Capítulo 24

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É que eu sou fraco, frágil e estúpido pra falar de amor.



— Imaturo






O dia estava ensolarado, estava tão quente que eu sentia o contato do sol queimar em minhas pele.

Um belo dia pra ir a praia com a galera, eu faria isso se não tivesse uma coletiva de imprensa.

O lugar era aberto, e viriam diversos repórteres, imprensa, jornalista. O Geraldo estava levando a sério a divulgação do nosso primeiro álbum, que ainda não estava pronto.

A gente ainda não tinha gravado todas as músicas, e não estamos entrando num consenso com a gravadora. Eles queriam que gravassemos mais duas músicas da própria gravadora, não teria problema se a música tivesse a ver com a banda.

Era uma música meio melódica, com aqueles refrões bem chiclete que não tem letra nenhuma. Nada haver com a Arpu 4.

Desde da morte da minha mãe que eu tenho tido um bloqueio, eu pegava o meu violão e não saia nada, nem uma palavra, estrofe, só restava a folha em branco.

Eu tentei de todas as maneiras fazer com que esse bloqueio saísse, mas nada adiantava. Eu passei horas encarando o violão e nada.

Matheus me sugeriu que eu voltasse para a minha terapia, que tem anos que eu não frequento. Segundo ele, seria bom eu conversar com alguém.

A questão é que eu fazia terapia desde dos meus treze anos de idade, como eu já disse algumas vezes, eu fui uma criança um pouco complicada.

Foi nessa época que eu comecei a fumar e me meter em confusão. Minha mãe achou melhor me levar a um terapeuta. Milena era o nome dela, uma senhorinha de sessenta e poucos anos, um doce de pessoa, pena que naquela época eu era um idiota e nunca falava a real nas sessões, já que eu sempre ficava em silêncio, ou falava de coisas nada haver.

A minha mãe notou que as sessões não estavam fazendo efeito, então desistiu de vez. A banda me ajudou nesse quesito, eu parei de entrar em confusão, já não odiava o mundo, tanto assim.


Nunca mais falamos sobre o assunto, mas isso me afetou psicologicamente. Toda vez que eu me sinto mal, eu parto pra bebida, ou pras drogas, porque a sensação, a adrenalina na hora é ótima, mas depois que passa é como se o mundo caísse nas minhas costas.

– Tem muitos repórteres lá fora – Yasmin disse, enquanto dava uma espiada no lado de fora do camarim.

Eu gostava da parte em que, a banda era apenas a nossa banda, agora parece que tudo virou um circo. Entrevista onde temos que responder perguntas desnecessárias e cansativas, ou sorrir pra câmera o tempo todo e cantar músicas que às vezes não é do nosso agrado.

Pra falar a verdade eu nunca fui bom em me posicionar pras câmeras, eu nunca sei como agir, como falar ou como me expressar.

Eu só queria fazer shows e tocar as nossas músicas pra um público gigante. Sem essa de fotos, sorrisos falsos, perguntas idiotas, quando na verdade ninguém se importa com que somos de verdade e sim com a nossa música.

Querida Eu!Onde histórias criam vida. Descubra agora