LetíciaA esta altura já não tinha mais unhas para roer, já me doía o pé de tanto o bater insistentemente no chão, e já não havia água ou chá que me acalmasse. Todos estávamos inquietos e essa angústia aumentava cada vez mais à medida que o tempo passava e nós continuávamos sem qualquer notícia.
Impediram - me de ir com eles buscar o Noah. Segundo os meus sogros, eu estava num elevado nível de stress e seria ainda mais prejudicial para a minha saúde mental ir com eles. Mal eles sabem que ficar aqui e não saber de nada me coloca ainda mais nervosa.
- Respira fundo, Letícia. Vai correr tudo bem. - A Sophia segurava as minhas mãos e tentava reconfortar - me, mas já nada nem ninguém o conseguiria fazer até eu ver o meu bebé e o meu amor comigo.
Eles insistiram que alguém deveria ficar comigo e depois do Adam cochichar algo no ouvido da namorada, ela voluntariou-se para o fazer. Então eu estava no sofá juntamente com a minha cunhada e o Adam verificava o telemóvel a cada dois minutos enquanto caminhava pela sala, controlando o movimento lá fora através das janelas.
- Eu não consigo. - suspirei. - Não saber se o Gonçalo está bem, se realmente entregaram o Noah... Aquelas mulheres são loucas! - olhei-a nos olhos mostrando-lhe o meu desespero.
- Eu também estou muito preocupada. É do meu irmão e sobrinho que falamos. - eu realmente só estava a pensar na minha ansiedade e a esquecer que todos estávamos na mesma situação. - E logo agora que eu não me posso stressar. - sussurrou por fim.
Voltei-me para ela que mirava o chão, mas com um sorriso de lado, incompreendido da minha parte.
- Passa-se alguma coisa que eu não saiba? - o meu rosto mostrava total desconhecimento do que ela falava, com a testa enrugada e as sobrancelhas curvadas.
Ela olhou para trás sorrindo para o namorado que, pela primeira vez, se revelava atento ao nosso diálogo. Ele sorriu-lhe de volta e acenou a cabeça afirmativamente sem trocarem uma única palavra. Sentia-me tão perdida como um peixe fora de água. Finalmente a loira virou-se novamente para mim e abriu a boca para se pronunciar, mas logo uma risada seca a calou. O seu sorriso esvaiou-se e ela levou a sua mão direita à barriga. - Eu estou grávida.
Um silêncio instalou-se naquela sala que estava sempre cheia de vida. Eu estava chocada com essa notícia inesperada, nem sabia como reagir.
- Eu sei que ainda sou nova, e que filho é coisa séria e deve ser planeado, mas foi um descuido... - ela falava desesperada sem parar de falar e gesticulava as mãos desorientadamente. A ausência da minha resposta deve ter feito com que ela pensasse que eu a iria julgar e passar um sermão, mas essa função não era minha. Além de cunhadas somos amigas e o meu dever numa hora destas é apoiar, ficar do lado deles e dizer que estou aqui para tudo o que precisarem. Portanto, antes que ela dissesse mais alguma coisa irrelevante, coloquei a minha mão sobre a sua boca e interrompi-a.
- Tu sabes que vai ser complicado. Tu ainda estás na universidade e o Adam ainda nem trabalha permanentemente. Vocês vão precisar de ajuda financeira e tudo mais. - quis que eles também tivessem noção das dificuldades. Um bebé é uma dádiva, todavia uma grande responsabilidade. - Mas quero que saibam que eu estarei do vosso lado para tudo o que precisarem. E eu sei que talvez a vossa família vá precisar de um tempo para digerir esta revelação, mas eles amam-vos e quem ama cuida. - sorri para ambos e a Sophia já estava emocionada e limpava as lágrimas que caíam acalentada pelo namorado que lhe massajava os ombros. Hormonas a apitar!
- Obrigada por estares comigo nesta fase delicada, Letícia. Eu descobri a semana passada e tem sido tão difícil esconder os meus sentimentos e os sintomas também. É muito bom poder libertar - me contigo. - abraçou-me longamente e senti que ambas precisávamos daquele abraço. - Sei que não é uma hora apropriada para te fazer este pedido, mas eu gostava que tu e o meu irmão fossem padrinhos do bebé. - ela pediu insegura.
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❤ O café que eu entornei ❤
RomanceLeticia era uma mulher que todos os dias ia tomar um café a caminho do trabalho. Um dia, ao esbarrar contra alguém, devido à sua pressa, entornou o café num homem com uma beleza que a hipnotizou. Gonçalo é um modelo que ao voltar à sua cidade, Nova...