Patrick
Já estamos desistindo de esperar a Sarah para darmos início a reunião, quando as grandes portas da sala de reuniões são abertas e ela entra, como uma tempestade. Está usando óculos escuros, calça jeans folgada e uma jaqueta de couro preta sobre uma camiseta com a palavra "criminal" estampada em tinta que parece sangue e pequenos furos que fazem referências a tiros.
Todos com exceção do Paul e de mim, levantam e a observam em completo silêncio.
Sarah tira os óculos escuros e a jaqueta, depois os atira para sua mais recente assistente, que a acompanhava em pânico. Por fim, senta de qualquer jeito no seu lugar.
- Sempre adorei seu jeitinho sutil. - falo irônico. Com a polícia na nossa cola, andar por aí desse jeito é uma péssima ideia. Só vai chamar mais atenção.
Ela dá de ombros e Paul bufa do outro lado da mesa.
- Está atrasada. - diz ríspido - Sendo quem é nesta empresa, deveria ter mais comprometimento. Mas isso não me surpreende.
- Não deveria mesmo. - ela responde com desprezo, depois olha em volta. Os outros permanecem em silêncio e estão claramente intimidados.
Um sorriso perverso cruza rapidamente os lábios dela.
- Se estou tão atrasada senhores, o que estão esperando para começar essa merda? - diz seca e imediatamente a reunião começa.
(...)
Olho para Sarah e percebo que ela continua com o olhar distante. Ela não participou em nenhum momento da reunião, com exceção das trocas de insultos com o Paul, que já fazem parte da nossa rotina.
Resolvo aproveitar a minha localização privilegiada ao lado dela e apertar sua coxa embaixo da mesa de mogno. Não me surpreendo ao perceber que cada músculo está tenso.
Sorrio um pouco e me aproximo para falar em seu ouvido.
- Nós dois sabemos qual o motivo de todo esse mau humor, Sarah. E sabemos também o quão fácil é de resolver. - digo.
Ela respira fundo e tira a minha mão.
- Estou bem, Patrick. Obrigada.
Rio e volto a minha atenção para reunião.
(...)
Perto do fim das últimas questões levantadas dos sócios, uma das secretárias da Sarah entra às pressas e tensa na sala. Ela fala alguma coisa no ouvido da sua chefe, que parece surpresa e ao mesmo tempo triste ao ouvir e sem dizer uma palavra as duas saem.
Troco olhares questionadores com Paul, mas ele não parece saber do que se trata. Seguimos com o fim da reunião e meia hora depois vou até a sala da Sarah. Não bato antes de entrar, como sempre faço. Sei que a irrita, ou irritava, até ela perceber que por isso mesmo que sempre o faço.
- Saia Patrick! - ela diz de costas para mim. Está na janela, com um copo de água na mão.
- Algo com o que devo me preocupar? - me aproximo da mesa e vejo alguns papéis espalhados sobre ela.
Ela ri sem humor.
- Nada que seja da sua conta, ou de ninguém. - fala de costas, mas percebo que está chorando.
Volto olhar para os papéis e um deles chama minha atenção. Próximo a um cartão de advogado. Não preciso ler muito para deduzir do que se trata.
- Então é isso... - digo mais para mim.
Ela ri de novo.
- Sim, é isso. - fala irônica - Eu sabia que iria acontecer, achava que estava preparada para... Mas... - sua voz some e a ouço fungar um pouco.
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Is it love? Corporation
Fiksi PenggemarSarah tinha um futuro brilhante no império que seu pai construiu ao longo da vida, mas depois de alguns acontecimentos e tragédias familiares, seu mundo quase perfeito desmoronou bem diante de seus olhos. Em meio a tantas mentiras e traições, ela fo...