❤ O café que eu entornei ❤

2. Desculpe, foi sem querer

     Letícia

   -Mãe, pai! Que susto que me deram!-digo pondo a mão no peito e tentando controlar a minha respiração.

-Desculpa filha. Não era nossa intenção te assustar mas era para te dizer que está na hora de jantar. - desculpa - se e avisa o meu pai.

-Ok. Eu desço já.

Eles assentiram e abandonaram o meu quarto. Enquanto isso, com todo aquele susto, eu já tinha tirado os fones e consequentemente desligado a música.

Desci ensaiando como haveria de lhes dizer que eu vou tornar - me oficialmente independente.
  
   Ao chegar ao fim das escadas avistei os meus pais a conversar alegremente e sorri pensando que apesar de não ter contacto com quase família nenhuma, esta que eu tenho chega e faz - me muito feliz.

   Sento - me e depois de algum tempo em silêncio o meu pai pergunta, parecendo preocupado:

   - Está tudo bem, filha? Estás muito calada, não é costume teu?!

   Percebi que tinha chegado a hora de lhes dizer a verdade. Respirei profundamente e respondi:

   -Pai, mãe, vocês sabiam que logo que eu tivesse dinheiro suficiente iria arranjar uma casa e deixar de estar sobre o vosso sustento. Certo? - eles apenas acenam com a cabeça afirmativamente enquanto me olham atentos - Então....chegou essa hora. Eu arranjei casa, fica perto do meu trabalho e daqui.

   Eles ainda mantinham a expressão séria até que a minha mãe se levanta, dá a volta à mesa e surpreende - me com um abraço que eu logo retribuo.
  
   No fim desse longo abraço vejo o meu pai com a cabeça apoiada nas mãos e cotovelos na mesa. Vou até ele, baixo-me e tento acalmá - lo com as minhas palavras:

   -Pai, eu não te vou fugir. Eu vou ser sempre a tua menininha e venho cá sempre que quiseres.

   - Letícia, promete - me que me ligas todos os dias - Eu assinto e ele dá - me também um abraço - Este velho aqui já não pode com informações dessas. E quando vais?

   - Se possivel, amanhã. Só tenho que levar algumas coisas minhas daqui.

   Depois de uma longa conversa e com a promessa de que lhes ligaria todos os dias, dou Boa noite e subo para o meu quarto.

   Visto um pijama e arrumo algumas coisas que eu pretendo levar para a minha nova casa.

              《________♡♡♡_________》

   Acordo a meio da noite com o barulho insistente do meu telemóvel, vejo que ainda são 3 e meia da manhã. Quem será que me liga a esta hora? Deve ser importante.

   Vejo que é o meu chefe e atendo o mais rápido possível.

   - Boa noite. Passa-se alguma coisa, sr. Wilson? - pergunto preocupada com uma voz ainda sonolenta mas tentando parecer profissional.

   - Boa noite menina Letícia. Desculpe incomodá - la a uma hora destas mas a nossa loja foi assaltada e está tudo de pernas para o ar. Eu diria - lhe que não tem nada com que se preocupar mas receio que terei de despedir todos. Uma grande quantia de dinheiro desapareceu. Olhe, descanse e amanhã às 9 em ponto esteja cá. Boa noite.

   - Boa noite....- respondi ainda estupefacta com aquela informação toda.

   Agora que eu ia mudar de casa é que fico sem emprego. Preciso de ir a essa "reunião" e falar com os meus pais. Mas por agora eu preciso de descansar.

                《________♡♡♡________》

   Acordo de manhã bem cedo, se é que se pode dizer que eu dormi, faço a minha higiene, visto - me e desço. Pouco tempo depois os meus pais aparecem e eu conto - lhes tudo e eles rapidamente dizem que me ajudarão em tudo o que eu precisar e que não será necessário vender a nova casa.

   Saio bem antes das 9 para passar no café, onde ainda está mais movimento. Peço o café para levar (como sempre), e vou para fora do estabelecimento. Ao chegar ao exterior do café, percebo que me esqueci da minha mala. Volto lá dentro, pego na mala e, ao sair novamente, vou distraída com o telemóvel numa mão e o café quente noutra que esbarro em alguém entornando o meu café nessa grande parede de músculos que é muito mais alta que eu.

   - Desculpe, foi sem querer. - desculpo - me rapidamente pelo ocorrido levantando o meu olhar e me deparando com uns olhos verdes lindos.

   - Não faz mal. - responde com uma voz rouca que até me deu arrepios.

   Enquanto eu pego em guardanapos e lhe entrego, somos esmagados com imensas pessoas que estavam no café e presenciaram a cena.

   Eu estava confusa... Porque é que eu estou a ser "atacada" por tanta gente??
   Até que a luzinha se acendeu e eu me lembrei que talvez aquele fosse o modelo que a minha bestie me falou...

   Com um homem destes, haverá muitas mulheres perfeitas atrás dele...
Fiquei ainda com menos entusiasmo para ir ao baile, mas ela não ia deixar que isso acontecesse.