4. Desculpas e amizades

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     Letícia

   Não acredito que fui entornar aquele café, que devia estar delicioso como sempre (que desperdício!!) naquele homem MARAVILHOSO! Alto, corpo musculoso mas nada exagerado e aqueles olhos verdes... levaram - me ao céu. Podia dizer que ele é o homem dos sonhos de todas as mulheres, mas se não era de todas, certamente era o meu!A sério era mesmo, e depois de ligar todos os pontos, descobrir que ele faz parte da família daqueles Campbell que a Julie me tinha falado.

   Ainda estávamos a encarar-nos. Depois de entender que aquele era o irmão para quem a avó procurava um pretendente, só pude deixar as minhas expectativas ir ainda mais para o fundo. QUE ESTÚPIDA!! Que estás tu a pensar? Pareces uma virgem desesperada.

   É, a minha consciência tem razão... É muita areia para o meu camião. Decidida a acabar com aquele momento, pigarriei e disse ainda meio atordoada:

   -Bom, desculpe pela camisa. Se quiser eu posso lavá - la mas eu tenho uma reunião importante para ir e não me posso atrasar.

   Segurei a maçaneta para sair o mais rápido possível, mas antes virei - me para me despedir (seria falta de educação não o fazer) e foi o pior erro que eu cometi. Ao voltar - me para ele, o seu rosto estava muito próximo e ele estava sem camisa. Olhei para as mãos dele que sustentavam aquela peça que devia ter custado o meu rim, e eu apenas toquei na sua mão para me despedir com um aperto. De seguida, agarrei, literalmente, na camisa e dei um sorriso meio forçado. Ao sair, lembrei - me de um pormenor muito importante,  como haveria eu de entregar posteriormente aquilo?

   -Desculpa, como poderei devolver a camisa?

   -Eu vou estar presente no baile dos Campbell's,  não sei se já ouviste?- Não me deu tempo de responder e continuou -Ideias malucas da minha avó que pensa que irei casar com quem ela quiser. -soltou um suspiro de frustração- Um dia, eu irei encontrar a mulher que me dará borboletas na barriga, que me fará sorrir por motivos bobos.... Enfim, está aqui o convite e podes - me entregar a peça de roupa, mas não é assim tão importante,  eu tenho mais, não é por uma que me vou chatear -Sim, querido, eu sei que tens mais, muitas mais...

   Ele entregou - me o convite. Eu agradeci e respondi:

   -Uma amiga minha já me tinha falado e eu prometi que iria, mas obrigado pelo convite. Quanto à camisa,  não te preocupes que não me dá trabalho nenhum. Já agora, permite - me que te diga que eu não sou muito a favor disso!

   - Disso o quê? - inquiriu parecendo confuso.

   -Das pessoas como mães e avós decidirem o nosso futuro e principalmente definir com quem iremos passar o resto da nossa vida, quando por vezes nem há amor. -declarei muito indignada.

   -Eu compreendo a tua ira, mas por muito que eu tente mudar a cabeça da minha avó, ela já não muda. Mas acredita que não deixarei que ela defina a minha vida.

   O silêncio voltou a instalar - se no local e de repente, lembrei - me da reunião. Ao checar as horas, assustei - me.
  
   -EU ESTOU ATRASADA! Não vou conseguir chegar a horas! - virei - me para ele - Adeus, eu entrego isto no baile. Vemo-nos lá!

   Quando ia a sair, APRESSADA (vale ressaltar), ele agarrou - me a mão e falou:

   -Eu posso levar - te. Já vou chegar atrasado de qualquer maneira, e não é incomodo nenhum. Onde queres que te deixe, amiga? -perguntou com ironia batendo no meu ombro

   -Então amigo...-ironizei- Eu tenho de estar presente no meu antigo trabalho precisamente daqui a... 4 minutos- respondi olhando para o relógio

   -Ok. Diz - me a morada.

   Eu disse onde se localizava a clínica e fomos a conversar pelo caminho, parecíamos amigos de longa data. No fim da viagem, agradeci, peguei na camisa e saí a correr devido a já estar 3 minutos atrasada. Quando entrei, todos já estavam presentes e deu - se início à reunião.

   No fim, fiquei sem emprego e ainda tivemos o trabalho de pôr tudo em ordem. Nessa tarde, fui para a minha nova casa e dei início às mudanças. Alguns móveis já estavam lá deixados pelo habitante anterior. Apenas iria deixar os móveis da casa de banho, portanto chamei os camiões que trouxeram os meus móveis e levaram os que eu não queria.

 Apenas iria deixar os móveis da casa de banho, portanto chamei os camiões que trouxeram os meus móveis e levaram os que eu não queria

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   A casa era simples mas luxuosa, mas eu tive - a por mérito meu. Eu tinha juntado muito dinheiro para deixar o teto dos meus pais e ter o meu cantinho.

   Mais tarde, tinha tudo o que podia arrumado e quando me preparava para descansar um pouco, ouvi gritos do lado de fora. Quando saio para ver o que estava a ocorrer, deparo-me com uma mulher com um bebé ao colo, que chorava descontroladamente, totalmente alterada enquanto batia freneticamente na porta da casa ao lado. Quando a louca me viu, praticamente correu até mim e entregou - me o bebé. E tudo o que disse foi:

   -Eu não aguento mais esse bebé birrento. Cuida dele enquanto o pai gostoso dele não chega.... Eu despeço - me.

   E foi embora como se nada tivesse acontecido. E eu fiquei lá, estupefacta com as palavras desconexas daquela mulher e com um bebé ao colo que não parava de chorar.

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