15. A arte de Noah

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   Ao sairmos do Shopping, a Sarah e a Martha disseram que tinham de ir embora, então deixei - as nas suas respectivas casas. Já sentia saudades dos nossos tempos juntas!

   Estacionei o carro e tirei o Noah da cadeirinha, este já dormia. Com a mala num ombro, a mala do gordinho noutro, ele ao colo, constatei que não iria conseguir tirar a cadeira e o carrinho. Deixei a mala aberta e estava prestes a abrir a porta quando me chamaram:

   - Letícia! Eu ajudo - te! - Disse a mãe do Gonçalo enquanto caminhava rapidamente até nós.

   Pegou no neto que esfregava os olhinhos depois de se aperceber da presença da avó, pegou numa das malas e segurou na porta enquanto eu ia até ao carro pegar no carrinho e na cadeira. Mais tarde iria buscar o que tinha comprado. Entramos na minha nova casa e eu indiquei o caminho até à cozinha.

   As meninas já tinham arrumado a mesa do pequeno almoço e eu agradeci mentalmente por isso. Pousamos as coisas em cima do balcão e sentamo-nos no sofá branco. O Noah pediu o meu colo e a avó logo o entregou a mim e sorriu ternamente.

   - O meu filho escolheu bem. - comentou enquanto observava o Noah aconchegar se novamente no meu peito.

   - Eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para cuidar deste pequeno. - falei sincera.

   - Eu percebi a troca de olhares entre ti e o meu filho. Não me leves a mal, querida, mas cuida também do meu filho. - pediu como mãe preocupada.

   - Não se preocupe que eu estarei sempre que puder ao lado dos dois. Não lhe quero prometer o que não posso, então garanto lhe apenas que eles já significam muito para mim.

   Ela abraçou me de maneira que não magoasse o Noah e nada mais falamos. Até que ele quebrou o silêncio e começou a chorar desalmadamente. Ambas nos assustamos.

   - Troquei lhe a fralda no Shopping, já dormiu imenso, tomou o leite à relativamente pouco tempo,... O que tens bebé? - Ele ficou a olhar para mim com os olhos arregalados e vermelhos e abraçou me.

   Fiquei comovida com o gesto, mas ao mesmo tempo achei estranho apenas estar carente. Talvez ele quisesse brincar.

   - Ah! - Disse ao me lembrar do que trazia na mala do carro. Coloquei o pequeno no colo da avó e ao virar costas, ele ficou a choramingar. Corri até ao carro, peguei no berço e em todas as compras e entrei novamente. Encostei o berço na parede perto das escadas e levei o que eu realmente queria para perto dos dois. Dei uma girafa de borracha ao Noah que logo a agarrou e meteu à boca, já que também lhe estavam a nascer alguns dentinhos. 

   Peguei na caixa vermelha, e segui as instruções para montar a tela. Foi algo bem prático e logo tinha o "setup de pintor" montado na minha sala. O Noah desceu do colo da dona Eduarda, gatinhou até ao novo brinquedo e rapidamente pegou num pincel e desenhou algo que nós nunca saberíamos decifrar, mas que era algo tão belo aos nossos olhos simplesmente devido ao pintor.

   Eu e a dona Eduarda conversamos de diversos assuntos, incluindo do filho, enquanto o Noah se sujava imenso, mas mais importante era a sua diversão bastante visível. Para espairecer também nos juntamos a ele e fizemos algumas "obras de arte", se é que um sol e uma casa e mais algumas pequenas coisas são consideradas arte!

   Olhei para o relógio que decorava a minha sala e reparei que já eram cinco horas. Em mais ou menos meia hora o Gonçalo chegaria a casa e eu deveria ter o Noah limpinho. Informei a dona Eduarda do que teria de fazer e esta disponibilizou se a me ajudar, já que o marido tinha ido tratar de uns assuntos da empresa e voltaria ao mesmo tempo que o filho.

   Peguei na mala do Noah e nas chaves de ambas as casas e fomos para a casa do meu chefe dar banho ao seu filho. Até que a ajuda da mãe do Gonçalo deu jeito, já que eu ainda não sabia o lugar de tudo e deu para conversarmos mais um pouco.

   Entretanto ouvimos a porta da entrada abrir e fomos de encontro ao Gonçalo. Este parecia cansado, mas logo ficou estupefacto ao notar os meus trajes sujos de tinta. Pousou o blazer e a mala, beijou a bochecha de cada um de nós, incluindo a minha o que me fez corar instantaneamente e perguntou:

   - O que se passou para a menina estar tão suja?

   - Comprei um novo brinquedo para o Noah, mas nós também nos empolgamos com ele e este foi o resultado de uma tarde bem passada. - respondi não me arrependendo de ter sujado a minha roupa ainda nova.

   - Onde está o teu pai? - O Gonçalo pareceu desconfortável e disse:

   - Ele disse que já vinha cá ter.

   - Se calhar eu vou lá buscá - lo.

   - NÃO! - respondeu bem alto e rápido o filho. A mãe estranhou a sua resposta, mas decidiu nada mais dizer. -Hoje vamos jantar todos juntos! Eu cozinho! Ficas também Letícia?

   - Eu não quero incomodar, é um jantar em família e... - Ele interrompeu me.

   - Não incomodas nada, sabes que já fazes parte da família. -sorri envergonhada e a mãe dele concordou.

   -Ok então. - aceitei - Mas eu ajudo a cozinhar. - impus uma condição.

   Ele revirou os olhos e virou costas caminhando para o andar de cima para tomar banho, supus.

   Algum tempo depois o Gonçalo apareceu novamente a correr pelas escadas abaixo e abriu a porta por onde entrou o seu pai logo a seguir. Este carregava um enorme ramo de rosas e entregou as à esposa que sorria com lágrimas nos olhos.

   Ajoelhou se perante a mulher e estendeu uma caixa que continha um colar lindo de diamante. Por momentos pensei na fortuna que aquilo deveria ter custado. Eu teria de vender os meus dois rins.

   - Eu não me esqueci da nossa data. Hoje é o nosso aniversario de casamento. 30 anos! E que venham muitos mais meu amor! - Falou e beijou a de seguida.

   Derreti com aquela declaração de amor e percebi o quanto aquele casal me fazia querer ainda mais amar e ser amada!❤

   Mais um capitulo para vocês meus amores! Marta, minha querida amiga, e a todos que tenham dúvidas,  a Letícia é virgem! 😂😉

  
  

  

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