35. A família em primeiro 👪

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Miguel (pai do Gonçalo)

Entrei juntamente com a minha mulher no quarto do meu filho. Ele tinha a perna coberta de gesso, mas ainda assim um sorriso no rosto.

- Estás bem, meu filho? - a Eduarda perguntou muito preocupada. Ela é uma mãe muito Coruja e tornou-se ainda mais depois de ser avó.

Confesso que depois da chegada do Noah sinto - me uma pessoa mais carinhosa e preocupada. Ele foi uma bênção nas nossas vidas!

- Sim, mãe. - riu da preocupação excessiva da figura materna que o analisava a tentar encontrar algo que pudesse indicar que ele não estava bem.

- Pregaste-nos um susto! - comentei.

- Já passou, pai. E se não fosse eu, neste momento podia ser a Letícia no meu lugar em piores condições. - fez uma careta. - Nem quero imaginar.

Letícia. Um nome que nos últimos dias rodava a boca da nossa família sempre pelas boas razões. Ela apareceu do nada e tornou-se tudo, literalmente. Principalmente para o Gonçalo e o pequeno Noah. Ela é uma pessoa muito carinhosa, simpática, e que ama imenso o meu filho e o meu neto, e isso é o que importa. Em pouco tempo conquistou o coração de toda a família e conseguiu que o Noah tivesse avanços significativos em termos de falar e caminhar. Acontecesse o que acontecesse, seríamos eternamente gratos a esta mulher que tanto fez pela nossa família em tão pouco tempo.

- Boa tarde. Vim tratar do paciente. Ia pedir que se retirassem para fazer os curativos. - Aquela enfermeira não me transmitia confiança. Nem à minha mulher, porque o olhar furioso que lhe deu conformou isso.

- De certeza que os curativos que tem de fazer ao meu filho não impedem que nós estejamos aqui. - a voz irritada da Eduarda assustou a enfermeira, mas esta não deixou de apreciar o Gonçalo sem qualquer pudor. - Até porque eu entrei há pouco tempo e de seguida a NAMORADA do seu PACIENTE entrará também, porque estamos em horário de visita. - Não deixou de frisar qual a posição profissional da mulher descarada e que o nosso filho está comprometido. Esta mulher cada vez mais me impressiona!

Uma batida na porta fez virar quatro cabeças. E três delas não gostaram da presença de quem entrava. Helena Morris invadiu o quarto exibindo um sorriso tão falso como a preocupação que demonstrava.

Juntou - se à cama e por momentos houve um duelo de olhares entre ela e a atirada da enfermeira. Basicamente as duas eram uma ameaça para a outra, porque ambas queriam o mesmo homem, mas ele já pertencia a outra bem melhor que as duas juntas.

Nunca gostei da Helena. Sempre soube que ela continuaria do lado da mãe da Eduarda e que isso não acabaria bem. Além de enganar o Gonçalo, conseguiu que ele se apaixonasse, roubar - nos uma fortuna e engravidar dele. Eu amo o meu neto, mas ele nasceu de um relacionamento que não foi verdadeiro. E eu sei que ela não voltou com boas intenções. Então, todos os Campbell e Müller tinham combinado andar de olho para qualquer movimento suspeito daquela mulher.

- O que queres aqui, Helena? Não bastou enganares a minha mulher e ainda vens armar confusão no hospital? - o Gonçalo exaltou - se, mas a minha esposa logo o acalmou, porque ele não se pode stressar.

- Vamos fazer um acordo. - Já não estou a gostar disto. - Tu dás - me uma quantia de dinheiro significativa e eu não apareço novamente na vida de nenhum de vós. - Era uma proposta irrecusável, visto que era uma maneira de ela nunca mais nos chatear.

- Quanto queres? - todos a encaramos à espera da resposta. Entretanto, a enfermeira já tinha deixado o quarto, a melhor coisa que a tinha visto fazer neste pouco tempo.

- 50 mil. - todos abrimos a boca espantados. Esta mulher sabe subornar e bem!

- Eu...Eu não tenho esse dinheiro todo disponível assim de um momento para o outro! - o meu filho gaguejava ainda atordoado com o valor pedido. Ele não podia realmente retirar esse dinheiro da conta de um momento para o outro, mas eu não deixaria que esta mulher nos continuasse a assombrar, ou eu não me chamo Miguel Campbell!

- Eu pago! Mas nem te atrevas a aparecer novamente à nossa frente! - o meu tom ameaçador não a assustou, e ela saiu pelo porta a desfilar como alguém que venceu o que queria.

- PAI! - virei - me para ele. - Tu não podes fazer isso! Os problemas dela são comigo, não posso aceitar que percas tanto dinheiro por minha causa!

- Não te preocupes. Faço de tudo para que ela não vos perturbe mais. E a empresa anda em bons dias depois da parceria com os Müller.

- Obrigada. - agradeceu por fim, aceitando que eu o ajudasse.

Ouvimos gritos exaltados no exterior do quarto e corri até lá. A ex e a atual do Gonçalo discutiam e a Letícia, com o seu tamanho mais pequeno, era empurrada facilmente. Fui tentar parar aquela briga, mas não cheguei a tempo de impedir que a Letícia desse um estalo à Helena (orgulho na minha nora), mas que recebesse em troca um pontapé em cheio na barriga. Ajudei a pequena a levantar - se e a brutamontes foi levada pelos seguranças.

- Estás bem? - perguntei e ela assentiu. 

- Meu anjo, estás bem? Aquela bruxa magoou - te? - A voz do Gonçalo admirou - nos. Graças a Deus, ele não se tinha lembrado de sair sozinho da cama, estava acompanhado pelo médico que anteriormente nos tinha dado as informações acerca do estado do meu filho. Vinha na cadeira de rodas e olhava preocupado para a Letícia.

O amor deste dois fazia - me também feliz. Esta menina foi mesmo um anjo nas nossas vidas e trouxe - nos tanta luz! Agora só precisava de pagar à mãe biológica do Noah, para tudo se resolver e os três serem uma família sem intrusos.

Pela primeira vez há muito tempo, vi o meu filho preocupado com a Letícia e a não se manter no seu canto.

- Pai, mãe, podemos falar? - chamou depois de perceber o meu olhar sobre si.

Seguimos até um canto afastado daquela confusão e a Sophia juntou - se a nós depois do Rafael a chamar.

- Eu tenho depressão! - soltou sem qualquer aviso prévio.

- O quê? Mas tu nunca demonstraste algum sinal disso?? Há quanto tempo? A culpa foi nossa? - a minha esposa bombardeou - o de perguntas e ele colocou a mão no seu ombro para que ela se acalmasse.

- Eu tenho usado o dinheiro da vossa mesada para comprar a medicação. E eu estou cansado. - começou a chorar. - Cansado de agir como se fosse perfeito! Desculpem, mas eu não sou. - todos o abraçamos para lhe dar algum conforto e mostrar que estaremos sempre a seu lado.

É hora de cuidar da família!

Mais um capítulo para vocês! Espero que tenham gostado♡ Beijos da vossa autora🐇

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