GonçaloUm mês e pouco depois...
- Que linda! - a minha mãe tinha o novo membro da família no colo e estava encantada. - Já nos podem dizer o nome?
O Daniel e a Claire trocaram olhares e responderam sorridentes.
- Darcy Caroline. Gostamos de nomes complexos. - o bebé deu um soluço e a nossa atenção virou-se novamente para ela, uma vez que era a sua primeira semana fora do hospital, depois de um mês a ser observada vinte e quatro horas pelos médicos e pais preocupados.
Tanto a Claire como a pequena Darcy foram vigiadas neste pós-parto no hospital e agora já estavam em casa livres da pré-eclâmpsia, para alívio de todos. O Daniel tinha permanecido do lado delas sempre que podia e, no resto do tempo, ficou em minha casa para não estar sozinho e até aproveitou para pedir alguns conselhos paternais.
Neste mês, também o Noah tinha feitos bastantes progressos a nível da fala, já conseguia pedir comida, chamar por nós... e já caminhava quase sem cair.
- Papá! - ele chamou. - Bebé! - ele apontou entusiasmado para a Darcy e depois foi cautelosamente aproximando-se dela. Quando chegou junto da avó, olhou para todos nós e depois tirou a sua chupeta. - Pepeta pala a bebé! - sorri quase emocionado pela sua iniciativa em deixar a chupeta. Fui até ele, peguei-o nos braços e beijei a sua bochecha.
- Muito bem, filho. - parabenizei-o para que ele soubesse que fez uma boa ação. A Letícia vai ficar muito orgulhosa quando souber do feito do pequeno.
Ela já estava a trabalhar na clínica de fisioterapia, então o seu horário tem sido bastante complicado e isso implica estarmos menos tempo com ela. Nota-se o seu olhar de felicidade cada vez que chega a casa, ao fim de um longo dia, e conta alegremente sobre cada paciente que tinha atendido. Por outro lado, vê-se o quão cansada está desta mudança repentina de rotina. Ela tentava sempre ir buscar o Noah à creche e quando não podia ficava desolada, porque sentia que era momentos que estavam a ser perdidos. No outro dia, a minha mãe convidou-nos para o almoço habitual de domingo e ela adormeceu no sofá, sem dar conta. Ela pediu-me desculpas pela "cena" que fez e eu tentei-lhe mostrar que estou orgulhoso dela e da forma como ela lida com tudo e prioriza todos, mesmo que isso signifique uma noite a menos de sono.
Parece que telepatia realmente existe, porque, enquanto pensava nela, o meu telemóvel tocou.
- Olá, meu amor! - saudei-a alegremente.
- Olá, Bonitão! - respondeu no mesmo tom meloso. - Tenho duas horas de pausa, podias vir tomar um café comigo e assim eu via o meu bebezinho.
- Só o bebé lhe interessa, madame Letícia? - perguntei tentando soar magoado.
Ela deu uma risada baixa e suspirou antes de responder num tom mais baixo.
- O pai do bebé também me interessa... - deu uma breve pausa. - ...bastante, mas com ele eu resolvo-me mais logo. - Ela sabia como me deixar envergonhado e ao mesmo tempo desejoso.
Tive de dar uma tosse fingida para que a minha voz não transparecesse a minha volúpia. Já me tinha afastado de todos, mas o pequeno curioso tinha-me acompanhado.
- Tu vais pagar por isso. - sussurrei rapidamente para não chamar a atenção da minha família bisbilhoteira. - Respondendo ao teu convite... até posso ir, mas levo a família às costas. - Ela deu uma gargalhada, provavelmente pensando na desordem e barulheira que seria. - Posso-te garantir duas horas bem passadas, só não prometo que sejam de descanso.
Apesar de ser uma confusão, nós gostamos dos convívios, das crianças a brincar, os mais velhos a rir,... E quanto mais aumenta a família, mais eu sinto que estou no lugar certo. Esta é a minha família e a minha casa.
E, por isso, estamos todos a caminho do café onde conheci o amor da minha vida. E com todos eu quero dizer os meus pais, irmãos, cunhado, família do meu melhor amigo...
- Olá, meu anjo! - beijei-a quando a avistei na mesa junto à janela. O nosso beijo foi cortado pelo Noah que muito rapidamente saltou dos meus braços para os da mãe.
- Mamã, sabias que eu dei a chupeta à Darcy? - a minha irmã fez uma voz de bebé falando pelo sobrinho. A Letícia encheu o pequeno de beijos e este riu bem alto.
- A mamã está muito orgulhosa! O meu bebé já está a ficar um menino grande! - ele ouvia-a atentamente, com as suas mãozinhas pousadas em ambas as faces da loira.
Depois de alguma dificuldade a acomodar todos juntos, lá estávamos na conversa incompreensível devido a demasiadas vozes serem ouvidas ao mesmo tempo. Mas, como pessoas educadas, o empregado chegou e fez-se silêncio.
- Boa tarde, o que vão desejar?
- Café para quase 20! - respondeu o meu pai, levando todos à gargalhada.
Voltei a perder-me nos meus pensamentos depois de observar o retrato mais bonito. Sabem quando nos filmes ou nos livros os personagens estão num momento feliz e um deles simplesmente contempla cada pessoa presente no ambiente e pensa o quanto aquilo o faz sentir bem? Pois bem, na vida real isso também acontece. Estas famílias unidas neste pequeno estabelecimento espalhavam luz e alegria.
Mas o meu olhar parou numa cena específica. A minha mulher segurava o novo bebé da família nos seus braços e mais uma vez me questionei como será o nosso filho? Terá os seus olhos ou os meus? Terá a beleza e bondade da mãe ou será ambicioso e brincalhão como o pai? Ela tinha tanto cuidado com as crianças e eu já não conseguia deixar de pensar nas nossas...
- A pensar em logo à noite, Bonitão? - a sua proximidade repentina fez-me dar um leve pulo com o susto. Dei o meu melhor olhar de safado e ela sorriu envergonhada.
- Mas que pensamento impuros, amor! - falei num tom de acusação, mas com um sorriso de lado. - Por acaso inclui a concretização dos planos de logo à noite. - Não fui direto ao ponto deixando um questionamento na sua mente.
Como uma mulher esperta e como alguém que me conhece muito bem, não demorou muito a que a sua cara de interrogação passasse a sustentar um grande sorriso como se tivesse ganho a lotaria.
- Outra vez essa história de filhos, Gonçalo Campbell? - sorri com o olhar de uma criança inocente depois de ter partido o vaso da avó. - Já deitamos as minhas pílulas ao lixo, que mais queres? - sussurrou, sempre tímida e com medo que alguém ouvisse este tipo de conversas.
Aproximei-me mais do seu ouvido, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. Os meus dedos no seu pescoço causaram-lhe um leve arrepio e fiquei internamente feliz por saber que não era o único ansioso para a noite.
- Falta a parte de treinar! E o teu trabalho não tem deixado realizar essa parte. - o seu sorriso foi desvanecendo e repreendi-me mentalmente por trazer à tona um assunto de que ela não tinha culpa nenhuma.
- Desculpa. Eu sei que o trabalho tem tomado a maior parte do meu tempo e atenção, mas eu juro que estou a tentar dar o meu me... - cortei-a com um beijo nos lábios seguido com um beijo na testa.
- Eu sei. Eu é que tenho de pedir desculpas. Tu consegues ser uma ótima profissional e ainda assim ser a melhor mãe e noiva deste mundo.
O sorriso que eu tanto amo apareceu novamente e ela apreciou o anel no seu dedo.
- Gosto do som dessa palavra e de quando me elogias. - antes que eu pudesse proferir uma palavra sequer ela gritou enquanto ria. - Daniel, acho que a Carol tem um presentinho para ti!
A reação desesperadora do Daniel foi hilariante e ninguém quis perder a cena do recém-papá a mudar a fralda da filha nos bancos traseiros do carro, enquanto tapava o nariz com uma cara de nojo.
O que acharam deste momento família? Estamos quase quase a acabar! 🐧
Beijos da vossa autora 🐇
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❤ O café que eu entornei ❤
Roman d'amourLeticia era uma mulher que todos os dias ia tomar um café a caminho do trabalho. Um dia, ao esbarrar contra alguém, devido à sua pressa, entornou o café num homem com uma beleza que a hipnotizou. Gonçalo é um modelo que ao voltar à sua cidade, Nova...