Capítulo 30

34 6 0
                                    

Bom dia querida eu!
Bom dia pra vocês também, afinal temos passado bastante tempo juntos.
Tanto tempo que vocês me perguntam quem sou eu de verdade.
Eu acho engraçado a maneira de como vocês me imaginam, uma garota forte, de cabelos cacheados, que usa um forte batom vermelho e super segura de si.
Infelizmente eu não sou nenhuma delas e sim a que senta na frente e anota toda a aula, a que não consegue falar em público e cagueja na maioria das apresentações de seminário, a que discuti por décimos, a que quase não levanta o dedo na aula e a que vocês talvez nem notaram a presença.
Vocês provavelmente já me viram andando pelos campus da universidade e mesmo assim jamais imaginariam que eu seria a dona dos textos motivacionais, a pessoa que encoraja vocês a seguirem os seus sonhos, quando na verdade a única coisa que eu faço é correr dos meus.
É mais fácil se esconder atrás de um personagem e não encarar os meus desafios de frente e isso tudo se chama insegurança.
A insegurança é o pior inimigo de uma pessoa, pois ela entra em seus pensamentos e te diz sempre o que você não precisa escutar. Você se sente inferior, e tudo o que faz parece não ser certo ou bom. A insegurança é o medo, insatisfação, pessimismo, incertezas, dúvidas e a desvalorização de si mesmo.

— Capitu 💋

Fazia alguns meses que eu escrevo com um codinome Capitu. A página querida eu, já contava com mais de 700 curtidas, fora os compartilhamentos.

Acontece que desde de quando eu comecei a escrever, as pessoas se questionam quem é a menina por trás desse codinome. Muita das vezes eu me sentia mal por estar ajudando todos a se resolverem com os seus próprios conflitos, quando na verdade eu não consigo encarar os meus.

Eu recebia vários comentários de agradecimento e me sentia uma hipócrita, porque eu conseguia fazer as pessoas se sentirem bem e quando se tratava de mim, eu só me colocava pra baixo.

Eu não culpo os meus pais porque eles me deram uma ótima criação e fizeram o melhor por mim e muito menos a minha irmã, mesmo que ela goste de ser o centro das atenções.

Mas você nunca parece ser boa o suficiente quando você admira demais o mundo a sua volta.

Minha irmã atua desde dos cinco anos de idade. Meu pai e minha vó são donos de um restaurante com o suor dos seus esforços. Minha mãe luta para salvar a vida de pessoas todos os dias. Eu passei a admirar essas pessoas que esqueci de mim.

A minha família sempre me encorajou e quando eu recitei a minha primeira poesia, que foi escrita no dias dos pais, meu pai aplaudia como se tivesse diante da própria Clarice Lispector. O texto era bobo, dizia papai você é o meu herói e eu te amo de montão, e o resto eu nem lembro. Mas a minha família sempre esteve pronta pra me aplaudir.

A gente nunca leva em consideração os milhares de comentários positivos, mas sim sempre um negativo.

O ensino médio foi o pior ano da minha vida, foi lá aonde tudo começou.

Eu sempre participava de concursos literários que tinham na minha escola, e sempre ganhava medalhas, era aluna nota dez em português e literatura.

Mas quando você é notada, isso também atrai alguns olhares de pessoas maldosas para você.

Foi no primeiro ano, que uma menina da minha sala me parou na porta do banheiro e riu dos meus textos. Além dos apelidos maldosos que ela e o seu grupinho acabaram fazendo, nerd esquisitona, baleia, saco de bosta e entre outros. E foi o bastante para que toda a escola também me apelidasse.

Querida Eu!Onde histórias criam vida. Descubra agora