Capítulo 34

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Quem é você
Que habita o meu corpo e não há nada a mais que uma alma perdida?

— ARPU 4

O barulho da caneta em contato com a folha era tudo que eu conseguia ouvir, além dos longos suspiros pesados de minha irmã, que tinha impaciência nas suas feições, fora que o seu pé mantia um ritmo desesperada enquanto balançavam de maneira inquieta.

Me arrependo de ter vindo a essa consulta, no exato momento que a terapeuta Denise, nos olha de maneira acusadora, já que ninguém fala nada. Seus olhos vão para mim, meu pai e minha irmã e assim sucessivamente.

Seus rosto se torce numa careta, quando ela se depara com as suas anotações completamente em branco. Provavelmente ela está pensando no tempo que está perdendo aqui sentada.

Ela não deveria reclamar, afinal no fim dessa secção era o nosso dinheiro que chegaria na sua conta, pra ser mais específico, o dinheiro sairia da carteira do meu pai, já que eu não fazia a mínima questão de estar aqui.

Eu fui convencido através de chantagem emocional que a minha irmã fazia, e acredito que o meu pai também estava pelo mesmo motivo. Isabella sabia ser bem persuasiva quando queria.

– Então vocês não tem nada a dizer – Denise divide os olhares para nós três.

– Bom já que nenhum dos dois começam – Minha irmã quebrou o silêncio. – Denise por mais que não pareça, nós somos uma família. Uma família quebrada, cheia de cacos, cicatrizes difíceis de curar. Mas isso não é impossível, eu creio. – Minha irmã respira fundo, enquanto mantém o olhar em mim e no meu pai. – Eu me sinto particularmente sozinha sempre, enquanto os dois estão ocupados demais brigando.

– Se eu soubesse que isso seria uma reunião sobre você, eu teria ficado em casa, aliás esse é o meu único dia da semana que eu estou de folga – Resmungo em voz alta.

– Me desculpa se a sua vida de astro do rock é mais importante do que isso tudo  – Minha irmã retruca.

– Seu irmão é egoísta Isabella, você já deveria saber disso – Meu pai responde em tom deboche.

– O problema pai é que ela sabe que você morreu pra mim, a partir do momento que você me impediu de entrar na sua casa, ou quando você me desmereceu, mais de uma vez. – Respondo irritado.

– Eu só queria o seu bem. – Ele se defende.

– Ah jura? Em que parte? Quando me chamava de fracassado.

– Você nunca me escutou. Nunca.

– Eu nem deveria, talvez se você não tivesse agido feito um idiota a sua vida inteira com a mamãe, ela estaria viva.

– Ah, então você me culpa? – Meu pai pergunta gritando – A sua mãe estava passando por uma depressão, seu garoto tolo. Eu não isento a minha culpa da situação, eu fui um péssimo marido, um péssimo pai, eu sei disso. Mas eu estou tentando mudar, e não fico agindo feito um egoísta igual a você, que sempre enfrenta os seus problemas se enfiando em bebidas e garotas.

– Talvez isso tudo seja culpa sua.

– Ah para, você já tem vinte anos, já tem idade o suficiente para saber o que é certo ou errado. Não me culpe pelas suas atitudes.

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