Letícia
A Sophia tinha pegado no seu salto alto e mandou - se para cima das duas vilãs. Rapidamente eu e o Dominic a agarramos para tentar pará-la, mas aquela grávida é forte!
- Isto é pelo meu irmão! - berrava enquanto espetava o salto fino na cara de ambas. - Esta é pelo meu sobrinho! - cravou o sapato na testa da Anne e ouviu-se um grunhido de dor. Ao mesmo tempo que desejava que ela parasse com medo que afetasse o bebé, eu estava a amar ver que as duas estavam a receber o que mereciam. - E esta por nos infernizarem a vida! - Ela estava a fazer tudo completamente às cegas, tudo por ação da sua raiva e isso podia afetá-la e ao feto.
- Sophia, o bebé sente a tua fúria e podes-te sentir mal. Não posso ver mais ninguém que eu amo num hospital. - supliquei-lhe ao ouvido enquanto a agarrava apelando ao seu lado emocional.
Ela relaxou nos meus braços e parou com a violência. Os seus olhos ainda mostravam raiva e parecia que chamas saíam dos mesmos. Ela deu dois passos para trás ficando ao meu lado, mas não sem antes vociferar:
- Agora vão pagar pelos vossos erros e apodrecer na cadeia.
Antes que a porta do carro se fechasse, a velha Campbell soltou as suas últimas palavras. Sangue escorria pelo seu olho direito, o nariz dela estava parcialmente "rasgado" e a sua cara coberta de maquilhagem, mostrava agora a verdadeira pessoa por trás daquela máscara de falsidade. A Anne não estava muito diferente e a Sophia mostrava-se leve por soltar a sua raiva e ter feito um ótimo trabalho em as desfigurar.
- Já dizia Moriarty, "Todo o conto de fadas precisa de um vilão à moda antiga."
E com isto a porta fechou-se...
O comandante já tinha vindo avisar que iriam entrar bombeiros e agentes na casa, mas eu continuava em estado de transe. Elas tanto quiseram e tanto perderam. Todos os recentes acontecimentos deram-me várias lições. Entre elas, que tu podes fazer todo o mal que te apetecer, mas no final sofrerás todas as consequências. E eu, no fundo, desejo apenas que elas reconheçam que erraram e que mudem depois de aprenderem a lição.
- Salvem o meu filho! - Ouvi uma voz familiar gritar e desviei a minha atenção para o remetente dessa voz. Abri a boca em surpresa ao ver a mãe da Ariel com o Eric nos braços e a minha primeira reação foi correr até ela. Ela parecia sem forças. Como se fosse desfalecer a qualquer momento. Vi os seus olhos fechar lentamente e peguei o Eric agilmente nos meus braços enquanto o marido dela a segurou por trás para que a sua esposa não caísse. Duas macas chegaram de imediato até nós e ouvi-os dizer que ficaria tudo bem e que não aparentava ser mais que uma intoxicação devido à inalação do fumo tanto no caso do pequeno como no da sua mãe.
Dois bombeiros saíram pela porta traseira a segurar alguém pelos ombros. Aproximei-me de ambos para ajudar no que precisassem e, ao chegar mais perto, lágrimas começaram a cair incessantemente. O Gonçalo tinha a cabeça pendente no ombro de um dos bombeiros, uma das suas mãos estava coberta por um pano queimado e as suas roupas estavam completamente sujas.
- O que é que lhe aconteceu? - perguntei aos bombeiros ainda impactada.
- Não sabemos, menina. Ele está inconsciente, mas pode acompanhá-lo na ambulância. - caminhei juntamente com eles até à ambulância que já tinha a maca pronta para o socorrer.
- Pode sentar-se aqui. - a paramédica indicou-me o lugar onde me poderia sentar ficando do lado da maca.
Fiquei atenta a cada procedimento que eles lhe faziam desde lhe rasgarem as roupas a espetarem uma injeção no braço. Aplicaram também gazes na mão onde era possível ver queimaduras. Tinham-se formado bolhas que cobriam quase a totalidade das suas mãos e estas estavam num vermelho vivo que metia demasiada impressão. Quanto mais eu via, mais eu pensava no que aconteceu dentro daquele inferno e pelo que ele passou e se sacrificou, uma vez que a família do Eric apenas estava intoxicada pelo fumo e o meu amor estava queimado, sujo e inconsciente. Eu só rezo para que tudo fique bem. Como se já não bastasse ver o meu bebé a sofrer ainda tenho que ver o mesmo acontecer com o meu namorado.
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❤ O café que eu entornei ❤
RomansaLeticia era uma mulher que todos os dias ia tomar um café a caminho do trabalho. Um dia, ao esbarrar contra alguém, devido à sua pressa, entornou o café num homem com uma beleza que a hipnotizou. Gonçalo é um modelo que ao voltar à sua cidade, Nova...