Capítulo 8

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Eu não tenho olhos de cigana e muito menos sou dissimulada. Oblíqua assim como Dom casmurro eu não sei o que é.

– Ferreira, Paola.


Eu não tive uma reação ágil quando senti os lábios do Danilo tocando os meus, não foi como se eu esperasse que isso aconteceria algum dia.

Posso culpar as estrelas que estavam linda aquela noite, ou o vento que soprava em nossos ouvidos, ou o seu hálito que tinha gosto de menta.

Eu estava morrendo de medo há alguns minutos atrás, parece que eu esqueci do mundo com um simples beijo.

Aquilo parecia errado e certo ao mesmo tempo, a frequência em que nossas respirações se misturavam junto com o vento, as suas mãos em meus cabelos, o seu perfume que invadia as minhas narinas, ou a cada entrelace que as nossas línguas davam as minhas pernas ficavam trêmulas.

E assim que perdemos o fôlego, ele segurou o meu rosto e sorriu. Um sorriso safado, de uma criança que tinha acabado de fazer arte.

– Por que você fez isso? – Foi a primeira coisa que eu consegui dizer.

– Porque eu quis e você também. – Respondeu com uma resposta simples e certeira.

Assim que descemos da roda gigante, eu podia sentir as minhas bochechas queimando. Minhas pernas ainda estavam trêmulas, e eu o encarei ele parecia intacto como se nada tivesse acontecido.

Eu estava preocupado com vocês – Matheus disse assim que nos encontrou na descida do brinquedo. – Eu pedi pro cara parar só uns cinco minutos, mas ele exagerou – Matheus explicou e eu e o Danilo o encaramos querendo explicações.

– Você pediu pro cara parar aquela porra – Danilo se alterou – Você é louco.

– Ei, eu achei que vocês gostariam de ficar mais tempo, afinal foi a primeira vez da Paola no parque.

– Eu te conheço Matheus, conta outra.

– Vocês dois são burro demais pra entender o que está acontecendo aqui, mas vejo que o tempo lá em cima ajudou um pouco.

Deixei os dois discutindo pra lá e fui procurar a Isabella. Será que eu deveria contar pra ela? Eu acho que não, absolutamente o beijo com o Danilo não foi nada demais e eu não sei do porquê que estou entrando em parafusos com isso.

Continuei andando e procurando a minha amiga que eu não a via desde da hora do show. Pensando bem, Gustavo e André também sumiram, talvez eles tenham indo pra algum lugar mais afastado ou estivessem em algum brinquedo.

Então eu os vi, perto da barraquinha de tiro ao alvo, e longe o suficiente da muvuca.

André e Isabella estavam lá, perto o suficiente com a capacidade de fazer o meu coração se quebrar em um milhões de pedaços.

Os dois estavam num beijo envolvente e tão envolvente que nem percebiam o mundo em sua volta.

Respirei fundo, fundo demais que logo senti a minha visão ficar encharcada por conta das lágrimas que já queriam sair dos meus olhos.

Querida Eu!Onde histórias criam vida. Descubra agora