"Quando o sol bater
Na janela do teu quarto
Lembra e vê
Que o caminho é um só"– Legião urbana
Segunda-feira, quatro e cinquenta da manhã, numa manhã de fevereiro um pouco nublada e o sol ainda não havia nascido. Mas, eu tinha uma passagem só de ida para o Rio de janeiro, me prometendo não voltar tão cedo.
Minha mãe me olhava com lágrimas nos olhos e meu pai mantia as suas feições mais contidas.
A menininha deles estava indo embora, só com uma mala e uma passagem na mão.
Essa era hora da despedida, onde eu fazia a durona e fingia que não estava com uma vontade enorme de chorar.
– Eu seguro a sua mala – Meu pai pegou uma das malas da minha mão, a levando até o carro.
– Vai sentir saudade daqui? – Minha irmã me perguntou com os seus grandes olhos verdes marejados.
– Com toda a certeza – Respondi e ganhei um abraço apertado da mesma.
– Me liga qualquer coisa.
Eu e a minha irmã temos uma relação complicada, mas, isso não quer dizer que não nós damos bem.
Marina e eu temos poucas coisas compatíveis, digamos que, eu não tenho o grande potencial pra ser a garota popular que a mesma foi.
Eu adoro livros e ficar em casa, já ela, adora festas e bebidas.
Marina já teve diversas relações amorosas, enquanto as minhas eram num total de zero pessoas.
Marina é totalmente extrovertida, risonha, comunicativa e humorada. Eu sou o contrário disso tudo.
Vivi dezoito anos na sombra de Marina, num mundo onde eu era conhecida como a "irmã da Marina". Muita das vezes eu me pergunto se as pessoas sabem o meu nome, ou elas simplesmente não fazem questão de saber.
– Eu quero que você leve isso contigo – Minha irmã me entregou uma sacola, fazendo eu franzi as sombracelhas, num ponto de interrogação.
– Esse é o russo – A encarei com espanto.
O russo era ursinho de pelúcia que a Marina tinha ganhado no dia em que ela nasceu, ou seja eu nem era nascida. E desde então ela não desgrudava dessa pelúcia.
Eu passei a minha infância tentando roubar aquele urso, mas, Marina só o largava pra tomar banho. Então tudo desmoronou quando ela me entregou o urso.
Eu agarrei a pelúcia e deixei que as lágrimas invadissem o meu rosto, minha irmã me acompanhou num soluço abafado, nos abraçamos, deixando que as lágrimas falassem por nós.
Marina não morava mais com a gente, ela se mudou tem uns três anos, atualmente ela mora em São Paulo, e visita a gente sempre quando pode.
Ela foi com uma companhia de teatro e desde então, vivia por lá. Atualmente ela cursa a faculdade de artes cênicas.
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Querida Eu!
RomanceQuerida eu. Estamos apaixonada. Algo que nunca sentimos antes E não estamos pronta para isso. Acho que estou louca. É intenso, forte e destrutivo. E de repente é você. Que rompe as minhas barreiras. Que balança a minha vida metódica e me faz questio...