20. Resolvendo problemas

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Gonçalo

A indiferença dela ao falar para mim enquanto pegava no Noah, tocou - me bem lá no fundo do coração. Eu sabia que eu tinha sido o maior culpado na forma em como ela falou para mim, já que primeiramente fui eu que a tratei com frieza.

Na verdade, eu sabia que ambos éramos uns orgulhosos que não queriam dar o braço a torcer. Parecíamos duas crianças a tentar evitar um assunto realmente importante, só que provavelmente as crianças esqueceriam o assunto e brincariam como se nada se tivesse passado.

Fiquei feliz por ver que ela também estava contente por ter mais uma criança para cuidar. Ela tem talento e gosto por aquilo que faz e isso é bem visível.

Tinha avisado a minha mãe que hoje almoçava em sua casa, e arrependia - me profundamente disso agora, porque tenho a certeza que serei bombardeado de perguntas sobre o sucedido de ontem.

Quando estacionei o meu Mercedes na entrada de minha casa, avistei a loira com os bebés "vigiada" pelo casal. Eles admiravam a dedicação dela com os pequenos. Ela seria uma ótima mãe e os filhos dela seriam muito sortudos.

Caminhei até eles e interrompi o bonito momento:

- Olá novamente! - falei alegre.

O meu tesouro gatinhou desajeitado até mim e eu peguei nele já com saudades. Todos sorriram com a fofura do Noah, excepto ela que continuou a brincar com a sua mais recente bebé. Mais tarde teríamos de falar, agora não queria assustar os nossos vizinhos.

- Estou muito agradecida por ter caído um anjo destes nas nossas vidas. Mesmo na altura certa. - declarou à Monique. - Obrigada Gonçalo por a teres recomendado.

Aquelas palavras podiam ser facilmente minhas, principalmente na parte do "anjo". Já a tinha anteriormente chamado assim e ao ouvir esse apelido, senti que ela ficou afectada, o que de certa forma me deixou contente. Ela sentia pelo menos uma atração por mim, não podia ser apenas eu a sentir aquilo...

- Com certeza. À hora certa, no lugar certo. - concordou o marido. - Acho que o almoço nos espera. São servidos? - convidou gentilmente. 

- Eu vou almoçar a casa dos meus pais. Mas agradeço o convite. - agradeci.

- Eu tenho o almoço pronto em casa. - do pouco tempo que nos conhecemos eu sabia reconhecer que ela estava a mentir por estar envergonhada em aceitar a oferta.

- Sendo assim, até amanhã! - despediram - se.

Acenamos adeus e a Letícia demonstrou o seu carinho ao beijar a bochecha da bebé que sorriu para a babá.

Ela já ia virando costas, mas eu quis acabar logo com aquele mau ambiente. Eu fiquei magoado por ter sido deixado depois de um beijo que eu percebi ser desejado por ambos, apesar de ela não o admitir.

- Letícia, temos de falar. Desculpa se me precipitei ontem, mas eu só queria que soubesses que eu realmente te desejo e tu atraíste - me desde o momento em que derrubaste café em mim. - deitei para fora o que tinha a dizer.

Ela ficou lacrimosa e cabisbaixa, então eu abracei - a por impulso e o Noah fez o mesmo ao perceber que aquela mulher já importante na vida dele chorava.

- Desculpas tenho de pedir eu. Eu não devia ter - te deixado lá e virar costas foi uma completa falta de educação. Eu não sou assim! - afirmou o que eu já sei e está estampado na cara dela a sua bondade. - Eu quis fazer com que eu própria acreditasse que aquilo não era sequer atração. 

- Então tu admites que te sentes atraída tal como eu? - tirei a dúvida já empolgado demais.

- Sim! Claro que sim! - respondeu meio contrariada. - E eu acho errado já sentir tanta afinidade com alguém que conheço há tão pouco tempo. E aí falo de ti, da tua família, do Noah...

- Para de te martirizar com isso! Há coisas que acontecem depressa, outras levam mais tempo, e o facto de te apegares rapidamente a alguém não tem nada de errado. - expliquei com toda a paciência.

- Eu sei. - anuiu deixando cair mais algumas lágrimas pelo seu rosto límpido agora molhado. - Mas eu sou uma mulher cheia de medos e além disso,... - ela parou como se estivesse novamente com medo de falar.

- O que tem? Não precisas de ter medo de falar comigo, meu anjo. Eu não te vou julgar pelo que quer que seja. - assegurei com o objetivo de ela se sentir melhor para falar.

- Eu só dei beijos a dois rapazes na minha vida. E foram ambos na minha adolescência. E eu tenho 21 anos! Deves ter reparado porque eu fui bem desajeitada e nunca tive uma boa experiência de beijos. Ambos me rejeitaram, mas eu senti - me mal quando me apercebi que fiz o mesmo que eles, o que me rendeu uma noite mal dormida. - suspirou depois de liberar tudo o que sentia, pelo menos eu acho. 

Dei um passo em frente para quebrar um pouco a grande distância entre nós, fisicamente eu digo. Desta vez, não a senti tão intimidada, de maneira que ela nem se afastou.

- Eu também tenho os meus medos. Todos temos, e é algo tão natural! E sabes que mais? Conseguiste descobrir um dos meus medos ao mesmo tempo em que descobri um teu.

- Ah sim? - perguntou incerta.

- Ser rejeitado era um dos meus maiores receios. - revelei sem medos (irónico não?) - Mas pior ainda foi não saber exatamente o porquê.

- Desculpa, Gonçalo. Não foi a minha intenção. - E desta vez a iniciativa do abraço veio dela e obviamente que eu aproveitei aquele momento. 

Foi também a primeira vez que ela proferia o meu nome daquela maneira, e só queria que ela me chamasse todo o dia. O meu nome soava suave nos seus lábios e era entoado de forma sexy. 

- Senhorita Müller, lamento interromper o nosso momento,mas temos uma plateia muito interessada na nossa conversa e que me espera para almoçar. - falei depois de perceber a presença da família Campbell coscuvilheira.

- Desculpa e bom almoço. - falou de forma rápida. 

- E a Senhorita vem connosco. - ela ia interpelar mas eu fui mais rápido. - Sem objecções! Foi uma ordem do seu chefe, Senhorita Müller. - aí ela sorriu, talvez pelo seu novo modo de tratamento da minha parte. - E ambos sabemos que não tens nada feito para comer em casa. - sussurrei como se de um segredo se tratasse e ela sorriu travessa.

O Noah tentava descer do meu colo, mas ele não conseguia andar, então de nada lhe valia. A Letícia, apercebendo - se da situação, pediu que eu o colocasse no chão e pegasse na sua pequena mãozinha. Assim fiz e vi que ela pegou na sua outra mão e assim ele foi quase a andar com a nossa ajuda. Talvez a fisioterapia lhe tivesse dado alguns ensinamentos destes e ela estava a aplicá - los da melhor forma e eu seria eternamente grato.

Com aquilo e em muitas outras ocasiões, eu percebi que ela seria um bem essencial no desenvolvimento do Noah. Nem em uma semana,já era visível o crescimento motor principalmente do meu príncipe. Nunca fui muito religioso, mas se os anjos me ouvirem, Obrigada por me terem enviado um dos vossos! Ela é maravilhosa (e vai muito além das aparências)!

Daquele jeito, parecíamos uma família e isso não era a primeira vez que acontecia. Mas eu sei que eu não era o único contente com aquele pensamento. Um dos observadores da fila da frente, já devia ter os seus pensamentos em casamentos e muito mais, porque eu bem conheço a minha mãe. 

E faltava apenas acertar um detalhe, como denominamos agora a nossa relação, Letícia?

Palpites para o que poderá acontecer? Espero que estejam tão ansiosos como eu🙌 E esta é a minha prenda de Natal, é o terceiro dia que publico seguido. Love you, queridos leitores💕Beijos da vossa autora🐇

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