Capítulo 9

55 2 0
                                    

"Não posso voltar para o ontem, porque lá eu era outra pessoa."

— Alice no país das maravilhas.







Acordei com a sensação de não ter dormido nada, sem falar que o meu corpo estava inteiramente exausto.

Meu despertador já havia tocado, antes mesmo de eu terminar um sonho esquisito que eu estava tendo.

No sonho, eu estava sendo puxada para um buraco que me levava para outra dimensão, uma dimensão totalmente paralela. Me lembro de um jardim cobertos por girassóis e pássaros cantando por todo o canto. Eu sentia os meus pés na grama, e o aroma das flores que invadiam o ambiente. Eu não sei o exato momento em que comecei a correr e correr, e acabei recitando um poema de Clarice Lispector, que eu não lembro dele inteiro, mas me recordo dessa parte em específico. "Seja o que quer ser, porque você possui apenas uma vida". E depois disso eu acordei.

Eu não tenho tido muito sonhos, porque a única coisa que eu faço quando chego em casa, é só deitar e dormir. Os sonhos eu deixo pra depois.

Eu tento engolir a torrada com geleia o mais rápido possível. Assopro o café antes de o beberiscar.

Eu já estava um pouco atrasada, então nem deu tempo de me despedir da Isabella antes de sair.

O negócio era que eu estava exausta, ontem o dia foi cansativo na lanchonete, agora com as voltas aulas definitiva, aquela lanchonete enchia, fora os pessoal que passava por lá depois do trabalho.

Durante essa semana, eu só tinha tempo de chegar e dormir e eu nem conseguia falar com a minha família de tão corrida que estava essa semana.

– Bom dia – André disse arrastando a cadeira para que eu me sentasse do seu lado – Já leu isso? – Ele perguntou me mostrando um texto e eu quase tive um treco, quando notei do que se tratava. – Eu achei a sua cara, depois você lê, essa garota é incrível.

– Quantas pessoas já leram isso? – Perguntei incrédula vendo que era o mesmo texto que tinha escrito ontem.

– Tem as curtidas aqui embaixo, olha... Quase trezentas – Quase trezentas pessoas já tinham lido o meu texto, como assim? Inacreditável que as pessoas estavam realmente lendo e compartilhando isso. – As pessoas não param de comentar sobre isso, é sério você precisa ler.

Eu não poderia deixar que as pessoas simplesmente descobrissem que sou eu quem escrevo esse texto, então enquanto a aula passava e as pessoas continuavam a falar sobre a Capitu, eu fingia que não sabia de nada ou simplesmente tentava.

No final das aulas, eu fui até a sala dos professores atrás da professora Sônia, que por minha sorte estava sentada, comendo alguns pedaços sortidos de maçã que havia no seu pratinho. Ela parou de comer, assim que me viu entrando na sala feito um furacão.

– Belo texto – Ela abriu um sorriso cínico.

– Você me disse que ninguém mais abria a página de leitura – Resmunguei, fechando a porta, deixando que só nós duas.

– E era, por algum motivo as pessoas resolveram ir até lá.

– Eu não posso voltar escrever, eu achei que ninguém estava vendo ou lendo.

Querida Eu!Onde histórias criam vida. Descubra agora