique com o guardanapo que manteve sempre nas pernas. Essa situação fez-me rir juntamente com a minha mãe até vermos o olhar intimidante do meu pai, parando de rir num instante.

Quando finalmente percebi como comeria sem parecer uma miserável, iniciei a minha refeição e prestei atenção à conversa.

- Comprei bilhetes para os Raptors hoje à noite. Quem vem? - Como assim ele ia-me deixar sozinha no nosso primeiro dia de viagem? Não é como se eu tivesse muito interesse em ver um jogo de basquetebol e eu ainda tinha de cuidar do Noah. Além disso, tínhamos planos para todos os outros dias e combinado que hoje seria para descansar.

Olhei-o pedindo explicações e ele devolveu-me um olhar de pesar.

- Desculpa não te ter dito nada, meu anjo. Prometo que te recompenso depois com tudo o que quiseres, mas não consegui deixar passar a oportunidade de ir ver a minha equipa a um preço tão bom. - Não consegui segurar o meu sorriso depois da sua fala com tanta fofura.