Capítulo 31

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Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou.
Mas tenho muito tempo.
Temos todo tempo do mundo



— Tempos perdidos




30 de outubro seria mais um dia comum em minha vida se não fosse há vinte anos atrás que eu estava chegando ao mundo.

Escorpiano não que para mim isso faça muito sentido, ou mude algo em minha vida.

Mas eu costumava comemorar o meu aniversário nos últimos dois anos arregado de bebida e festas com pessoas que eu não conhecia a metade e provavelmente eu não me lembraria de metade das coisas que eu fiz.

Antes da minha última festa trágica com a minha família, meus pais sempre faziam a mesma rotina de aniversário. Minha mãe me acordava cedo com um bolo preparado pela Tereza em suas mãos, enquanto assumia um coro de parabéns animado.

E o dia seguia normalmente, eu ia pra escola e quando chegava em casa lá estava a minha mãe se empenhando em fazer a melhor decoração com balões coloridos espalhados pela sala.

O Danilo adolescente achava tudo aquilo bizarro e recriminava a minha mãe por ela me trata feito criança, mas eu acabava aceitando e me enchia com o bolo de chocolate da Tereza, que desde de sempre é o meu favorito. Paola tem razão, o meu gosto alimentar é de uma criança de cinco anos.

– Já posso abrir os olhos? – Pergunto a Paola impaciente sentindo a venda sobre os meus olhos.

– Já estamos chegando – A escuto dizer e então ela tira a venda dos meus olhos me dando a visão do pequeno piquinique que ela armou no lago. – Você gostou? – Ela perguntou insegura. – Você não gostou né, eu sabia.

– Não Paola, é exatamente disso que eu precisava.

– Um piquinique – Ela me olha desconfiada.

– Não, um pouco de paz.

Comemorar o meu aniversário sempre foi entediante, meu pai sempre convidava os seus amigos e por ser o meu aniversário ele pelo menos me deixava convidar os meus amigos e passávamos a noite inteira escutando uma playlist de rocks clássicos no fone durante a noite inteira.

E foi assim durante alguns anos.

– Que música é essa? – Paola pergunta curiosa depois de eu ceder o lado direito do meu fone para ela.

– Hum, essa é a minha favorita. – Digo a ela que apenas me encara. – Eu não acredito que você não conheça. – Ela apenas dar de ombros.

– Eu te disse que não escuto rock nacional e deles eu só conheço pais e filhos.

– Senta aqui – Peço para ela se juntar a mim e então se deita do meu lado por cima do pano. – Nessa música, o que ele quis dizer, é que todas as experiências são válidas e podem contribuir para o nosso crescimento pessoal.  Nada do que você viveu foi tempo perdido, nem os seus medos, suas angústias afinal todos temos o nosso próprio tempo.

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